Hellevator - Minsung

X- Awkward Silence V

"Quanto tempo, detetive. Brinquedinho novo?"

Fazia alguns anos que Minho nao ouvia aquela voz, e sinceramente, nao sentia falta.

O garoto, mais magro do que da ultima vez que o havia visto, olhava diretamente para Minho, fazendo com que sentisse arrepios por todo o seu corpo.

"Jae," disse Minho, inconscientemente se colocando entre o mais novo e o menino pálido, "eu te perguntei o que você está fazendo..."

"Sim, sim. Eu ouvi sua pergunta." o Loiro interrompeu friamente, cruzando seus braços e agora direcionando seu olhar para Jisung, fazendo com que os músculos de Minho enrijecessem. "Eu vim aqui pra conversar com você Minho. Acho que você me deve um pedido de desculpas, não acha?"

Jisung estava completamente confuso, mas ouvia detalhadamente cada palavra que saía da boca dos dois garotos.

"Você não imagina o que eu passei naquele lugar." disse, deixando uma risada seca escapar de seus lábios, "Sabe, a cadeia é um lugar doentio. Nos primeiros dias, quando eu não conseguia dormir, eu pensava em você. Na verdade eu sempre pensei. Tudo o que eu fiz, Minho, foi por você."

"Jae, eu não..." o garoto tentou falar, mas foi novamente interrompido pelo loiro, que se mostrava cada vez mais impaciente.

"Eu estou falando, Minho. Ah droga, você não mudou nada, não é? Sempre pensando em si mesmo. A única vez que você nao pensou em si foi quando..." parou de repente de falar e direcionou seu olhar pra Jisung por alguns segundos, logo voltando a olhar pra Minho, depois prosseguiu, "Quando aquele garoto voltou. Qual era o nome dele mesmo...?"

O menino de cabelos loiros estava cada vez mais perto de Minho, fazendo com que a vontade de Jisung de sair correndo fosse cada vez maior. O garoto estava apavorado.

"Seungminnie. Esse era o apelido dele certo?" disse, finalmente dando um passo pra trás. "Foi por causa dele, eu sei. Foi tudo uma vingança por aquela cadelinha do seu ex. Eu achei que se você achasse minhas... mercadorias no quarto dele você ia abandoná-lo. Mas eu estava errado. Ah, como eu estava errado. Na primeira oportunidade você foi lá e salvou ele, e me denunciou. Eu achei que você me amasse, Minho."

"Aquilo não teve nada a ver com o Seungmin e você sabe muito bem disso." falou Minho, deixando suas emoções tomarem controle de si, "Eu te amei sim, Jae. Mas isso foi antes de eu descobrir quem você era de verdade."

"E quem exatamente eu sou Minho?"

Minho estava prestes a responder quando, novamente, o garoto de cabelos loiros se virou pra Jisung, dessa vez apontando o dedo em sua direção.

"É melhor você ter cuidado com esse aqui, garoto. Ele vai acabar te destruindo, assim como ele fez com o seungminnie, e como ele fez comigo. Ele só pensa em si mesmo...."

E então, um barulho forte e alto ecoou pelo estacionamento.

Tudo aconteceu muito rápido.

Em um segundo, o garoto nitidamente bêbado acusava Minho de algo que Jisung nao tinha certeza do que, e no outro, Minho havia acertado um soco no meio do rosto do garoto.

Não demorou muito para que um soco virasse vários, e os garotos estivessem rolando no chão um em cima do outro.

Tudo aconteceu muito rápido.

Ou talvez tenha acontecido devagar demais, Jisung nao tinha certeza.

Ele só conseguiu voltar a realidade quando sentiu Minho o chacoalhando e gritando algo parecido com "vamos embora". Conseguiu ver também, o garoto loiro caído no chão com a rosto ensanguentado. Ele não estava muito diferente do garoto de cabelos negros, que tremia tanto que mal conseguira destrancar o carro.

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[Dia 4]

Já haviam se passado alguns minutos de meia noite quando chegaram de volta no apartamento de Minho.

Teriam chegado antes, mas por insistência do mais novo, passaram em uma farmácia, ja que cada movimento minimamente brusco fazia o detetive reclamar da dor.

Jisung, que ja sabia exatamente o que fazer por conta das experiências adquiridas em seu curso de enfermagem, pediu para que Minho se sentasse no sofá e começou o processo para limpar seus machucados. Logo, o garoto se sentou em frente ao de cabelos negros e começou a limpar o sangue seco em volta dos machucados delicadamente.

Minho estava nervoso devido a proximidade do garoto, e da forma em que seus dedos esbarravam em sua pele. Infelizmente, ou felizmente, não tinha pra onde correr.

Mesmo que tentasse sufocar aquela voz no fundo de sua mente, sabia que era inevitável tentar controlar isso. Tinha certeza de que nao devia se entregar, mas nao conseguia parar de pensar em como esse garoto era especial pra si.

"Sabe, você estava certo. Eu poderia ter te jogado em uma sala qualquer e te interrogado, mas eu tentei fazer algo diferente e só me ferrei." se afastou um pouco apontando para os machucados no próprio rosto "Mas infelizmente ainda tenho que fazer algum interrogatório."

"Por mais animado que eu esteja pra ser interrogado," disse Jisung, arrancando uma risada curta e honesta de Minho, "Podemos fazer isso depois? Você nao me parece muito... disposto no momento."

O silencio caiu novamente sobre os dois garotos, e, por mais que fosse bom no começo, agora havia se tornado insuportável e desconfortante.

Jisung precisava quebrar esse ciclo onde o silencio se tornava mais alto que seus pensamentos cada vez que o detetive acabava uma frase.

"Ei, Minho." chamou Jisung, "Quem era aquele homem do estacionamento?"

O Detetive se encolheu, mas decidiu que iria contar. Dessa vez, ele contaria tudo o que o garoto quisesse saber e um pouco mais.

E foi isso o que ele fez. Contou cada detalhe daquela história, e assim, adormeceram em posições desconfortáveis no sofá caro de Minho.