Petronios

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Roma 41d.C.

"Realmente não entendo pra que merda o Inferno ainda me manda pra essa porcaria de lugar." Crowley pensava irritado enquanto saía do palácio do imperador. Era pra ser um trabalho rápido, mas como tem sido nos últimos tempos, ele mal precisa fazer de fato alguma coisa. Os humanos já estavam imersos em sua corrupção sem a sua ajuda. Pelo menos uma coisa a qual fez questão de pegar foi um novo item que criaram chamado "óculos escuro", abençoada seja a mente criativa humana, pois isso iria lhe poupar gastar energia escondendo seus olhos de serpente dos mortais. "Menos uma preocupação".

Crowley se dirigiu a uma taverna conhecida, precisava beber alguma coisa, preferível que tivesse álcool, mas duvidava que fosse achar algo de qualidade aquela hora do dia.

Já dentro da taverna, Aziraphale tentava a sorte num jogo que estava se popularizando entre os mais inteligentes, estava realmente concentrado quando sentiu um cheiro familiar. Estranhou um pouco, pois dentre tantas coisas que tinham odores distintos o dono daquele que sentia era justamente o demônio Crowley. Resolveu por ignorar e prosseguir sua jogada, quando o som da voz de Crowley captou de vez sua atenção.

- Me dá um jarro do que você tiver pra beber. - ele parecia um tanto mal humorado, mas Aziraphale não deixou que isso o impedisse de criar vontade e coragem para ir falar com ele.

Nos últimos oito anos após a crucificação de Jesus, Aziraphale tinha pensado muito sobre Crowley e suas atitudes um tanto diferentes mesmo para um demônio. Quando não havia mais ninguém por perto de onde Jesus estava, Aziraphale foi falar com ele e mesmo em seu leito de morte o messias sorriu e fez um pedido um tanto inusitado para o anjo. Ele disse "observe o demônio, ele é mais puro do que sua casta diz". Claro que Aziraphale não havia levado a sério em primeiro momento, mas agora que encontrará Crowley, estava realmente (quem diria) tentado a saber o que Jesus quis dizer com aquelas palavras.

- Jarro de caldo da casa. - a atendente pôs o jarro sobre o balcão e serviu um pouco de seu conteúdo num copo de barro - Dois sestércios. - Crowley deu o dinheiro a moça e Aziraphale se aproximou sem que ele o visse.

- Craw- Crowley - o anjo se corrigiu rapidamente - Engraçado... Encontrá-lo por aqui - o sorriso nervoso não saia do rosto de Aziraphale, era a primeira vez desde que se lembrava que puxava assunto com Crowley. - Continua um demônio não? - tentou brincar em meio ao seu nervosismo.

- Que perguntinha idiota, claro que continuo um demônio, o que mais eu seria? Um tamanduá? - Aziraphale tentou não desanimar com a grosseria do outro, sabia que realmente tinha dito algo idiota, mas não imaginava que ele fosse responder assim.

- Faz tempo que está em Roma? - tentou disfarçar mudando de assunto e tomando um pouco de sua própria bebida enquanto pensava no que diria se essa investida também desse errado.

- Só passei pra uma tentaçãozinha rápida, e você? - por mais que não estivesse com o melhor dos humores, falar com Aziraphale ainda trazia alguma sensação de paz para Crowley, então estender o assunto sempre era uma boa opção a sua visão.

- Eu pensei em passar no restaurante novo do Petronios, soube que ele faz maravilhas com ostras - Aziraphale não conseguiu se impedir de ficar contente com isso, pois estava para ir nesse restaurante a semanas e pelo que soube as comidas eram realmente incríveis.

- Hn... Nunca comi ostra.

- Oh! Então eu poderia tentar voc- - Crowley virou na direção de Aziraphale antes de ele terminar a frase com um leve sorriso no rosto, como quem o desafia a terminar o que estava prestes a dizer. - Oh, não, esse é o seu trabalho - Aziraphale riu sem graça e Crowley tomou mais um gole de seu caldo para esconder seu sorriso. Mesmo sem querer, aquele anjo tinha o dom de melhorar o seu humor.

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