No Mesmo Barco

Capítulo 8. Filme, Elas e Shopping, Eles

***Sam

Depois de apenas dois tempos na faculdade chamei a Dara para vir para minha casa. Devon havia dito que não iria para a aula e assim organizaria melhor sua viagem.

O campus sem ele não tem a menor graça. Suspirei, lamentando sua falta.

Fiz pipocas e entreguei um pacote gigante nas mãos da Poney, que selecionou o filme para vermos na Netflix.

– Então – cutuquei a pequena – por que você não me chama também de Sam?

– Porque prefiro te chamar de vaca – ela debochou da minha cara – desencana, senão vai correr com o senhor cara bonita com olhos cor de capim – ela disse me jogando o travesseiro na cara e voando pipocas por todo quarto.

– Você vai limpar – falei sério.

Eu não queria meu quarto cheio de insetos como o da desorganizada Dara. Não culpo a ela, vida difícil, mãe ferrada e pai presidiário. Quem paga sua faculdade é sua avó paterna.

– Litlle Poney– a chamei no meio de uma cena de ação do filme.

– Vai se ferrar – ela não mede palavras.

– E a festa? – a interrompi de novo.

Ela fechou a cara e resmungou:

– Seu boy paga, ele tem pai rico – respondeu ela com a boca cheia.

– Pai esse que o faz andar de metrô – eu virei os olhos desanimada.

– Relaxa, Migs. Eu tenho um plano

– Esse é o problema – desabafei.

Minha mãe Jeniffer chegou ao quarto, empolgada mostrando o novo vestido que ganhou de Anthony, o meu pai. Ela disse que receberia uma semana de presentes todos os dias até sexta-feira, o dia da viagem deles:

– Legal – Dara e eu respondemos sincronizadas e não tiramos os olhos do ator principal do filme.

***Devon

– E aí, Devon. Como vai ser? – Matt me questiona sobre o financeiro do time de basquete que estão as mínguas.

Desde que saímos do ensino médio, dependemos de patrocínios e aos poucos todos desistiram. Por último meu pai que não mais bancou o time devido as minhas atitudes e justo ele, dono de uma indústria de doces.

– Vamos dar um jeito – Tentei ser otimista.

– Vai ser foda viver sem o time – Andrew entregou os pontos.

Eu travei meu maxilar e não respondi os caras escorados no meu Mustangue no estacionamento do shopping.

Matt zoava o nariz machucado de Andrew e eu observei uma garota e suas belas curvas se aproximar de nós e do Mustangue, consequentemente:

– Olá, minha amiga e eu precisamos de uma carona, será que vocês estão disponíveis?

Eu inclinei minha cabeça para trás e quem respondeu por mim foi Matt:

– Mas é claro, amor – disse ele todo afoito.

Eu vi a empolgação de todos e quando já iam abrir a porta do Mustangue, eu avisei:

– O carro de Matt é aquele perto do posto – as garotas olharam para o Chevette cor laranja ano 85 e disseram de imediato que tinham outro compromisso.

Quando elas saíram Matt voou para cima de mim e Andrew o conteve:

– Qual é, cara? – ele se irritou.

– É o quê? Nem todas apreciam carros restaurados – respondi enquanto acendia meu cigarro.

Andrew empurrou Matt de lado e veio conversar comigo:

– Cara, não ando te reconhecendo – ele choramingou.

– Que bom – exclamei o fazendo recuar.

– Foi depois que se misturou com aquelas baratas – Andrew continuou a provocar.

Eu peguei Andrew pelo colarinho da camisa e ameacei:

– Fala essa palavra de novo – eu estava realmente falando sério.

Andrew me olhou nervoso, porém nada disse e eu o joguei em cima de Matt que me fuzilou com os olhos.

Depois de um tempo calados, Matt resmungou:

– Isso quer dizer que hoje não vai ter racha? – Ele questionou com a cabeça baixa.

– Quer dizer que amanhã bem cedo vamos viajar com o time e fazer esse campeonato render alguma coisa, como era antes – falei para não restar dúvidas.

Os dois otários me olhavam como se estivessem perdidos e realmente estavam, pois viam em mim, desde o ensino médio como uma referência. E eu mesmo acordei a tempo, para não mais fazer merdas na minha vida.

Segui para casa sozinho no meu carro e meucelular tocou no banco carona, rejeitei a chamada de Ruiter me chamando para umracha e logo a proteção de tela do celular apareceu com os olhos do mangá deSam me encarando.