A grande porta de madeira branca estava na sua frente. A sensação horrenda de bater naquela porta era devastadora. Mary estava nervosa e com raiva. Tudo o que queria era voltar para New York. Rever seus alunos e seus amigos, que teve que deixar para trás.
A porta de madeira faz um barulho absurdo e assustador quando se abre. Marta atende a porta.— Você chegou.
A mulher olha Mary de cima a baixo. Sempre fazia isso. Era repugnante e desnecessário.— Sim. Me queria aqui. Agora estou aqui.— Mary fala com um sorriso irônico. A garota desejava mais que tudo arrancar os lindos cabelos loiros da cabeça da mãe. Porém estava se controlando.
— Entre. Precisamos começar os preparativos.— Marta fala, abrindo espaço para que Mary passe. A garota entra, e observa a mansão.
A casa era extraordinária, Imensa e rústica, porém, cheia de péssimas lembranças. Mary e Marta sobem as escadas do segundo andar e no caminho, Mary esbarra com várias outras bruxas que moravam ali.
A casa era uma espécie de abrigo para bruxas. Todas, que não tinham suas próprias famílias, moravam ali. Porém as que tinham, visitavam o lugar para encontros semanais importantes, para discutir interesses iguais. E quem mandava em todas elas, era Marta. Porém em poucas horas, seria Mary.
A tradição era assim. O bruxo ou a bruxa que estiver no comando, deve abandonar o posto aos cinquenta anos. Porém, deverá ter um herdeiro ou herdeira, igualmente bruxo, até completar trinta anos. E então, seu herdeiro assumirá seu lugar, no comando das bruxas de New Orleans.
Foram séculos nesta mesma tradição. O pai de Marta era o bruxo líder, e sua mãe a anterior. Tudo organizado e tradicional. Marta havia somente dado a luz a Mary, portando o peso, e a responsabilidade de se tornar a nova comandante, ficaria com ela.
Mary é guiada até um quarto enorme, do qual ela já havia notado que não pertencia a ela.
— O que aconteceu com meu antigo quarto?— Mary pergunta, adentrando o novo quarto. Era enorme e possuía móveis bonitos e antigos, a cama era igualmente grande.
— Não pertence mais a você. Esse é um quarto de uma líder. Vai ficar aqui.— Marta fala, curta e objetiva como sempre. Mary dá de ombros e se senta na cama enorme.
— Quando vai acontecer?— Mary pergunta, voltando a encarar a mãe.
— Amanhã. A cerimônia será no começo do dia. Portanto esteja preparada.
Mary termina e em seguida dá as costas para a filha, pronta para deixar o quarto. Porém Mary se levanta repentinamente.— Está cometendo um erro.
— O que disse?— Marta pergunta, incrédula ao ouvir o tom de voz duro da filha. Um tom desafiador.
— Eu disse que está cometendo um erro. E sabe disso.— Mary fala nervosa e se aproxima da mãe que continua a encara-la com nojo e desdém.
— Sim. Sei que é um erro colocar você no comando. Portanto não tenho escolha. As bruxas antepassadas, fizeram essas malditas regras, porque pensaram que bruxas jovens, com ideias novas, deveriam ocupar a liderança. E velhas, como eu. Deveriam morrer com seus pensamentos inúteis e conservadores.— Marta fala com raiva, Mary se encolhe por um instante, porém novamente, abre aquele mesmo olhar desafiador e encara a mãe, profundamente.
— Estavam certas. Porém não sou a melhor escolha.
— Exatamente. Mas não tive outro filho, tive?— Marta fala com ironia e abre um sorriso sombrio.— Você é minha maior decepção. Deve ter puxado os genes ruins do bastardo do seu pai.— Marta fala e finalmente sai do quarto, deixando Mary com uma raiva ainda mais forte do que antes.
Desprezível. Marta era desprezível e uma péssima mãe. Como alguém diz para sua própria filha que ela é uma decepção? É um absurdo. Um maldito absurdo.
