Morpheus Dreams

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Capítulo quinto. Morpheus Dreams.


Começou com um formigamento na nuca, se estendendo pra uma sensação esquisita nas extremidades. O sofá do Ned de fato parecera muito tentador noite passada, mas agora era o antagonista das piores dores musculares e de um maldito torcicolo. Peter Parker acordou com alguns raios de sol que escapavam pelas frestas das persianas. Supôs que já deveria ser pouco mais da metade da manhã, já que ambos haviam ido dormir quase quatro horas da manhã e o relógio biológico do garoto era muito mau acostumado. Demorou-se um tanto para levantar, estralando os dedos despercebidamente, enquanto visualizava cada canto da sala iluminada em tons de dourado. Em qualquer outro momento, Peter apreciaria aquele horário do dia. Havia um clima gélido em harmonia com os calorosos raios solares, e aquela sala servia como um cenário perfeito. Entretanto, os acontecimentos de ontem à noite o impediam de apreciar tal ambiente nostálgico. Sequer precisou recordar-se em pensamentos, pois estes já haviam despertado consigo.

─ Mas agora não é a hora de pensar sobre isso, né, Pete? ─ antecipou-se em voz alta, deixando aquele assunto de lado antes que tomasse a sua cabeça. Porém, sabia que aquela esquiva não duraria para sempre.

Revirando-se e ajeitando as roupas amarrotadas, o garoto parte para o banheiro mais próximo, onde se depara em desagrado com o aspecto cansado e amassado do seu rosto. As roupas, ainda que sociais, estavam em um estado deplorável. E sinceramente, não via a hora de tirar aquelas peças e colocar algo mais confortável.

A água fria banhou e expurgou a fadiga do rosto juvenil, lhe dando um ar mais acordado – apesar de querer correr de encontro com a cama king size. Deixando o banheiro com a camisa devidamente alinhada e o cinto afivelado a calça, o garoto se encaminha em passos silenciosos até o quarto de Ned, onde – folgado como o era – Tony Stark decidiu repousar. Ou melhor, perecer, palavra que se encaixava melhor para descrever a maneira peculiar como o mais velho dormia. Peter julgou que a bebida deveria ser o motivo para tal, mas evitou ficar muito tempo ali olhando para o homem. Não havia com o que se preocupar. Daqui umas horas ele se levantaria como se nada tivesse acontecido e iria pedir para Happy buscá-lo. Nada novo sob o sol.

Sem muita demora, certificando-se de que estava tudo em ordem na sala da senhora Leeds, Peter sai pelas portas dos fundos e se encaminha para o ponto de ônibus mais próximo. Poderia ter simplesmente ativado o Aranha de Ferro com o bracelete e se arremessado de prédio em prédio, mas pela primeira vez em muito tempo, só queria ser um jovem cidadão normal. Afinal de contas, adorava tomar o ônibus e ouvir música sentado na janela, apenas contemplando aquelas ruas familiares de Nova York.

Aterrissando novamente em terra firme, Peter vai de encontro ao mercadinho familiar do Queens, a Deli-Grocery, onde o senhor Delmar preparava um dos seus sanduíches favoritos. Já era quase meio dia e seu estômago estava roncando, tendo sido alimentado apenas com alguns canapés na festa. Ao adentrar a loja, tilintando o sino de clientes, um rosto conhecido volve para si e Peter exclama animado:

─ MJ!

─ Hey, Pete. Wazzup. ─ indo em direção à colega e proferindo um "bom dia" para senhor Delmar no caminho.

─ Não sabia que frequentava aqui.

─ Não frequento. Mas é o melhor burrito congelado do bairro, então... ─ neste comentário, a garota levanta algumas sacolas que estavam em sua mão e recebe o troco de senhor Delmar do outro lado do balcão.

─ Ah sim, entendo. Então você já está de saída? ─ Peter torna uma postura cabisbaixa.

─ Vá direto ao ponto, Peter Parker.

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