Capítulo 9. Academia, Faculdade:Ela

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***Sam

Encurvei-me para alcançar a água do bebedouro e era exatamente desse local após minha aula de luta que eu via Devon exercitar seus músculos. Até me vejo sonhando e tocando aqueles braços fortes e ele com uma piscada de olho para mim, me fazendo derreter. Eu poderia ficar horas o observando e para ele tanto faz, já era costume dele tantos olhos em cima de seu belo físico.

Recebi a mensagem de Dara que veio até a academia para me buscar, já que o carro de autoescola em que ela faz as aulas viria por esses lados. O instrutor nada dizia e deixava-a dirigir para onde queria, parece que até vejo a cena dele pedindo para ela virar à esquerda e ela virar à direita na contramão, só para contrariar. Já se somava três vezes que ela não passava no exame para tirar a carteira de motorista. A avó dela por pena, não fazia objeções ao arcar com suas despesas.

Eu tenho minha carteira de habilitação, porém meu pai não me deixava dirigir o carro da família. O que é um saco.

Dara chegou com carro numa freada brusca, fazendo Rafael, seu instrutor, quase engolir o celular que estava em suas mãos, ele a olhou de rabo de olho. Eu coloquei minha vida em risco e entrei no carro com a Poney dirigindo. Porra, que medo!

Tinha um pacote do meu lado no banco de trás que em cada curva que Dara fazia ele batia em minha perna, eu não me importei a princípio e depois gritei:

_Quero viver, por favor, quando acaba essa aula? _ Pedi desesperadamente.

Dara não nos levou para minha casa e sim para porta do nosso antigo colégio de ensino médio e eu estranhei:

_ É o quê? _ Eu disse diante do portão de latão enferrujado.

A Little Poney pegou o pacote no banco do carro e deixou Rafael ir, ele estava até agradecendo os céus pelo fim da aula da autoescola.

_ O que é isso? _ Perguntei olhando para o pacote nas mãos da pequena.

Ela revelou que pediu dinheiro emprestado a minha mãe para fazer alguns impressos na gráfica e eu ainda fiquei sem entender:

_ Pediu dinheiro para minha mãe, caralho! _ Dara não mede consequências.

_ Já pedi para deixar comigo! _ Ela me intimidou com um olhar psicótico.

_É para seu negócio de balas sabor: terra molhada? _ Resolvi tirar "uma" com a cara dela. Porque segundo a Poney, seria viciante.

_ Não, é para meu salão de beleza: Cuidamos bem da sua vida! _ ela virou os olhos.

Diante da minha curiosidade ela rasgou o pacote e me entregou um monte de pulseiras fluorescentes e com a cara do... Devon! Quase caí dura ao ver a foto do meu crush ainda no ensino médio e com a descrição:" festa, bebida, curtição... próximo sábado no endereço...".

_Mas é o quê? Você vai vender as entradas da festa? _muito me surpreendeu, apesar de que vindo de Dara posso esperar de tudo.

_E você vai me ajudar _ ela já disse oferecendo às pulseiras para um grupo de garotas.

As garotas começaram a questionar: "Mas ele já não está na facu...", e a outra: "há, mas eu não tenho dinheiro..." e Dara foi contornando a situação dizendo que ele estava ainda mais gostoso, que o dinheiro do lanche já pagaria e essas coisas. E eu só observando até onde tudo isso daria.

Dara se empolgou até que viu seu meio irmão, o Dylan, que nunca saía do ensino médio e lhe arrancou uma pulseira das mãos:

- Valeu pelo convite, maninha - debochou o filho do pai de Dara.

- Seu filho da p*** - Dara queria socá-lo se não tivesse tantas pulseiras ainda para vender.

Eu observei o bastardo descer a rua e perguntei:

- E se ele chamar aqueles chapados que andam com ele? - fiquei preocupada.

- Ele é problema meu - eu fiquei ainda mais preocupada com a resposta dela.

Só no ensino médio praticamente todas as pulseiras foram vendidas e restaram alguns que vendemos para os recém-chegados a faculdade, que queria curtir ainda essas paradas.

Estávamos exaustas para nossa aula a noite e eu cutuquei Dara enquanto ela copiava um exercício que valeria nota do colega vizinho:

_ O que diremos a Devon quando ele voltar no sábado? _ perguntei a ela, escorando-me em minha cadeira.

_Nada, ele vai ficar agradecido de devolvermos a fama de pegador para ele _ela disse dando de ombros.

E eu pensei em como tudo aquilo poderia dar certo. Mas, apesar dos pesares rendeu um bom dinheiro para já começarmos.

Em casa, acordei com meu celular tocando o atendi e deixei na viva voz do meu lado, foi bom ouvir a Devon e eu disse que o esperava no sábado.


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