Capítulo 31

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-Aonde está me levando? -Brooke perguntou pela segunda vez enquanto observava Leon dirigir.

Após o banho ele fizera questão de que tomassem juntos o café da manhã que ele mesmo prepara, depois a arrastou para o quarto e falou para que arrumasse pois iria levá-la para a universidade mas a partir do momento em que entraram no Audi ele mudou toda rota levando-a pelo centro da cidade. Alysson estava confusa por aquela atitude, ela não estava em um bom dia mas Leon estava tentando ajudá-la então ela estava tentando cooperar. Afinal ele não tinha culpa.

-Um lugar especial. -ele disse somente. Olhou-a por um instante e sorriu passando confiança.

Brooke suspirou e se preocupou em tamborilar os dedos de acordo com o ritmo da música do Queen, We are the champions. Cantarolava alguns trechos da música enquanto sua mente vagava no desconhecido. As palavras de Leon não saíam de sua cabeça, a todo momento ela pensava no quão fofo e atencioso ele tinha sido e no quanto aquelas palavras tinham mexido consigo.

"...eu sempre vou querer o seu bem, meu amor... eu sempre vou estar disponível para você."

Ele se importava com ela, se importava com o bem estar dela e Ally sabia que era verdade, mas o que estava fazendo um nó em seu coração era a promessa incutida em cada frase. Ele estava sendo mais do que podia e ela estava indo além do que devia, o contrato de casamento estava começando a perder o sentido e ela se perguntava o porquê de um homem como Leon ter uma visão tão pessimista de um casamento. Ela tinha seus motivos para ter tanto medo de dividir a vida toda com alguém, mas ele era um ótimo marido apesar das circunstâncias e parecia lidar muito bem com a vida a dois.

Ela passou a perceber qualidades dele que não tinha se dado conta antes, em quase seis meses juntos ela percebeu que Leon não era o narcisista arrogante e estúpido que ela achou que fosse. Ele era atencioso, inteligente, solidário, bem humorado e era incrivelmente carinhoso e bastante divertido. Talvez ele fosse um pouco prepotente e possessivo mas não excessivamente, e ela havia aprendido a conviver muito rápido com ele.

A questão era que Alysson estava mais que apegada a ele e isso era inadmissível para alguém tão marcada pela vida como ela, pois Ally sabia que quando acabasse seria doloroso demais. Ela estava pelo dinheiro e era assim que deveria continuar sendo. Ela tinha sido contratada para cumprir uma aposta ridícula e não para se envolver emocionalmente com Cross. Talvez manter o sexo casual com o próprio "marido" não tenha sido uma boa idéia. De repente não era só uma boa transa ou só uma conexão de corpos, de repente ela passou a sentir a quentura de seu abraço e a ternura de seus olhos.

-Eu não quero ir para um lugar especial, Leon. -disse baixo mas o fez virar para encará-la. -Eu quero ir pra casa. -disse com mais firmeza.

-Eu não estou entendendo, amor. -ele franziu o cenho, buscando uma razão. -Está se sentindo mal?

-Estou bem, só quero ir pra casa. -suspirou. -E para de me chamar de amor, por favor.

-O quê está acontecendo com você, Alysson? -ele indagou com tanta calmaria que a deixou um tanto irritadiça. Ele estacionou em frente ao cais do Rio Hudson e fixou o olhar no dela.

-Eu... -bufou abaixando o olhar por um instante procurando palavras. -Por quê? -inquiriu voltando a encará-lo. -Por quê está fazendo tudo isso?

-Tudo isso? -rebateu, confuso.

-Ah para! -vociferou. -Você diz tudo aquilo pra mim, está me levando a um lugar especial e me trata de um jeito tão... -soltou o ar de seus pulmões. -Por quê disse aquilo? Por quê é sempre tão... atencioso?

-Eu disse a verdade, porque prezo sus amizade e gosto da sua companhia. Prefere que eu seja um canalha insensível, que a use por uma noite e depois finja que nunca te vi na vida? -inquiriu calmo porém sua expressão era dura. -Eu não preciso agir como um idiota com você só porque estamos juntos por um contrato, não condiz com minha índole ser um filho da puta com alguém, ainda mais sendo a mulher com quem divido a cama.

