No Mesmo Barco

Capítulo 13. O dia: Dela, Dele

***Sam

Dara e eu rolamos pela minha cama e eu queria arrebentar com a cara dela por não me deixar falar com Devon:

- Sua vaca, maldita - ela não pareceu recuar mesmo com os cabelos todo desgrenhado - você venceu, eu quero transar com Devon - meu grito saiu mais espontâneo do que pareceu.

Dara como se não tivéssemos acabado de ter uma luta por causa do meu celular, deu de ombros e saiu dizendo um simples "tudo bem" e disse que ia na cozinha da minha casa comer para que começassem os trabalhos.

Eu me levantei toda desengonçada e teria que arrumar meu cabelo de novo por conta dessa maluca. Que foda!

Mais tarde, Dara fez minha impressora trabalhar horrores enquanto eu fazia o ponche. Espero que ela saiba o que está fazendo.

***Devon

Passamos a noite em claro naquela casa noturna e alguns dos rapazes desapareceram, às vezes o sequestraram para retirar os rins, vai saber!

Eu vi o sol nascer, fumando na sacada do hotel.

A ressaca é geral e estamos a poucas horas do jogo oficial.

- Cara, estamos todos mortos. Não vai dar para jogar- Matt aproximou de mim com seus óculos escuros e cara amassada de dormir por uma hora em cima de uma garota.

Aos poucos os zumbis que estavam estendidos pelo chão do apartamento foram se juntando ao meu redor e alguns nem se moviam mesmo. Ao certo, morreram de fato.

Eu olhei a todos aqueles otários que me encaravam buscando um norte e eu disse:

- Caras, agradeço vocês por cada um dos momentos que vivemos como Falcons - eu disse me emocionando - tive o privilégio de conhecê-los e me dedicar de forma integral a minha vida a esse time - Andrew e Matt me abraçaram um de cada lado.

- Mas como no jogo, a vida nos faz mudar o plano, desenhar de forma diferentes as estratégias - abracei forte os otários que me sustentavam de pé, ironicamente como sempre fizeram desde quando os conheci- espero que cada um de vocês encontre um lugar ou algo que gostem de fazer para continuar a brilhar.

Foi inevitável, mas essa porra toda soou muito sentimental. Que se foda! pensei apesar de tudo.

Os olhos deles estavam vidrados em mim e eu passei meus dedos penteando meus cabelos, disfarçando as palavras meigas e disse:

-E quer saber, vamos rebater seu bando de filha da p***- e a gritaria de Falcons foi geral, fazendo aquele hotel estremecer.

***Sam

Apesar da música alta com minha cabeça latejando, Dara caprichou na decoração da casa e quanto a mim, fiz o ponche e parece que ficou uma droga. Suspirei de nervoso pensando na longa noite que teremos.

Se não fosse pelo Devon eu não entraria nessa furada, olhei para Dara pendurada na escada e gritei:

- E o que essas pessoas comem?

- Sei lá... Pipocas? - desisto, ela só pode estar de zueira.

Dara desceu da escada e me viu chateada:

- Vai dar certo, migs - ela sabia ser fofinha as vezes - pense no melhor para Devon, os outros que se explodam - e aconselha como ninguém.

***Devon

Acho que não vejo nada em minha frente que não esteja em duplicidade. Porra! Acho que nunca havia bebido tanto na minha vida.

Chegamos atrasados no jogo oficial e somente os caras do time que conseguiram se levantar da bebedeira. O time adversário, o juiz e a torcida ficaram estarrecidos com nossa chegada triunfal na quadra de basquete. Andrew foi o primeiro a abrir a boca enquanto os outros somente riam do nada, cambiando:

- Que horas começa essa porra - falou com a voz arrastada.

E Matt se juntou a ele tomando a bola das mãos do juiz, que estava de cara fechada e boca aberta não acreditando no que estava presenciando.

O rapaz cruzava as pernas e batia com dificuldade a bola de basquete, chamando os adversários que ficaram paralisados, deixando somente o time de bêbados jogarem na quadra.

Eu gritei para Matt jogar a bola e ela bateu na cabeça de Andrew que caiu no chão e não levantou mais. Rimos escandalosamente, dizendo que ele havia morrido.

O juiz desistiu da partida e o time adversário, venceu por W.O.

Não demorou muito echegaram os policiais na quadra e levou todos arruaceiros em cana.