Acordei com o som do meu despertador a invadir o silêncio que segundos antes estava instalado no meu quarto. Passei brutamente a mão por cima dele, desligando-o de novo. Esfreguei os olhos, tentando adaptar-me aos raios de sol que passavam entre os cortinados. Sentei-me na cama e a porta abriu levemente.
Bom dia. – Falou a minha mãe docemente.
Bom dia, mãe. – Falei levantando-me e indo em direção às minhas gavetas, procurando a roupa ideal para o primeiro dia de aulas.
Ouve Ivy, eu sei que estás triste por nos termos mudado mas é o melhor. – Disse-me a minha mãe sentando-se na minha cama.
Eu sei mãe, as condições aqui são melhores e arranjas-te um emprego melhor aqui. Mas eu não conheço aqui ninguém. Vou ser ‘a rapariga nova’. Já para não falar do sotaque diferente. – Disse eu rindo-me um pouco com a última parte.
Farás novos amigos, eu tenho a certeza. Bem, agora vai-te despachar que o pequeno-almoço já está pronto, Ivs. – Disse-me indo em direção à porta.
Peguei naquilo que precisava e dirigi-me para a casa de banho. Liguei a água quente no máximo. A água quente fazia-me relaxar e aproveitei o tempo na banheira para pensar como iria ser o meu primeiro dia de aulas.
Nunca fui uma rapariga muito confiante e social, daí a ter poucos amigos e só ter tido um namorado em toda a minha vida, o Connor. Namorámos durante dois anos, mas acabámos umas semanas antes de eu me mudar. Não dava para confiar uma relação à distância com uma pessoa que te traiu, não é? Também nunca gostei de ser o centro das atenções, mas já faço ideia do que me espera hoje.
Será que as pessoas daqui são simpáticas?
Acabei de tomar o meu duche e escolhi o que vestir. O tempo aqui é muito diferente do tempo no Kansas, sem dúvida. Vesti-me. Algo simples e confortável pareceu-me o ideal para começar as aulas.
Antes de descer, olhei-me mais uma vez ao espelho, para me certificar que não estava mal de todo.
Desci e a minha mãe já estava na sala de estar a ver televisão e à minha espera. Olhei para o relógio na parede da cozinha, já eram 7:40 horas. Tomei o pequeno-almoço um pouco mais apressadamente do que o normal. Tinha de chegar à escola antes do toque para descobrir o meu cacifo e a sala onde iria ter aulas.
Acabei de tomar o pequeno-almoço, peguei em alguns livros e cadernos e avisei a minha mãe que já estava ‘pronta’. Sim, ‘pronta’ pois não estava realmente preparada.
Caminhei até ao carro, entrei e pousei os meus livros num dos bancos livres. A minha mãe ligou o rádio e, de seguida, ligou o carro.
Fomos o caminho todo a conversar e a cantar. A minha mãe é do tipo ‘mãe moderna’. Sim, estou a usar as palavras dela, o que é engraçado. Temos praticamente os mesmos gostos.
Não me posso queixar em relação à minha mãe, ela sempre cuidou de mim, ela faz o papel de pai e mãe ao mesmo tempo desde que eu nasci e eu agradeço-lhe por isso. Temos uma relação muito próxima. É pena que não vá passar muito tempo com ela, porque o horário dela neste novo emprego é um horário noturno, só chega a casa às 7 horas da manhã.
Durante a viagem casa-escola, pensei também em como iria ser o facto de ser a ‘rapariga nova’.
Não conheço ninguém aqui, o que ainda dificulta mais a situação.
A minha mãe parou o carro em frente à escola. Dei-lhe um beijo na bochecha e peguei os meus livros. Abri a porta do carro e sai. Olhei para trás e acenei à minha mãe, que me acenou de volta, sorriu-me docemente e começou a conduzir.
Fiquei parada durante uns segundos, a analisar o que se passava à minha volta. Sei que a parte de trás da escola tem um jardim, o que parece agradável segundo o que a minha mãe me contou, mas não tenho propriamente tempo de ir lá agora.
Grupos de adolescentes estavam espalhados pelo pátio, conversando e rindo. Sinto alguns olhares postos em mim, mas tento ignorar isso. Finalmente respiro fundo, olhei mais uma vez em redor e comecei a subir os degraus, que davam para uma grande porta, a qual dava para o interior da escola. Parei quando cheguei à porta. Peguei num papel que tinha dentro da minha mala, para saber o número do meu cacifo. 368. Apertei os meus livros e cadernos contra o meu peito, respirei fundo e comecei a caminhar, tentando encontrar o meu cacifo. À medida que andava por aquele enorme corredor, olhava para os lados. Para cada lado que olha, procurando o cacifo 368, via grupos de alunos a falar e a rir entre si e a rir.
Finalmente encontrei o meu cacifo, depois de tanta caminhada. -pensei
Abri o cacifo e pousei os meus cadernos e livros. Suspirei de alívio, pois já me estavam a doer os braços. Arrumei todos os cadernos e livros e tirei apenas aquilo que precisava.
Tirei o meu horário da mala e analisei-o.
Inglês -Disse eu baixinho.
Olhei para o relógio e faltavam cerca de 10 minutos para tocar. Tinha de me apressar se queria apanhar um lugar que me agradasse. Peguei nos meus livros e cadernos de inglês e fechei a porta do cacifo.
Comecei a caminhar apressadamente, tentando encontrar a sala de inglês, até que vou contra alguém, fazendo com que os meus livros se espalhassem todos.
‘Mas que ótima maneira de começar as aulas, não haja dúvida’, pensei eu.