• agosto •

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Cada músculo do meu corpo latejava com qualquer movimento que eu fizesse, o cansaço tomou posse de mim como um vírus e, àquela altura, percebi que ficar até a madrugada dançando no festival tendo um vôo no dia seguinte não fora a decisão mais apropriada. Eu havia dormido menos de cinco horas até termos que entregar o apartamento e ir para o aeroporto.

Raissa e eu nos despedimos das meninas na noite anterior, sendo assim, apenas Josh e Any foram nos buscar e levar até o LAX. Eles pareceram receosos ao me ver, embora tenham tentado disfarçar, eu sabia que havia um motivo.

Noah Urrea.

Depois de eu ter jogado suas palavras para o fundo da minha mente, aproveitei o restante da noite da maneira que pude, ignorando sua frieza e distância. Era o meu último dia em Los Angeles e nada, nem mesmo Noah, ia transformá-lo em algo ruim. Quando voltamos para a cidade, ele entregou as chaves do carro à Josh e dormiu durante todo o trajeto, evitando qualquer tipo de diálogo entre nós. Eu não reclamei, de todo modo. Não me sentia confortável para conversar com ele.

Porém, no dia seguinte, a caminho do aeroporto, eu me dei conta de que aquilo realmente estava acontecendo. Após duas semanas juntos, eu ia embora sem falar com ele, como se não tivesse significado nada. Any me disse que quando eles acordaram o americano não estava mais em casa e seu celular se encontrava desligado. Eu me preocupei desde o primeiro instante, porém, não poderia perder o meu vôo para esperar por notícias.

Conforme o tempo passava, a tensão se propagava no ar do saguão, as meninas me encaravam apreensivas enquanto Josh caminhava de um lado para o outro com o celular grudado ao ouvido e, assim que os alto falantes do aeroporto anunciaram o meu vôo, elas se levantaram rapidamente das poltronas.

- Eu vou indo. - falei, lançando um olhar aos portões de embarque.

- Ju, espera mais um pouco... - Josh pediu, dando-me um sorriso fraco. Sua intenção estava implícita na frase, ele tinha alguma esperança de que seu amigo chegasse.

- Eu tenho certeza que ele vem, deve ter acontecido alguma coisa. - Raissa disse, como se lesse os meus pensamentos. O vôo dela para São Paulo sairia apenas em três horas, o que a deixava mais tranquila. - Ele não falou nada pra você? - indagou, referindo-se ao canadense, que negou com a cabeça.

- Eu vou matar o Noah. - Any rosnou, batendo o pé no chão de maneira impaciente. - É estranho ele não ter avisado nada...

Concordei em um aceno e, novamente, a pontada de preocupação se apertou em meu peito. Eu rezava mentalmente para que ele estivesse bem e, no fundo, que aparecesse para nos despedirmos decentemente.

- Ele mandou uma mensagem. - Josh avisou, nos fazendo dar total atenção à ele. O loiro franziu a testa ao ler a tela de seu celular e ergueu um olhar entristecido até mim. - Ele está em casa e... Disse que não vem.

Engoli o seco, desviando o olhar para as minhas malas.

- Então eu já vou. - murmurei, sentindo a minha voz falhar devido ao nó em minha garganta. Respirei fortemente e os abracei, agradecendo pelas férias incríveis.

- Manda mensagem assim que o avião pousar, ok? - Any pediu, com os braços ainda presos ao meu corpo.

Assenti e me afastei, caminhando para a área de embarque. Virei o rosto e olhei para trás a última vez, confirmando o que eu já sabia. Ele realmente não viria.

ℓυcкy sταr  ☆  Noah UrreaOnde histórias criam vida. Descubra agora