Capítulo 11: Homicida

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O arqueólogo sentia-se intimidado pelo cenário do crime: uma casa velha e assustadora. Bem diferente da casa onde estava hospedado com o seu pai que era precária, feia, porém aconchegante de certa forma. A casa, que estava à uma certa distância, causava arrepios à qualquer um que se aproxima-se dela. Lembrou-se imediatamente de um romance de terror  que lera à sete anos atrás, em que um homem encantador seduzia uma mulher que o investigava sobre possíveis assassinatos e então levava a mulher para uma casa parecida com o local do sequestro e a matava e a estuprava da pior forma imaginável.  No final do romance, o próprio homem ao ser encurralado por policiais, explode a casa e comete assim suicídio.

   Mark não conseguia entender o porquê de estar pensando em um livro que lera à tanto tempo. Mas a casa se parecia com a do livro que lera. Não só pela residência em si, mas pelo cenário em que a casa mal-assombrada se encontrava. Tudo era exatamente como estava na obra que lera. Isso lhe causava arrepios. A casa lhe causava mais arrepios do que o cadáver encontrado no meio da estrada que deveria ser do marido da detetive.

   O arqueólogo ficou hesitante em adentrar na casa. O seu  veículo estava parado à poucos metros da moradia em um local discreto abaixo de uma grande árvore que cobria o veículo do campo de visão de qualquer um que viesse do norte.
   Não havia tempo a perder. Mark saiu do carro com o revólver carregado com balas de prata. Aproximou-se rapidamente, porém furtivamente da casa. Os seus hormônios estavam a flor da pele. A respiração permanecia ofegante. Mais ofegante quando adentrou a moradia. As paredes e o ambiente deixado ao acaso se aproximavam da ficção que lera, tudo devorado. Tudo feito de comida aos cupins e às traças.

   O arqueólogo, apesar da má impressão que o local lhe causara, procurava manter a cautela. Com a arma sempre apontada para frente, adentrava furtivamente na casa, que não dava sinais de que algum ser vivo pudesse estar naquele local. “Poderia ter sido um trote”, pensou, mas logo lhe veio na mente que Davis não era tão idiota assim. Era oportunista, com certeza. Um homem daquele, “sem juízo”, como pensava, era um completo idiota sim, mas o arqueólogo sempre desconfiara de que, por ser um sujeito que não tinha onde cair morto, devido ao baixo salário, era capaz de realizar qualquer serviço para manter-se bem financeiramente. Pensou que tudo poderia ter sido proposta do desgraçado dono do Museu onde sempre trabalhou. Sim, poderia ser tudo culpa do charlatão. Se havia manipulado o seu falso pai, com certeza faria o mesma com Davis que apesar de não ser ignorante, não tinha muita capacidade cognitiva.

      Estes raciocínios o assombravam enquanto subia a escada que conduzia até o andar de cima da residência.

      Entrou em um dos quartos presentes no local, mas nada encontrou, a não ser um baú inútil e vazio. Quando foi sair do quarto furtivamente, percebeu Davis passando como um vigília no andar de cima da casa. Deu um passo para trás e permaneceu escondido no quarto com o rosto mergulhado em suor. O sequestrador parecia não perceber a presença de Mark e desceu a escada. Percebendo, a ausência do homem, o arqueólogo se dirigiu rapidamente, na ponta dos pés, até um quarto que ficava ao lado.

     A cena o fez andar um passo para trás e colocar a mão na garganta.  Lisa encontrava-se com os braços amarrados aos pés de uma cadeira e deitada no chão. Uma poça de sangue se formava no quarto devido a um ferimento no tórax. Uma tesoura estava lançada no chão ensanguentada e pintava o chão de sangue. Havia uma mancha de sangue que já tinha se expandido pelo seu corpo e por partes do chão do quarto. A mulher quase já não mantinha forças para agonizar e era perceptível que sua respiração não durasse mais do que quatro minutos. Estava toda suada. Suas pupilas se dilataram ao ver o seu antigo cliente ali. Surpresa esta que fez com que o seu coração não resistisse. A pobre detetive expirou antes de balbuciar:

–Mãe! Me leve...

O arqueólogo olhou para trás para poder verificar a presença do homicida. Entrou em desesperou.  Lágrimas involuntárias escaparam de seu rosto  e rapidamente secaram. Admirava os seios descobertos da mulher. As manchas de sangue espelhados pelo abdômen e pelos seios faziam os olhos de Mark saltar. Seus lábios se abriram lentamente e deixaram escapar uma abundante gota de saliva.

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