Com dificuldade, Cecilia abriu um olho, tentando verificar as horas no relógio do celular, ofuscada pela claridade que entrava através de uma pequena fresta nas pesadas cortinas. Vendo que já eram duas da tarde, saltou da cama direto para o chuveiro.
O banho gelado a despertou rapidamente. Não lavou os cabelos. Já não tinha mais tempo para secá-los e, como sua mãe, não gostava de sair de casa com cabelos úmidos. Pelo menos a aparência estava boa. Escolheu uma saia jeans curta e cropped top preto, deixando uma parte do ventre exposta. Para completar arrancou um par de meias arrastão de uma gaveta, que deixou aberta, e um cinto de rebites. Calçou rapidamente os tênis brancos e correu escada abaixo, deparando-se com o olhar de reprovação do pai.
— Você vai assim? — indagou ele, já franzindo a testa.
— Sim, por quê? — replicou ela, tentando controlar a acidez em seu tom de voz para não ter mais problemas com Edward.
— Troque de roupa para podermos ir logo — disse Edward, parando-a à meio caminho da sala de jantar.
Ela bufou antes de revirar os olhos.
— Você sabe que chama a atenção dos fotógrafos e sites de fofoca, então vista-se em público de forma a receber apenas alguns elogios ao invés de um lote de críticas — continuou ele.
— Papai — disse ela entredentes — Só quero tomar café da manhã em paz antes de sairmos. Será que poderia me poupar das suas críticas um dia sequer?
— Café da manhã? Já estamos atrasados. Se quisesse tomar café da manhã deveria ter acordado de manhã — rosnou Edward — Não quero deixar sua mãe esperando. Troque de roupa ou fique em casa.
Ela queria protestar, mas a saudade da mãe foi mais forte. Poderia agradar ao pai por sua mãe. Não queria deixar de ir buscá-la no aeroporto e o tom de voz de Edward parecia determinado. Se não o obedecesse ficaria realmente para trás.
Marchando, ela voltou para o quarto e revirou as roupas no armário, deixando a bagunça se acumular a cada porta que abria até que, por fim, escolheu um vestido branco com flores azuis e verdes, com uma faixa azul-marinho debaixo do busto. Estava semi-nua quando ouviu a porta abrindo atrás de si.
— Rápido, filha, estamos no limite do horário! — exclamou Edward, colocando a cabeça na fresta da porta.
— Papai! — gritou Ceci, enrolando-se no vestido para esconder os seios em desenvolvimento — Saia! Saia!
– Ora, não seja boba, Ceci... Sou o seu pai e você é uma criança!
O seu corpo já quase não possuía mais curvas infantis e as pessoas a quem ela sentia vontade de exibi-lo não eram nem o pai nem a mãe. Suas bochechas ficaram vermelhas e ela jogou uma camiseta em direção ao pai.
— Eu não sou mais uma criança! Estou virando mulher e não quero que você entre sem bater! – retrucou, levantando a voz e apertando o vestido com força contra o corpo.
— Tudo bem, desculpe, estou saindo — murmurou Edward — Mas se apresse, estarei no carro em 3 minutos exatamente!
Assim que a porta se fechou, a garota se virou para o espelho. Seu passatempo predileto era admirar o próprio corpo longamente, sentindo-se extremamente atraente. Ela abanou a cabeça, sentindo que estava desenvolvendo narcisismo crônico. Entrou no vestido rapidamente e concluiu, satisfeita, que não estava de todo o mal.
Ela jogou-se pesadamente no banco do passageiro, fazendo questão de adotar uma expressão enfadonha para que o pai ficasse ciente de sua contrariedade. Fizeram o trajeto até o aeroporto em silêncio. O celular vibrava em seu bolso, mas ela não queria atendê-lo na frente do pai, então colocou em modo noturno, pretendendo ligar de volta para Melanie assim que tivesse um pouco de espaço.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Garota Inconsequente
Fiksi RemajaLEIA A SINOPSE APÓS O AVISO: Se você estiver lendo esta história em qualquer outra plataforma que não seja o Wattpad, provavelmente está correndo o risco de sofrer um ataque virtual (malware e vírus). Se você deseja ler esta história em seu formulár...