Mary estava nervosa, sua respiração irregular e seu corpo estava suado e trêmulo. Ódio. Sempre sentira tanto ódio. Sua mãe não estava certa. Mary seria uma boa líder. Ela aprenderia a comandar as bruxas. Tudo daria certo.
Andando de um lado ao outro Mary subitamente encara uma garrava de vidro com água, próxima de sua cama, e com sua magia, ela levanta uma das mãos e explode a garrafa e os copos em volta. Tão nervosa, ela estava tão nervosa.
Lágrimas de raiva começam a cair de seus olhos castanhos. Mary então, cansada demais, se joga na enorme cama e fecha os olhos ainda explodindo em lágrimas. Minutos depois, a garota adormece.
No dia seguinte, a claridade da janela acorda Mary. A garota se levanta e é surpreendida por batidas na porta de seu novo quarto.
— Senhorita Smith? Vim trazer seu café da manhã e suas roupas.
Mary rapidamente se levanta e percebe como dormiu com a mesma roupa do dia anterior. Ela encontra um roupão pendurado em um gancho na porta e veste. Em seguida abre a porta e observa a faxineira sorridente.— Entre por favor.— Mary fala gentil e se dá conta de como sua cara deve estar amassada.
— Sou Rosalinde. Mas me chame de Rose. Vim ajudá-la a se vestir para a cerimônia.— Rose fala e coloca a bandeja de café na mesinha ao lado da cama.
— Bom dia Rose. Agradeço que queira me ajudar, porém posso me vestir sozinha.— Mary fala, tentando parecer o mais simpática possível. A noite não foi das melhores, e o que ela não precisava agora, era ser lembrada de que em poucos minutos, se tornaria uma líder de dezenas de bruxas.
— Tudo bem, se precisar é só chamar.— Rose fala tímida, e em seguida saí do quarto.
Mary encara o café da manhã farto na mesinha, e o vestido deixado em sua cama. Ela observa os detalhes do vestido admirada. Era óbvio que Marta escolheria até o vestido de sua cerimônia.
Minutos depois, Mary já tendo terminado seu café e se arrumado para cerimônia, a garota desce as escadas até o salão principal. Era enorme e estava repleto de bruxos e bruxas ansiosos por encontrar sua próxima líder.
Mary cumprimenta a todos e vai até o grande palco montado para a cerimônia. Uma cadeira, parecida com uma espécie de trono, residia no meio do palco. Mary se senta e encara sua mãe, de pé ao lado. Todos a observam.
— Minhas irmãs e meus irmãos. Agradeço a todos pelo comparecimento nessa tão esperada cerimônia. No dia de hoje, eu completo meus cinquenta anos, e percebo...que já é meu tempo de descansar. Por isso, minha filha Mary Elizabeth Smith, assumirá meu lugar, e vai lhes liderar com muita dedicação, assim como a ensinei por toda a sua vida.— Marta fala com seriedade e firmeza. Mary observa a multidão de pessoas no espaço amplo e em seguida se levanta.
Conforme a cerimônia é feita. O sangue da bruxa líder deve ser derramado. Como um símbolo de que a nova líder, derramaria seu próprio sangue, em favor de seus bruxos.
Então, Marta se aproxima com uma faca, e Mary estende sua mão. A faca corta a palma de sua mão, fazendo senti-la um ardor terrível. Em seguida o sangue goteja no chão do lugar e então Mary volta a encarar os bruxos.
— Eu, Mary Elizabeth Smith. Prometo com meu sangue, amar e protejer todos os bruxos de New Orleans, até que meus cinquenta anos cheguem, e meu herdeiro assuma meu lugar.— Mary termina de falar as palavras e em seguida sons altos de gritos alegres ecoam pelo salão.
— VIVA MARY!
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The Alliance (SENDO REESCRITA)
VampireMary é uma bruxa muito poderosa que está prestes a se tornar a mais nova líder de todas as bruxas de New Orleans. Mas para continuar no poder ela precisa manter a paz entre vampiros e bruxas e ter um herdeiro para assumir o poder depois dela, e iss...