VII - Awkward Silence II

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Dia 2 – Loft do Minho

Minho mantinha seus olhos fixos em um ponto qualquer da parede a sua frente. Em meio ao breu e com sua caneca na mão, seus pensamentos o mantinham acordado juntamente à imensa quantidade de cafeína que envenenava sua corrente sanguínea e o mantinha ligado.

No outro cômodo, Jisung dormia envolvido em seus lençóis após horas de um choro intenso. Seu sono era pesado e quase forçado pela exaustão que seu corpo sentia após ser atingido pela descarga de infomações e emoções conflitantes.
Após muita relutância da parte de Han, Minho o convencera a passar o resto da noite ali pois viajariam pela manhã assim que acordassem, rumo à cena do suposto crime.

Jisung insistira em ver o local de perto, só assim acreditaria nas palavras do detetive, então Minho o levaria até lá para que ele visse com os próprios olhos e entendesse algumas coisas que ainda não faziam sentido em sua cabeça.

O jovem investigador repassava o diálogo de mais cedo em sua mente inúmeras vezes, analisando cada detalhe que pudesse ser de alguma forma importante.

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[horas mais cedo, no parque]

“Você parece um pouco novo para um detetive”, Jisung disse desviando seu olhar para a copa de algumas árvores que balançavam com a brisa suave, ainda tentava assimilar as recentes informações.

Minho observava o rosto do mais novo com atenção, tentando decifrar pela sua expressão o que ele estaria pensando. Sempre fora muito responsável quando se tratava de seu trabalho e não deixava sua vida pessoal interferir em nenhuma investigação, o segredo era não se deixar envolver emocionalmente.

Aos que conheciam o Lee era comum que o julgassem como frio e até mesmo arrogante por sua postura desapegada mas a verdade era que ele não dava a mínima para a opinião alheia.

O fato é que, no instante em que seus olhos caíram sobre Han Jisung naquele elevador, algo em seu interior havia despertado. Era como se uma parte sua, até então desconhecida se encontrasse inerte dentro de si esse tempo todo, esperando o momento exato em que encontraria algo, ou alguém que o despertasse e o fizesse se sentir de fato, vivo.

Estava tudo arquitetado, ele mesmo havia pensado no plano para conseguir se aproximar do estudante e atrair sua atenção sem levantar muitas suspeitas, precisava de informações que só ele poderia fornecer e as conseguiria a qualquer custo, então, provocar um pequeno incidente em um elevador velho não seria complicado.

Desperto de seus devaneios, retornou sua atenção ao garoto que aguardava em silêncio a sua resposta.

“Bom, eu sou investigador particular então não precisei passar por toda a burocracia e anos de treinamento intensivo como os da polícia para obter a experiência que tenho hoje”, disse em direção à Jisung “Eu e o detetive Kim somos amigos de longa data então quando ele precisa de alguma ajuda extra em algum caso específico que a polícia não consegue dar conta”, uma risada ríspida escapou de seus lábios, “ele me contrata”

“E o que seria esse caso específico e o que o Felix tem haver com isso?”, Jisung questionou apreensivo, finalmente olhando nos olhos de Minho que o encarava com intensidade. Mesmo em meio ao caos que sentia naquele momento, ao medo e a confusão que se instalavam em sua cabeça havia algo naquele detetive que o passava uma certa segurança.

“Tudo aconteceu há três anos atrás, em 2016, na Austrália. Você se lembra do por quê do Felix ter vindo pra Coréia? Bem, o que ele te contou.”

Jisung respirou fundo, voltando seu olhar a paisagem

“O Lix sempre quis trabalhar com música, e com razão porque ele leva jeito pra coisa, tipo de verdade. Ele me disse que fez algumas audições na Austrália e tentou algo com uma empresa de lá que tinha a sede na Coreia uma vez mas não deu muito certo, ele não entrou em detalhes sobre o que aconteceu mas isso o deixou  bem desanimado e ele meio que desistiu de tentar carreira profissional”

“Certo... O que ele te contou é verdade, só não é a história toda. Jisung você já leu sobre aqueles casos de empresas de fachada que recrutam jovens que sonham em ser artistas, oferecendo treinamento e várias oportunidades mas que no fim acabam numa furada?”

