Demoramos horas para descer daquela montanha. Tivemos que dobrar toda a cautela na descida para não corrermos o risco de despencarmos lá de cima. Era inacreditável que nenhum de nossos homens houvesse morrido. Namjoon disse que eu havia sido enviado pelos deuses para trazer minha sabedoria à terra, mas nem eu acreditava no que havíamos feito. Estávamos contentes demais para sentirmos dor. Alguns de nossos soldados haviam sido atingidos por flechas, mas isso felizmente não os levou a óbito. Andamos cerca de 7 horas para chegar à cidade imperial, já era fim de tarde quando ouvimos os gritos do povo festejando. Quando adentramos a cidade, fogos de artifício foram lançados anunciando a nossa chegada e comemorando o fim da guerra. Fiquei encantado pelas casas, pelo comércio, pelos carros, praças e ruas. Tudo era lindo, mas nada se comparava a beleza do castelo quando o vi de longe brilhando em um tom dourado. A multidão nos ovacionava, a música tradicional tocava em alto volume vindo de instrumentistas misturados com as pessoas na rua. Tudo era colorido e encantador, nada parecido com a vila onde morávamos. Ao entrar no castelo recebemos distintivos de ouro dos soldados do exército oficial, que nos aplaudiram respeitosamente. Deixamos nossos cavalos aos cuidados dos cuidadores do castelo e seguimos andando entre o túnel de homens com armaduras. Homens que estavam impecáveis e sem nenhum arranhão, afinal havíamos feito todo o trabalho. No fim do túnel de soldados um homem velho, também vestido com armadura, estava algemado junto de seguranças e policiais. Namjoon foi em sua direção sem hesitar.
- O que está acontecendo? - perguntou ele confuso.
- Comandante, o General Kim está preso e sentenciado a morte por ter planejado um atentado contra você e seu exército.
Namjoon o encarou com uma expressão fria e vazia.
- O que ele fez? - questionou o comandante ao policial.
- Ele forjou a carta dos inimigos que ameaçava um ataque ao castelo para poder manter seu próprio exército aqui. Ele vendeu as coordenadas do acampamento e cortou a transmissão da torre de vigilância para não poderem se comunicar com você e seus homens.
Namjoon apertou os punhos com força. O homem manteve a cabeça baixa.
- O senhor arriscou a vida de inocentes por ódio a mim? - disse entre os dentes - planejou a morte do próprio filho?
O velho não o encarou. Namjoon segurou seu queixo o obrigando a olhá-lo.
- Você me enoja - disse antes de seguir andando. Pude ver que lágrimas se formaram em seus olhos.
Olhei para trás a tempo de ver o homem sendo colocado em uma carruagem. Senti muito por Namjoon.
Mais à frente o imperador nos esperava com um largo sorriso em seu rosto. Todos fizemos uma reverência ao vê-lo.
- Comandante Kim Namjoon - disse ele com um amistoso abraço - sinto muito pela nossa descoberta, nunca imaginamos que o general Kim poderia fazer algo assim.
- Eu também não senhor - negou Namjoon com a voz séria.
Eu queria o abraçar.
- Mas vocês salvaram a Coreia - disse o imperador sorrindo para todos nós - com certeza serão recompensados por isso.
A multidão lá embaixo gritou com as palavras do imperador. Ali de cima podíamos ver a rua perfeitamente. O imperador pegou dois objetos em suas mãos e entregou ao comandante Namjoon.
- Aceite os objetos mais honrosos que um homem pode receber na vida - disse ele se aproximando do comandante.
Namjoon porém negou.
- Eu não os mereço senhor. Este homem ao meu lado agiu com a braveza e a inteligência necessária para nos levar aonde chegamos. Não sei o que teria sido de nós sem ele...
Olhei para Namjoon e ele também me olhava orgulhoso. O imperador veio em minha direção com os olhos brilhando.
- Não é por qualquer homem que um comandante reivindica objetos valiosos como esses - disse ele parado em minha frente - como se chama?
Minha respiração falhou ao ouvir suas palavras. Eu não merecia os presentes, não merecia Namjoon fazendo isso por mim. Me ajoelhei aos pés do imperador fazendo todos soltarem uma exclamação surpresos.
- Eu não mereço suas congratulações senhor. Eu enganei a todos. Menti minha identidade para me passar por meu irmão mais velho e lutar por ele na guerra. Fiz isso para proteje-lo, pois ele tornou-se pai recentemente e para honrar minha família. Eu sinto muito...
Todos novamente soltaram exclamações de surpresa. Namjoon me olhou com os olhos arregalados. Eu havia cometido um crime e revelara na frente do imperador.
- Como se chama? - perguntou novamente o imperador.
- Kim SeokJin, senhor.
- Kim Seokjin, levante-se - exigiu.
Eu me levantei rapidamente o olhando nos olhos. O homem ainda sorria.
- Pela sua bravura te entrego a espada do maior guerreiro que já tivemos em nosso país - disse ele me entregando uma pesada e reluzente espada cravada a ouro - e pela sua esperteza lhe entrego o emblema de cidadão de honra coreano.
Peguei os objetos com as mãos trêmulas e fiz duas reverências rápidas ao imperador, mas antes que eu pudesse dizer algo, o velho curvou-se em minha frente fazendo uma reverência no chão. Não tive reação ao ver aquela cena. Namjoon fez o mesmo ao meu lado e os meus companheiros de guerra repetiram o mesmo atrás de mim. Me virei e encarei a rua abaixo de nós. Todos os cidadãos estavam curvados em uma forma de agradecer o que eu havia feito por eles. Lágrimas escorreram pelos meus olhos sem que eu pudesse impedir. Eu havia honrado minha família e toda a Coréia.
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Honor (Namjin)
FanfictionHonrar sua família é algo difícil quando você é um homem que não gosta de "coisas de homem" e nem quer se casar. SeokJin é extremamente julgado por sua personalidade e se vê cada vez mais triste por não conseguir orgulhar seus pais. O rumo de sua v...