Sabes que para fazeres um trabalho comigo, vais ter de falar certo? – Disse Luke baloiçando a sua cadeira para trás, com a folha na mão e uma expressão neutra.
Olho por cima da minha folha, apenas para ter a certeza se aquele rapaz que está a falar ainda é o Luke. Até agora, não foi rude ou coisa do gênero, por isso explica-se o espanto que invade a minha cara.
Acho que a opinião sobre ‘Orgulho e Preconceito’ é o melhor tema. – Falei finalmente.
Que tema lamechas… - Afirmou Luke. – Típico de uma rapariga como tu! – Acrescentou suspirando.
É um dos meus livros favoritos. – Afirmo pousando a folha. – O que raios queres dizer com ‘típico de uma rapariga como tu? – Disse franzindo a sobrancelha.
Quero dizer que é típico de raparigas inocentes e lamechas, como tu. – Disse Luke pousando a cadeira no chão, continuando com a sua expressão fria mas neutra.
Para ser sincera, não sei se aquilo que ele acabou de dizer é uma ofensa ou um elogio, visto que ele mal muda a sua expressão facial.
Enfim… Tanto faz, vamos lá despachar esta porcaria. – Disse Luke arrogantemente.
Já era de esperar que ele falasse daqueles modos. Estava a ser demasiado simpático, afinal de contas, estamos a falar do Luke.
Flashback Off
Coloco-me em frente ao espelho, com dois vestidos diferentes, um em cada mão.
Ambos os vestidos que seguro são bastante discretos e confortáveis. Não gosto de dar nas vistas, muito menos em festas cheias de adolescentes embriagados.
Coloco o vestido que seguro com a mão direita à minha frente e olho para o espelho, para ver como me fica. O vestido que seguro à minha frente é um vestido castanho, que me dá até aos joelhos. Penso não que este não é a escolha acertada, por isso decido ver como fica o vestido que seguro na mão esquerda.Desta vez, acho que a segunda opção é a melhor. O vestido que agora seguro à minha frente é um vestido azul-escuro, que me dá até um pouco acima dos joelhos. É confortável e simples, mas normalmente só o uso para ocasiões festivas. Como não vou a muitas festas, quase não o uso.
Visto-me e pego na minha bolsa de maquilhagem. Aplico apenas um pouco de lápis, rímel e um pouco de batom, tudo muito discreto. Penteio o meu cabelo, que vai ao natural. Visto também umas collans daquelas da cor da pele e calço as minhas sabrinas azul-escuro, para combinar com o vestido. Olho-me ao espelho mais uma vez, pego o meu telemóvel e a minha mala e desço, a Gabs deve de estar a chegar para me vir buscar.
Sento-me um pouco a conversar com a minha mãe, até que tocam à campainha.
Deve de ser a Gabs. Vou andando, mãe. – Disse dando-lhe um beijo na testa.
Vai filha, diverte-te, mas com juízo. – Disse sorrindo-me enquanto acabava de se despachar, para ir trabalhar.
Sempre, mãe. – Disse sorrindo-lhe e, de seguida, fechando a porta atrás de mim.
Assim que chego à rua vejo um jipe preto estacionado em frente à minha casa. Gabs abre a janela do lugar do pendura e acena-me.
Bora Ivs, entra! – Disse Gabs sorridente.
Quando Gabs volta para dentro do carro vejo que ela está a falar com alguém, mas não faço a mínima ideia de quem é.Quando ela disse que me vinha buscar pensei que fosse no carro dos pais, do irmão ou algo de género, mas a pessoa dentro do carro não parece ser pai ou mãe dela. Talvez seja irmão dela ou assim, mas não sei.
Caminho até ao jipe.‘Se a Gabs está no lugar do pendura, quem estará a conduzir?’ é a única coisa que me passa pela cabeça.
Não é que eu pensei que me vão raptar ou assim, mas sou muito desconfiada de natureza. Gosto sempre de saber onde estou, com quem estou, … enfim não sei se é um defeito ou uma qualidade.
Assim que abro a porta ouço a voz da Gabs.
Ao menos sê simpático com ela! – Disse Gabs, parecendo que estava a repreender uma criancinha.
Ok! – Respondeu alguém.
Eu tenho a certeza que conheço a voz de quem respondeu…