você o ama?

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As ondas do mar iam e viam de um modo preguiçoso, pareciam se arrastar e cada vez mais levar um pedaço de Shouto consigo. Ele estava sentado na areia da praia, com seus pés descalços encostando na água gelada. A polícia havia pedido para que ele fosse avisar à Inko sobre o paradeiro de seu filho, e Shouto teve que ir.

Na primeira hora foi fácil. Eles tiveram uma conversa amigável e falaram sobre Izuku, conversaram sobre tudo o que ele gostava e o futuro brilhante que ele possuía. Tudo estava ótimo, até que Inko explodiu. Ela não parecia ser uma mulher má, mas suas palavras foram duras o bastante para quebrar a proteção que Shouto havia criado em sua mente. Pelo visto, ela havia descoberto sobre o seu filho gostar de homens através de uma revista de fofoca, e isso não a agradou muito. O jeito que ela falou "eu sempre soube que havia algo de errado com o meu filho" fez com que o garoto ficasse enjoado. Ele deveria ter ouvido Ochako e deixado com que Bakugou fosse em seu lugar. Deveria ter deixado com que Bakugou falasse com Inko e tentasse não piorar tudo, mas ele era teimoso demais e quis pagar para ver o que iria acontecer.

Agora ele estava ali, na praia, se perguntando em que momento ele errou. Se perguntando em como seu mundo virou de ponta cabeça em poucos dias.

A mãe de seu namorado o odiava, isso era notável. Izuku provavelmente o odiava também. Rei também poderia odiá-lo quando descobrisse a verdade. Dabi já o odiava, então não fazia tanta diferença.

Shouto os entendia, pois também se odiava.

Se odiava por tudo aquilo, por ter se colocado naquela situação patética apenas para conseguir desfrutar de Izuku por um curto período de tempo. Haviam outros jeitos de salvar Rei, mas aquela troca fora injusta, completamente irracional. A polícia não estava somente interessada em salvar a ex esposa do herói Nº1. Não, havia algo a mais naquela história, algo que não haviam lhe dito no início.

Shouto enterrou suas mãos na areia e fitou a terra molhada. Um sorriso involuntário tomou seus lábios, e ele lembrou-se de como Izuku estava animado para vir à praia e contar sobre seu namoro para a sua mãe. E isso poderia ter acontecido, deveria ter acontecido, se não fosse por essa estúpida missão.

Uma mão tocou gentilmente no cabelo do ruivo, que olhou para cima na esperança de ser seu pai, o dando apoio moral e falando que términos eram difíceis, mas necessários. Shouto estava pronto para mandar seu pai embora, mas quando ele notou que quem tocava em seu cabelo era Touya, sentiu seu corpo paralisar e um frio subir por sua espinha. Ele não tinha o escutado se aproximar.

— Ele está bem. — Disse o vilão. 

Um silêncio estranho se fez presente entre os irmãos. Um sentimento de tensão crepitava no ar e parecia estar antecipando uma explosão, ou uma briga. Shouto sempre sentia-se tenso quando falava com Touya. Aquela não era a primeira vez que eles conversavam pessoalmente. Depois daquele dia, Shouto tentou se aproximar do seu irmão, ele sempre escrevia cartas e pedia para que alguns vilões entregassem a Dabi, o bicolor pagava por isso, mesmo não fazendo noção se suas cartas chegavam ou não.

Isso aconteceu por três meses, até que em um dia ele recebeu uma mensagem dizendo "pare de me enviar cartas idiotas, senão eu vou invadir a ua e matar você." Shouto deveria ter ficado assustado, mas não fez. Ele sorriu igual um idiota e começou a enviar várias mensagens ao seu irmão, lhe contando sobre tudo. Touya não era de falar, ele visualizava as mensagens  e às vezes respondia com um simples "legal" ou geralmente era um "foda-se", na maior parte das vezes ele só dizia "puta merda, cala a boca e vai dormir seu aborto mal feito do caralho." Shouto não se sentia mal com os xingamentos, ele sabia que Touya havia se apegado a ele, a prova disso era que quando Dabi trocava de chip, mandava apenas um "Oi, Shouto" e tudo recomeçava.

crush; tododekuOnde histórias criam vida. Descubra agora