Ally o olhou por um tempo mordendo os lábios por conta do nervoso, e ele olhou para sua boca, depois para seus olhos e então olhou para o rio extenso a sua frente. Algumas pessoas passavam na frente do carro, a maioria eram turistas tirando foto da paisagem.

-O contrato diz... -ela começou mas Leon a interrompeu.

-Eu sei o que a porra do contrato diz. -seu tom era irritadiço. -Eu quero saber que porra está acontecendo com você. Nós tivemos uma noite maravilhosa e hoje você acorda estranha e sentimental, eu tento ajudar e você vem com sete pedras na mão. -tocou levemente o rosto dela. -Me diz o quê aconteceu, Alysson. Eu fiz alguma coisa?

-Você... você... -seus olhos encheram-se de lágrimas e ela abaixou a cabeça.

-Me diz o quê eu fiz. Eu me importo com você. Não sei o porquê mas eu não consigo ficar tranquilo quando você está tão mal. O sexo foi tão ruim assim? -inquiriu carinhosamente, levantou o rosto dela para que pudesse enxergar seus olhos. Ele viu uma luta interna infindável e um cansaço.

-É aí que tá, Leon. Não é só sexo, não mais para mim. -deixou uma lágrima cair. -Porra, eu estou começando a sentir mais que só desejo. Essa merda vai me machucar como machucou minha mãe, vai me ferir e me destruir e a culpa é sua por ser tão... apaixonante. -sussurrou a última parte antes de quebrar o contato visual e limpar as lágrimas.

Leon não havia se mexido um centímetro até o momento, passou a mão pelo rosto e cabelos então virou para frente. Ele não era nenhum idiota para não entender o que ela quis dizer. Ela estava se apaixonando e isso significava que ela queria mais do que ele poderia dar. Ele nunca quis que isso acontecesse, Leon a tratava com o seu melhor lado porque gostava de tê-la por perto e não queria que o casamento fajulto fosse um completo inferno. Cross adorava cada traço do corpo de Alysson, ele conhecia cada detalhe mas definitivamente não estava preparado para conhecer sua alma. Talvez nunca estivesse. Ele entendia agora porque para ela era tão difícil, pois sentimento de paixão pode levar a amar e o amor só mostrou seu pior lado tanto para ele quanto para ela.

Ele queria poder dizer a ela que sentia o mesmo mas ele não conhecia aquele sentimento, ele nunca havia sentido e tudo o que ele não queria era machucá-la.

-Eu sinto muito, Alysson. -murmurou. Ela riu sem humor.

-Não. Quem sente sou eu. -disse ríspida. -Eu só quero ir para casa. -pediu observando o a estátua da liberdade ao longe.

Leon apenas assentiu e deu ré com o carro. No trajeto para casa só se ouvia o barulho pesado da respiração e as músicas da playlist de Leon. Tocava Hallo de Beyoncé e não podia ser o momento mais inoportuno para a música tocar, Ally trocou a música e começou a tocar Happy de Pharrell Williams. Irritada desconectou o ipod e voltou a olhar para janela.

Leon parou em frente ao prédio mas não destravou as portas. Ele olhava diretamente para a rua e ela também, não tinham coragem de se encarar.

-Eu nunca quis que isso acontecesse. -murmurou, sentindo-se mal por ela. O silêncio pairou novamente.

Era só apertar um botão e deixá-la ir, mas seus dedos pressionaram o volante e seu corpo se tensionou. Ele mesmo sabendo ser arriscado sentia a necessidade de abraçá-la e confortá-la de alguma forma, ele queria subir junto e esclarecer tudo da melhor forma possível para que não houvesse uma má convivência depois. Mas ele não podia fazer isso, porque ele não saberia o que fazer e dizer ao certo. Então apenas liberou as portas e olhou-a abrir, mas antes de sair ela virou-se para olhá-lo.

-Eu também não queria. -murmurou. Saiu e entrou no prédio sem olhar para trás.

Cross ainda ficou um tempo olhando antes de ligar o carro e procurar a pessoa mais sensata para ouvi-lo naquele momento.

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