Capítulo 15

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Sem uma palavra, Julien girou nos calcanhares e começou a se afastar das duas com passadas preguiçosas, como quem caminha à esmo. À princípio acreditou que ele não tivesse o mesmo interesse nela que Victoria parecia demonstrar, mas à certa distância ele voltou o rosto para trás e deu uma piscadela, indicando com a cabeça que o seguissem.

— Vamos, Ceci — Victoria apressou a prima com um gesto.

— Para onde? Ele não pode... — hesitou ela, olhando de volta para a casa com preocupação.

— Tchauzinho — sussurrou Victoria, adiantando-se

— Espera! — pediu ela, tentando parecer determinada.

A outra apenas riu da indecisão da garota.

No encalço de Victoria, Cecilia sentiu seu coração bater apressadamente ao ver o primo abrindo cautelosamente a porta da caminhonete estacionada sob uma árvore. Ela lançou alguns olhares furtivos ao seu redor, temendo que fosse uma armadilha para coloca-la em maus lençóis com os tios, especialmente ao notar o sorriso malicioso dançando nos lábios de Victoria.

Julien soltou o freio de mão e arqueou as sobrancelhas para a irmã. A garota fez sinal para que Ceci a acompanhasse e, com algum esforço, fizeram o veículo rolar gentil e lentamente sobre a pequena inclinação da pista de terra nos fundos da casa. Quando Julien determinou estarem longe o suficiente, os três pularam para dentro da caminhonete, Ceci sentando no meio dos dois irmãos, e ele acionou a ignição. Apesar de antiga, a caminhonete estava em bom estado e a partida não fez barulho o suficiente para chamar a atenção do pessoal dentro de casa, fazendo com que Ceci soltasse a respiração aliviada.

Julien passou a segunda marcha com ar presunçoso de quem está no controle de algo. Quando já estavam fora do terreno dos avós, os dois irmãos se olharam por um segundo e baixaram os vidros das janelas, deixando o vento entrar enquanto Julien fazia a caminhonete se esforçar para aumentar a velocidade.

— Ó liberdade, amante dos aventureiros sem destino! — cantou Victoria, estendendo a mão para fora da janela, soando dramática.

Ceci lhe lançou um olhar duvidoso e a garota riu, uma risada suave e atraente que podia muito bem fazer parte da natureza ao redor deles.

— Onde vamos?

— Onde nossos corações nos levarem! — exclamou Victoria, arqueando uma sobrancelha — O que diz o seu?

Ela deu de ombros. O coração de Ceci ainda batia descompassadamente e ela achava que os primos eram provavelmente as pessoas mais peculiares que já conhecera, mesmo sem os conhecer realmente.

— Pois o meu coração anseia por algo excitante, que faça meu sangue pulsar nas veias com uma onda de adrenalina — volveu Victoria.

Drogas? Será que havia se metido em algo bizarro demais? Estava acostumada a matar aula, contar mentiras sobre onde ia e o que fazia, ingerir álcool e ser um tanto quanto rebelde sempre que podia. Mas os primos pareciam uma espécie diferente de adolescentes. Julien dirigia com a perícia de alguém devidamente habilitado para a condução de veículos e Victoria parecia uma modelo profissional.

— Julien, você nunca fala nada? — indagou, torcendo mentalmente para que não fossem usar drogas.

Ele dirigiu a Ceci um breve olhar de soslaio, o suficiente para parecer perscrutador e invasivo, como se houvesse aprendido todos os segredos dela naquele curto instante, e ergueu um dos cantos dos lábios.

— Pergunte o que quiser — a voz grave e interrogativa de Julien ecoou com a suavidade de um violão Cello. O sotaque britânico conferia aos gêmeos um charme extra.

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⏰ Última atualização: Apr 30, 2021 ⏰

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