Capítulo 5

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Melanie já estava enrolada em um roupão felpudo, esperando a banheira de hidromassagem encher, enquanto Ceci se despia lentamente na frente da porta espelhada do guarda-roupas da amiga.

— Você acha que meus peitos estão maiores? — perguntou ela, elevando o tom de voz para que chegasse até o banheiro da suíte.

— Tomando muito leitinho? — gritou Melanie, correndo de volta para o quarto, fazendo Ceci gargalhar.

— O que acha?

Ceci colocou as mãos na cintura e girou o torso em direção à amiga, inclinando-se para frente e  espremendo os seios com os braços em seguida.

— Acho que sim.

Melanie rodeou Ceci e agarrou-lhe os seios com pouca delicadeza, fazendo-a grunhir.

— Parabéns, não é mais uma tábua!

Ceci empurrou a amiga, açoitando-a com a camisa da escola enquanto as duas riam.  Melanie correu, pulando por cima da cama, com a outra em seu encalço, esparramando as inúmeras almofadas pelo chão acarpetado. Aproveitando-se de sua agilidade superior, Ceci jogou-se por cima de Mel e as duas caíram juntas no chão, soltando gritinhos de dor e surpresa. Enquanto Melanie ria, Ceci agarrou-lhe os pulsos, prendendo-a entre suas pernas.

— Ah, como eu queria ser peituda assim — lamentou-se, esfregando o rosto no peito da outra até que o roupão se abrisse.

A posição indefesa em que colocara Melanie fez com que o sorriso de Ceci se tornasse um pouco menos brincalhão, um pouco mais sádico. As gargalhadas de Melanie ecoavam alto pelo quarto, impedindo-a de reclamar ou reunir forças para derrubar Ceci, que se inclinou e deu-lhe uma pequena mordiscada na curva do seio esquerdo. 

— Cecilia Anderson! — gritou Melanie, com o rosto vermelho — Você não tem modos!

Ceci soltou-lhe os pulsos, esperando a amiga revidar, mas quando virou o rosto para o lado encontrou o olhar inquisidor de Josh na fresta da porta entreaberta. Melanie levantou-se de supetão, derrubando Ceci na direção oposta à da porta, até que sua nudez fosse acobertada pela cama entra ela e o rapaz.

— Eca, seu pervertido! — berrou Melanie, apertando o roupão contra o corpo e avançando até o corredor com um olhar ameaçador na direção do irmão.

A porta se fechou atrás dela e Ceci só conseguiu ouvir parte da discussão dos dois irmãos, que praticamente rosnavam um para o outro, contendo o tom de voz provavelmente para não atrair mais nenhum participante. As palavras "indecente", "absurdo", "vergonha", escorregavam através da porta fechada e Ceci revirou os olhos.

Quando Melanie voltou, tinha os olhos avermelhados e a cabeça baixa.

— Seu irmão é um babaca... — murmurou Ceci e a outra penas balançou a cabeça em concordância.

O banho de hidromassagem não foi tão divertido quanto o planejado. Elas ouviram músicas românticas e assopraram a espuma pelo ar, sem conversar muito.

O plano era dormirem para acumular energia suficiente para virar a noite na festa e, embora Ceci houvesse concordado,  assim que a amiga adormeceu, ela deixou o quarto, com o intuito de explorar a mansão e descobrir alguns segredos. Toda casa tinha segredos, aquela não seria uma exceção. 

Ceci percorreu o longo corredor do andar de cima e encontrou uma biblioteca. Não havia planejado gastar seu tempo com livros, mas talvez nunca fosse capaz de resistir à um cômodo com paredes forradas com estantes abarrotadas de grossos volumes. 

Ela passou o dedo indicador pelas lombadas das obras na prateleira mais ao seu alcance enquanto seu olhar vagava pelos títulos nas prateleiras mais acima. Entre livros de psicanálise e psicologia, encontravam-se vários clássicos da literatura. Se tivesse mais tempo talvez pudesse se sentar ali e retirar livro por livro de seu lugar, até que estivessem todos aos seus pés, só para recolocá-los novamente em suas posições após ter se perdido em cada página. Certamente não poderia fazer algo do tipo, mas permitiu-se puxar um único volume de seu espaço na estante à sua frente e folheá-lo. 

Garota InconsequenteOnde histórias criam vida. Descubra agora