Desejo Inevitável - Degustação

Capítulo 1

Arthur

— Você já vai?

A voz da Bianca soa decepcionada, como sempre.

— Sim, eu tenho horário e você sabe, aliás já estou atrasado. — Falo enquanto vou até o banheiro. Ela me segue, enrolada em um lençol. 

Entro no box, preciso tirar o cheiro de sexo que parece estar impregnado em mim.

— Você é um grosso as vezes, sabia? Podia ser um pouco mais carinhoso as vezes, estamos nisso já tem algum tempo, Arthur.

Respiro fundo antes de responder.

— Tivemos essa conversa mais vezes do que eu gostaria, esse é o meu jeito, ninguém está te obrigando a ficar.

Era sempre assim. Bianca era o meu caso mais longo, quase dois anos. Não éramos exclusivos, mas ela era a presença mais frequente em minha cama.

Mas agora, com o passar do tempo, as cobranças estão vindo, e ela cada dia mais deixa transparecer que o que temos não está sendo o suficiente.

—Meu Deus! Posso pelo menos ir no casamento com você? — Insiste.

Hoje é o casamento da minha irmã, e eu como padrinho, já estava mais do atrasado.

A verdade é que meu cronograma estava indo bem, até Bianca aparecer, então digamos que passei a tarde um pouco ocupado, e agora meu horário estava incrivelmente apertado.

Perdi a noção da hora.

Julia vai me matar!

— Não, talvez depois da festa eu vá para sua casa. — Informo.

Não quero dar esperanças infundadas para ela. Bianca é uma boa pessoa, só não é a minha pessoa certa.

Já encontrei "a minha pessoa", e a perdi por um erro tolo.

Encaro os olhos claros e magoados de Bianca, seus cabelos loiros estão bagunçados, sua pele clara ainda avermelhada por tudo que fizemos há alguns minutos.

A verdade é que ela me lembra quem eu realmente quero, sua presença de certa forma me conforta.

Isso é uma merda, eu sei.

—Isso nunca vai mudar, não é? Vou ser somente sua transa garantida para sempre. — Constata.

— Nós vamos realmente discutir sobre isso de novo? E tem que ser hoje? Estou atrasado!

Desligo o chuveiro e pego uma toalha.

Ela respira fundo, abre a boca como se fosse falar algo, mas acaba desistindo, se vira e sai, eu a sigo de volta ao quarto e pego minha roupa que está separada.

Bianca não fala mais nada, apenas recolhe suas roupas e se tranca no banheiro enquanto eu me arrumo.

Encaro o relógio, estou muito ferrado.

— Vamos, Bianca? — Falo apressado entrando no banheiro da onde ela parece não querer sair.

— Sim, vamos — fala enquanto passa um batom vermelho.

Ela me encara através do espelho e solto um suspiro frustrado.

— Me desculpa, sei que não sou a pessoa que você precisa, mas sempre fui sincero sobre o que você pode esperar de mim. Não é muito, mas é tudo que eu posso oferecer no momento.

Bianca se aproxima e me abraça, deixa um beijo castro em meus lábios e se afasta, pegando sua bolsa e indo em direção a porta.

— Eu sei de tudo isso, Arthur, só não sei é até quando eu vou aceitar essas migalhas.