Prólogo

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Eu estava ansioso, veria minha vovó depois de um tempão! Eu não sabia direito qual flor escolher para ela dessa vez, mas ela ficava feliz com qualquer uma que eu trazia! Quero ganhar muitos beijinhos no rosto!

- Vovó! Vovó! - desci do carro correndo, escutando meus papais dizendo para eu ter cuidado para não cair e me machucar.

- Oi, querido! Ei, não corra, você pode se machucar, meu pequeno Wonnie!

A vovó estava no grande jardim da casa dela, quando eu crescesse eu teria um igualzinho! Eu corri o mais rápido que pude e fui abraçado pelos seus braços quentinhos.

- Olhe, vovó, eu trouxe suas preferidas hoje! A senhora gostou? - fiquei alegre ao ver um grande sorriso surgir em seus lábios.

- Eu amei, Wonnie! Obrigada, querido.

E assim como todas as vezes, a vovó me encheu de beijos, ela sempre me dava a maior parte da sua atenção e eu ficava muito alegre com isso. Ela foi cumprimentar meus papais e quando ela disse que havia feito meu bolo favorito, entrei correndo e me sentei na mesa.

Eu não tinha mais o vovô e eu não gostava disso, mas ela sempre dizia que ele era uma pessoa incrível e que ele ama as flores tanto quanto ela, por isso eu o amo também!

- Hyungwon, vá tomar banho, filho. - a mamãe mandou, mas eu não queria!

- Mas mamãe, eu quero ficar no jardim agora! - fiz um bico enorme.

Todos riram, vovó costumava dizer que ela não se sente muito sozinha quando tem flores ao lado dela, é por isso que eu sempre trago flores quando eu venho! Assim ela pode se lembrar de mim e não se sentir sozinha, eu amo muito minha vovó.

- Deixe, querida, daqui a pouco eu coloco ele no banho. - ela disse para minha mãe que concordou e subiu para o quarto, desfazer a mala. - Venha, pequeno.

Ela segurou minha mão e caminhou devagar comigo até o jardim, onde ela se sentou na cadeira e eu fiquei ao seu lado observando as flores.

- Sabe, Wonnie, um dia a vovó partirá mas eu quero que sempre que veja uma flor, lembre de mim... - ela dizia tranquila enquanto eu sentia meus olhos arderem.

- Não, vovó! Eu não quero que a senhora se vá!

Ela bateu as mãos na sua coxa e eu logo me sentei no colo dela, ela passou a mão no meu rosto.

- É natural da vida, meu neto. As flores nascem, florescem e murcham também... Eu sempre estarei contigo no seu coração, não precisa temer.

Eu continuei chorando, eu queria poder ver a vovó por muitas vezes ainda. E se eu me esquecer dela?

- Mas... - solucei.

- Wonnie, eu irei te contar uma história.

Me ajeitei em seu colo, ela me abraçou e eu coloquei a cabeça no seu ombro.

- Uma história muito bonita. Dizem que aqueles que são amantes das flores, podem plantá-las dentro de si...

- Como assim, vovó?

- Uma jovem moça do interior, certa vez conheceu um rapaz muito bonito que foi visitar sua cidade, ela se encantou pela educação e beleza dele. Infelizmente um certo dia ele teve que partir e uma pétala de rosa saiu de dentro dela, ela ficou maravilhada e preocupada em como pôde ter tossido uma pétala, alguns meses depois o mesmo rapaz voltou a sua cidade mas ele não tinha olhos para a moça que mesmo tímida tentava chamar sua atenção, foi aí que ela tossiu uma rosa inteira.

"Ela procurou o médico mas ninguém sabia explicar o porquê daquilo acontecer, então sem esperanças de que tivesse cura, ela apenas se pôs a admirar seu amado de longe. Um dia a moça reuniu coragem para falar com o tal rapaz, foi até a casa de seus familiares à procura dele porém quando chegou ele estava com outra mulher. Ela saiu correndo do lugar e acabou por tossir um buquê inteirinho de flores, ela não conseguiu viver sem seu amor e as flores a levaram com elas para um lindo jardim."

- Ela virou uma flor, vovó? - perguntei curioso.

- Sim, querido. - ela respondeu sorrindo. - Agora vamos entrar.

Fiquei pensando se um dia as flores não iriam me levar para um jardim também. Como seria ser uma flor?


Mais um sonho com ela.

Não que eu não estivesse acostumado, mas ela difícil superar a perda dela.

Fazia 1 ano ela se foi, não vou me esquecer de acordar com os gritos e choro da minha mãe, me lembro de não conseguir enxergar seu lindo jardim na escuridão da noite. Aquele dia, de fato, não foi nada belo. Eu não a vi no caixão, eu não queria guardar aquela imagem, apenas deixei minha mente nos momentos que estava no jardim com seu lindo sorriso lindo e as flores.

- Bom dia, filho!

Minha mãe me cumprimentou assim que entrei na cozinha, sonolento e triste, eu realmente não queria ir para o colégio.

- Bom dia, mãe. - respondo desanimado.

- O que foi, Wonnie? Não dormiu bem?

- Eu sonhei com ela... Outra vez.

- Ah, eu sei que sente muito falta dela. Sua avó era maravilhosa, mas ela ainda está com a gente, não é mesmo?

- Sim, mas...

Eu queria poder sentar no colo dela de novo, mesmo sabendo que isso não aconteceria pois eu estava velho e pesado demais para isso. Eram boas lembranças...

- Você pode ir levar flores para ela, vocês amam flores. - minha mãe sugeriu enquanto dava um beijo na minha cabeça e deixa meu café da manhã na mesa.

- Eu não sei se quero... Não quero ter que pensar que ela está à metros debaixo da terra. Além disso, onde se acha sakuras em buquê hoje em dia?


Sakuras... Suas flores preferidas.


❃❃❃❃❃❃❃



- Vovó, por que a senhora gosta tanto de sakuras?

Perguntei enquanto pegava uma flor do chão, minha vovó havia me falado que não pode pegar sakuras direto da árvore ou então teremos muito azar!

Fiz carinho na pequena flor e olhei para minha vovó.

- Vê como elas são sensíveis, querido? Elas representam a fragilidade da vida, elas dizem que devemos aproveitar cada momento como se fosse o único. Quando passa o vento, milhares de sakuras o acompanha, porque são passageiras, assim como nossa vida.

Ela explicava enquanto se sentava no banco do parque. Eu esperava que a vida da vovó não passasse rápido como a das sakuras.

- Mas se ela é tão fraca porque gosta dela, vovó?

- Elas não são fracas, Wonnie. Elas deixam o ambiente mais bonito e perfumado, elas unem as pessoas apenas para admirá-las e tem muito a ensinar, além de darem frutos muito gostosos... Gosta de cerejas?

- Sim! - eu adorava a torta de cereja da mamãe!

- Então vamos passar no mercado e comprar cerejas para sua omma fazer aquela torta gostosa para gente, uh? - ela deixou um beijo na minha bochecha e sorriu, caminhando devagar.

- Yeee! Sakuras são as melhores!

Corri pelo gramado verde do parque apreciando as sakuras, sorrindo enquanto observava minha vovó me pedir cuidado e rir.

Eu amo Sakuras.

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