Olho para o lugar do condutor e não quero acreditar quem lá encontro. Eu sabia que a Gabs era social e popular, mas não fazia a mínima ideia de que ela se dava com pessoas como o Luke.
Olho para a frente e vejo o Luke a olhar para mim através do espelho retrovisor. Sinto-me demasiado observada, por isso coloco o sinto de segurança e encosto-me à janela.
Passo a viajem toda em silêncio, a olhar para a paisagem que vai passando do lado de fora do carro. Depois de uns 20 minutos de viagem, Luke estaciona o carro em frente a uma enorme e iluminada casa.
O som da música super barulhenta e as vozes das pessoas que lá se encontravam ouviam-se a uma grande distância. Saí do carro e ajeitei o meu vestido, olhando em redor, observando onde me encontrava realmente.
Sabes que vens para uma festa e não para algum tipo de igreja, certo? – Disse Luke olhando-me com a sobrancelha franzida e soltando um pequeno riso gozão.
Cala-te Luke! – Disse Gabs olhando para ele com ar ameaçador. – Estás muito bonita assim Ivy. – Disse olhando para mim e sorrindo-me amigavelmente.
Gabs estava a usar um vestido preto justo e curto e uns saltos altos pretos, que lhe assentavam como uma luva.
Não sei porque mas parece que o comentário que o Luke me fez ecoa na minha cabeça."Sabes que vens para uma festa e não para algum tipo de igreja, certo? "
Não faço ideia porque me atingiu tanto.
Volto a olhar em redor e vejo que todas as adolescentes estão com vestidos super curtos, isto é, se se pode chamar vestidos àquilo que elas estão a usar. Tentei afastar os meus pensamentos e segui Luke e Gabs até ao interior daquela grande casa.
Vou buscar bebidas. Querem alguma coisa? – Pergunta tentando fazer com que a sua voz se ouvisse, no meio daquele barulho todo.
Traz-me o que trouxeres para ti, se tiver alguma pinga de álcool. – Disse Luke enquanto olhava para as raparigas que passavam, como se lhe fosse saltar os olhos.
Não obrigada, eu não bebo. – Disse respondendo à pergunta da Gabs.
Claro que não. – Disse Luke com algum tipo de “humor” na sua voz. – É obvio que não. – Acrescentou.
Não liguei ao seu comentário inútil e decidi sentar-me num sofá preto, na sala de estar. Estava sentada sozinha, até que sinto alguém a sentar-se a meu lado.
Hey. Ivy, certo? – Disse alguém sorrindo amigavelmente de lado.
Sim. E tu és? – Perguntei meio confusa.Pelos vistos há muita gente que eu ainda não conheço por aqui…
Calum.– Disse sorrindo. – Queres beber alguma coisa?
Não obrigada, eu não bebo. – Respondi, dando-lhe espaço para se sentar.
Conversámos um pouco. É bom encontrar alguém que, para além de estar a beber, não está bêbado.
Estávamos a conversar, até que alguém se senta ao lado de Calum.
Hey, então bro tudo bem? – Disse Calum cumprimentando o rapaz que se sentou ao seu lado.
Hey! Ya e contigo? – Respondeu, dando um toque de mãos com Calum.
Ya bro! -Luke fica meio espantado ao ver que era comigo que o Calum estava a falar à uns minutos atrás.
Bem bro, tenho umas coisas para fazer. – Disse despedindo-se de Calum.
Luke levanta-se e vai-se embora. Vejo-o a subir as escadas até ao andar de cima e, de seguida, a minha atenção volta para Calum.
Ah, desculpa não vos ter apresentado. – Disse Calum encolhendo os ombros.
Oh, não tem mal. Digamos que já nos conhecemos. – Afirmei encolhendo também os ombros. – Olha vou só à casa de banho. – Disse sorrindo-lhe enquanto me levantava.
Ok, até já. – Disse Calum sorrindo-me de volta.
Peguei na minha bolsa e comecei a caminhar no meio da multidão, pedindo licença a cada passo que dava. Para ser sincera, não faço a mínima ideia de onde fica a casa de banho, por isso decido ir ver ao andar de cima.
O andar de cima já estava menos cheio de pessoas do que o andar debaixo. Entrei num dos corredores e comecei a experimentar abrir todas as portas que encontrava. Algumas não abriam e eu nem quero pensar no que se passava do outro lado dessas portas. Continuei a experimentar todas as portas que apareciam, até que finalmente uma delas se abre e eu entro. Infelizmente, não era uma casa de banho.
A-ah desculpem, estava a procura da casa de banho. – Disse espantada.
Como podes ver, isto não é a casa de banho. – Disse uma rapariga loira, que se encontrava em cima de Luke, literalmente. – Podes ir. – Disse sorrindo falsamente.
A expressão de Luke era neutra, já deve de estar habituado. Também, podiam ter trancado a porta, como todos os outros fizeram.
Sai do quarto e, não sei porquê, o que acabei de presenciar, meio que me afetou.
Continuo à procura da WC, até que vejo, ao fundo do corredor, alguém aparentemente já meu conhecido. À medida que me aproximo, continuando a minha busca, apercebo-me de quem é.“Tenho de encontrar a casa de banho rapidamente!” pensei já assustada.
Parecia que quanto mais rápido queria andar, menos os meus pés se mexiam. A minha vista já estava a começar a ficar turva, das lágrimas que inundavam os meus olhos.
Entrei rapidamente numa das portas que se abriu. Felizmente era a casa de banho!“Só espero que ele não me tenha visto!” penso já com lágrimas a escorrer-me pela face.
Tranquei a porta e sentei-me no chão já a chorar.