Este livro, embora narrado em terceira pessoa, também teve como narrador "secundário" o personagem Edward W. Wright, nos títulos e subtítulos. A conclusão, mostrada no epílogo, revela que os mesmos foram trechos de um diário que Edward escreveu enquanto preso, relembrando como conheceu Shipman, que fará parte dos três livros que são a continuação deste.
Como a história foi narrada, então, sob o "ponto de vista" de alguém que teve uma grande obsessão, eu achei importante escrever esta nota para aclarar as coisas que não devem ser romantizadas, nem muito menos servir como exemplo para o leitor.
As palavras neste texto serão escritas com base no que diz o Ministério da Saúde sobre a prevenção ao suicídio, e os parágrafos em citações são copiados do mesmo.
1. Auto-destruição
Aclaração: "Shipman", embora tenha sido o protagonista da trama, não é um exemplo a ser seguido. Na verdade, o personagem foi construído com bases em "sinais de alertas" mostrados por pessoas com depressão, ansiedade e tendências suicidas.
"Os sinais de alerta descritos abaixo não devem ser considerados isoladamente. Não há uma "receita" para detectar seguramente quando uma pessoa está vivenciando uma crise suicida, nem se tem algum tipo de tendência suicida. Entretanto, um indivíduo em sofrimento pode dar certos sinais, que devem chamar a atenção de seus familiares e amigos próximos, sobretudo se muitos desses sinais se manifestam ao mesmo tempo"
Shipman é aquele típico personagem que só faz merda o tempo inteiro e nunca é punido. Cometeu crimes a obra inteira e assassinatos, e quem leve a culpa por tudo é Edward (embora não seja inocente). Contudo, tudo na vida é uma punição, e como sempre tem alguém pra cobrir as merdas que ele faz, ele próprio se puno.
Auto-mutilação, bebidas, drogas e até mesmo o sexo não aliviam nada. Na verdade, acabam provocando um aumento de carga negativa que, no final, você não sabe como lidar. Um exemplo? Em nenhum momento Shipman buscou por tratamento psiquiátrico, nem qualquer tipo de ajuda, e se tornou um alcoólatra que é infeliz e não gosta da pessoa que se tornou.
Então, os problemas acabam se agravando. Por quê? Porque ninguém, em ocasião nenhuma, vai conseguir lidar com tudo sozinho. É importante admitir que é incapaz de algo. É importante procurar ajuda. É "ok" admitir que falhou, e mais ainda: é importante saber definir os nossos próprios limites.
É por isso que, por exemplo, nos próximos livros, ele começará a buscar tratamento e irá conseguir compreender todas as merdas que ele fez. O Shipman foi um personagem criado pra ser odiado, justamente para que o leitor entenda que ele não é um exemplo, mas, também, para que o leitor consiga "ver" que as coisas melhorarão com o tempo.
Por mais que nós queiramos desistir de tudo (e isso passa com todo mundo), por mais que acreditemos que o mundo possa ser um lugar melhor sem nós, depois que fazemos alguma merda que acaba prejudicando alguém, nós também precisamos ser capazes de ver tudo aquilo de bom que fazemos na Terra.
Isso soa clichê e fica parecendo livro de auto-ajuda, mas eu acredito que a função dos escritores seja transmitir alguma coisa por meio da escrita.
Conclusão: Se vocês querem usar Shipman como um exemplo, sigam a seguinte ideia: "Façam tudo o oposto do que ele faria".
2. Obsessão
Parece inacreditável alguém ter uma obsessão cega por outra pessoa por mais de vinte anos, mas acontece. E muito. Pode não ser tão na cara como descrito, mas a obsessão existe e é muito fácil cair nessa.
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Diários de Assassinos em Série (Vol. I) - O Médico Sujo
Mystery / ThrillerO maior Instituto de pesquisas médicas da Europa recebeu tal título por suas inúmeras descobertas científicas. Entretanto, ninguém desconfia que este seja comandado por uma organização criminosa tão secreta, que a maioria dos policiais ingleses nunc...