Capítulo Sete - Steven

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Ouvindo as risadas dos meus irmãos pelo jardim, eu senti como se fosse uma criança de novo, amando cada segundo da vida perfeita que tive até os onze anos

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Ouvindo as risadas dos meus irmãos pelo jardim, eu senti como se fosse uma criança de novo, amando cada segundo da vida perfeita que tive até os onze anos.

Naquela época meu pai ainda era presente; ele estava ali ao nosso lado mesmo nos dias mais corridos e nas noites em que só tinha tempo de nos dar um beijo de boa noite, quando já estávamos na cama. Naquela época minha mãe ainda estava viva, fraca por conta do parto arriscado dos gêmeos - do qual nunca se recuperou totalmente - mas mantendo sempre um sorriso no rosto.

E, também, naqueles tempos Sebastian tentava dar seus primeiros passos. Passos que alguns anos depois cessariam para sempre.

E eu ainda tinha sonhos incríveis, objetivos concretos e felicidades reais.

Eu era muito mais do que só o príncipe herdeiro que o mundo observava. Era uma criança cheia de vida que nunca sofrera de verdade.

E então foi como se eu fosse perdendo uma parte de mim a cada queda e a cada dor. Como se a cada dia o meu lar se tornasse mais um castelo vazio e silencioso e menos o refúgio seguro e amoroso da minha infância. Foi um alívio minha ida para a universidade aos dezoito anos, por mais que não tivesse encontrado lá muito mais do que teria achado se continuasse em Arthenia.

Aliás, não é como se eu conseguisse encontrar algo bom sem nem ao menos sair para procurar, não é?

Eu sabia daquilo e a verdade produzia um sabor amargo na minha boca.

Mas tudo bem. Eu tinha me acostumado a viver daquele jeito: sem sentir. Coloquei toda a dor em uma caixinha e a tranquei a sete chaves, para que não fosse capaz de me machucar. Mas o que ganhei com isso? A indiferença diante das situações da vida, a incapacidade de sentir de verdade, de me divertir... E tudo bem. Eu podia sobreviver daquele jeito, aliás, minha vida não era ruim, certo? Ela estava longe de ser.

Eu podia conviver comigo mesmo e sufocar todas as dores do passado bem no fundo da minha alma, mas, quando aquele bilhete da noite anterior foi entregue, foi como se as muralhas que eu tinha cuidadosamente erguido ao meu redor caíssem por terra, deixando exposto aquele garotinho assustado e deprimente que eu tinha sido durante os primeiros meses da morte da minha mãe.

Minha segurança interior estava acabada, e eu não sabia se conseguiria restaurá-la de novo e deixar aquilo para trás.

Eu precisava de respostas. Precisava entender, mesmo que aquilo fosse apenas uma brincadeira e eu fosse um peão para quem quer que estivesse jogando.

"Steven?", a voz de Layla Bennett fez com que eu despertasse dos meus devaneios de forma abrupta. Ergui os olhos para ela. "Está aí?"

Deus... Era como se aquela garota fosse um raio de sol ou algo assim.

Ao olhar para ela me senti exposto, embora de alguma forma não me importasse com isso.

Ela, assim como Alexia, parecia não se encaixar direito naquele lugar escuro e sem vida. Era como se ela fosse capaz de transformar tudo o que tocasse, e eu podia ver isso em meus irmãos, que riam como há muito tempo eu não os via rir, brincando na neve de dezembro como se aquela fosse a coisa mais divertida que já tinham feito.

Um Amor Para o Príncipe Herdeiro, livro 1 - Casa ArtheniaOnde histórias criam vida. Descubra agora