PRÓLOGO

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Antigamente Owen era considerada uma das mais privilegiadas aldeias.

Suas terras eram as mais férteis
e sua colheitas as melhores.
Seu gado era o mais gordo e nunca faltava alegria e festas.

Havia grande espaço para comércio onde todas as outras aldeias vinham gozar de toda sua cultura e produtos diversos que eram postos a venda em festivais.

Tudo isso era possível pois um dos espíritos dos elementos vivia ali. Este chamava -se Kale. Era um homem que chamava atenção pela beleza e bondade.
Ele trazia vida para a Aldeia.

Nesta época o Canadá era puro, então os espíritos dos elementos nasciam e renasciam em corpos humanos e andavam por meio das aldeias, trazendo sucesso para tudo que estas estivessem organizando.
Por muitos anos fora assim.

Junto com toda boa colheita e sucesso da Aldeia veio também a riqueza.
Como a ordem natural das coisas era constante naquela aldeia, nunca foi necessário  nenhum chefe ou governante para "manter ordem". Todos se respeitavam e se por acaso houvesse algum mal entendido era resolvido através de duas ou mais pessoas que trariam de fora uma solução para a questão, assim abrindo os olhos dos que discutiam.

Porém, alguns homens ao verem toda aquela  fartura temeram estar sendo presas fáceis para saqueadores vindos de outras aldeias. Foi quando criaram uma política de governo ao qual era benéfica a todos e não colocava a Aldeia em riscos. Ou pelo menos era o que eles achavam. 

Foram escolhidos 5 guardiões de confiança, aos quais cuidavam da segurança e administração da aldeia trazendo assim, paz e conforto aos civis.
Estes eram escolhidos pela força e poder, o que os capacitava a cuidar da aldeia.
Então sempre eram grandes guerreiros, poderosos magos, homens inteligentes e fortes.

Por muitos anos houve paz, até aparecer, em uma das gerações um guardião egocêntrico e orgulhoso.
Totalmente ditador.
Aqueles que não faziam suas vontades simplesmente sumiam ou eram acusados de traição e exilados.
Isso pois ele falava bem e conseguia convencer a todos com suas palavras bonitas e argumentos superficiais.
Tanto que as aldeias começaram a se juntar a Owen sendo governadas por ele.
Os outros 4 guardiões, cegos pelas artimanhas do colega simplesmente eram persuadidos a fazerem a vontade do tal.
Tanto que criaram uma prisão mágica, onde ninguém conseguia sair e só um guardião tinha a chave de acesso.
Mas não era uma prisão comum.

Certo dia, vendo o desastre que tal guardião estava causando a Aldeia, o espírito que ali vivia decidiu interferir e, juntando todos os outros espíritos, tentaram derrubar o guardião. Mas todas as aldeias , persuadidas por ele, que tinha uma força maligna ao seu favor, atacaram os espíritos cegamente e o guardião aprisionou-os.

Nunca mais a Aldeia foi a mesma.
Depois do aprisionamento dos espíritos dos quatro elementos, houve grande confusão entre as aldeias e estas começaram a guerrear entre si por desentendimentos fúteis.

Isso tudo causou uma grande guerra pois não havia mais equilíbrio sem os espíritos, apenas confusão.

A natureza, que guarda o equilíbrio em si, então tomou uma decisão. Trouxe ao mundo um grande guerreiro, com grandes poderes e inteligência.
Este, com seus poderes, concedidos pela própria natureza, lutou pela paz e a conquistou matando o guardião maligno e ficando em seu lugar.

O preço pago foi a divisão das aldeias e reclusão, sendo que nenhuma mais poderia entrar nos limites de outra, tendo selado no sangue dos civis a chave para sua própria aldeia que ao mesmo tempo escondia destes o caminho para as outras.

Até hoje algumas pessoas se perguntam sobre os arquivos que continham a real história da aldeia .
Tudo fora esquecido e hoje não passa apenas de uma lenda entre os aldeões.

Alguns contam que o guerreiro renascerá pra trazer de volta o equilíbrio, outros dizem que este já fora conquistado quando o guerreiro terminou sua missão.

A verdade? Nem mesmo eu, narrador, sei.

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-Mamãe, conta de novo a história do grande guerreiro da natureza! – uma voz aguda e um tanto manhosa falava em tom de súplica.

-Querida.. já está tarde e você deveria estar dormindo. – dizia a moça arrumando o cobertor fofinho para cima da criança e a cobrindo.

-Ah, mamãe.. – resmungou a pequenina cruzando os braços no peito em tom de desaprovação e desarrumando o cobertor novamente.

-Hora de dormir.. – dizia a mãe cantarolando já na porta.

- Mãe! – gritou a pequenina em seu tom agudo e animado. Dando um salto da cama continuou - quando eu crescer vou ser igual o grande guerreiro! Forte e corajoso!

A pequena fazia poses diversas de heróis enquanto falava, fazendo sua mãe rir e desarmando aquela expressão de seriedade que tentava esconder o coração mole que existia ali dentro.

A mãe, caminhando até a pequena, pegou-a e, rapidamente, colocou-a na cama e a cobriu novamente. Com um beijo na testa, falou:

- Sim minha filha, você será uma grande guerreira, mas pra isso você precisa descansar. Grandes guerreiras também dormem, sabia? E obedecem suas mamães.

-Tá bom mamãe! – respondeu ela já se aninhando nas cobertas e fechando os olhos lentamente. E num sussurro representando sua rendição ao sono que estava ali, falou – amo você.

-Também te amo pequenina. – respondeu a mãe já se afastando.

Hina e a Aldeia Perdida- A Fuga Dos ElementosOnde histórias criam vida. Descubra agora