Capítulo 8

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"Olá mamã, tenho saudades tuas, sei que ultimamente já não falavas tanto connosco, parecia que nem estavas cá, mas estavas pois eu conseguia ver-te.

Eu e o Tim viemos para um orfanato como sabes, a avó Genoveva não resistiu ao coma e acabou por falecer... e disseram-nos depois que o papá estava no Brasil com a tia e os gémeos... ele não deve saber o que aconteceu ainda.

Sei que a culpa disto tudo foi dele mãe, tu não merecias isto, mas nós também não e muito menos o Martim que ainda é tão pequeno. Ele chora todas as noites por saber que nunca mais irá conseguir ouvir-te cantar como só tu cantavas todas aquelas canções de embalar que no momento te vinham à memória. E eu também choro mamã, eu choro sabendo que nunca mais te vou poder ver, choro porque a última imagem que tive tua foi num sofá de pano preto encostado à janela no canto da sala, enquanto nós saía-mos e tu só choravas... choro por saber que não te consegui apoiar e choro ainda mais agora porque te perdi.

Minha mamã, quem me dera um dia voltar a ser criança e puder abraçar-te e sentir o teu perfume, tocar no teus lindos cabelos negros... quem me dera voltar a estar contigo.

Mãe, o Martim está bem aqui, mas eu vou realizar o meu desejo e vou voltar a ser criança a teu lado.

Até já mamã!"

Martim e Nádia leram ambos os diários, emocionando-se a casa página que viravam, era incrível a maneira de como Mia conseguia passar para o papel toda a sua mágoa e angústia, mas ao mesmo tempo todo o amor que sentia pela mãe e pelo irmão.

-O que vais fazer com eles? – perguntou a namorada de Tim dando-lhe o pequeno caderno para a mão.

-Vou fazer algo que vai imortalizar a minha irmã!

-Vais publicá-los?

-Vou!

E foi assim que a história de Mia correu mundo, sendo traduzida em vários idiomas.

E lá do céu Mia agradecia a Martim dizendo:

-Obrigado por me dares a oportunidade de voltar a ser criança! 

E se um dia eu voltasse a ser criançaOnde histórias criam vida. Descubra agora