O mais novo assentiu

“Pode parecer só filme do Liam Neeson pra muitos mas isso acontece em todo lugar e mais do que a gente imagina. A maioria dessas organizações criminosas se contentam em enganar os adolescentes, roubar o dinheiro deles e sumir, mas existe muita gente da pesada nesse ramo também, garoto, e acontece que seu amigo teve o azar de esbarrar com o pior deles, Lee Taeyong.
Esse cara era o chefe de uma organização multinacional que fazia tudo do mais sujo e perverso que você puder imaginar, desde de desvio de dinheiro a tráfico de pessoas.”

O olhar de Han foi preenchido por um misto de pavor e surpresa, sentia o suor frio escorrer pela extensão de seu corpo o causando calafrios.

“O que você quer dizer com era, ele foi preso?”

“Aí é que tá. No dia 8 de agosto de 2016 a polícia de Seul recebeu uma chamada de madrugada, uma denúncia de assassinato, a denúncia foi anônima e levou a polícia até um galpão abandonado.
Chegando lá não encontraram nenhum corpo, só sangue espalhado por todo o local, uma grande poça em um dos cantos que, pela quantidade de sangue a chance do sujeito ter sobrevivido era mínima. Haviam também várias digitais pelo local.
Ao analisar todas as amostras a perícia identificou a presença de DNA de três indivíduos diferentes, dois até então não identificados no sistema e o outro, o qual correspondia a maior parte do sangue pertencia a Lee Taeyong.
Com isso a polícia procurou ele em todos os lugares possíveis mas o cara sumiu do mapa, não havia nenhuma pista de onde ele pudesse estar se escondendo ou se ele estaria mesmo vivo.”

Jisung ouvia cada palavra com atenção porém havia algo que ele não compreendia

“Isso tudo é muito bizarro e sinistro mas você não me explicou, aonde o Felix se encaixa nessa história toda?”

“Eu vou chegar lá. Bom, depois de quase dois anos sem fazer nenhum avanço, a investigação foi arquivada por falta de evidências, até há alguns meses atrás quando as digitais do Felix foram registradas e foram parar no banco de dados da polícia, você se lembra de como isso aconteceu?”

“Sim”, disse soltando uma risada sem força ao se recordar daquele dia. “Era aniversário do Jeongin, um amigo nosso e nós fomos comemorar em um barzinho no centro. O Felix não é muito de encher a cara mas no dia ele tinha brigado com o Binnie, o namorado dele então acabou bebendo além da conta pra afogar as mágoas. Um casal de amigos nossos também estava com a gente, Hyunjin e Seungmin”, o estômago de Minho se contorceu ao ouvir aquele nome

deve ser só uma infeliz coincidência, pensara

Jisung prosseguiu “ esses amigos nossos estavam sentados juntos e abraçados, o que á a coisa mais normal do mundo porque afinal, eles são um casal. Só que, uns babacas homofóbicos do outro lado do bar ficaram incomodados e começaram a fazer piadinhas escrotas olhando em direção a gente e o Felix surtou e começou a brigar com os caras que eram uns brutamontes gigantescos. Eles começaram a sair no soco, daí a gente foi tentar tirar eles de cima do Lix e acabou virando uma zona enorme e alguém acabou chamando a polícia. Quando a viatura chegou o Lix e os escrotos tiveram que ir pra delegacia depor, lá eles colheram os dados e as digitais deles mas como o Felix não tinha antecedentes ele foi liberado logo em seguida.”

Minho assentiu, tomando a palavra

“Antes de arquivarem o caso do Taeyong, a perícia manteve as amostras de DNA da cena do crime no sistema pra que caso houvesse compatilidade com algum novo registro, um alerta fosse emitido e foi o que aconteceu.
Jisung, as digitais do Felix estavam naquele galpão. Ele esteve lá na noite em que Lee Taeyong fora “assassinado” e agora ele é o suspeito de ter cometido o crime.

Hellevator - MinsungOnde histórias criam vida. Descubra agora