Cap. 2 : A Floresta

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Um dia antes da formatura...


-Hina, você já decidiu como irá arrumar seu cabelo!?

- Ah, mãe. Vou deixar ele solto, simples. Já é chamativo o suficiente. Pra quê penteados exagerados?

-É um dia especial minha filha. Você tem que estar impecável! E além do mais, não há problema algum com seu cabelo. - dizia minha mãe enquanto se dirigia ao armário.

A animação dela era evidente e se eu não fosse tão rabugenta diria também que era contagiante.

-Ah, claro. Um cabelo azul é a coisa mais normal e bonita. Tanto que quando há festival na aldeia todos ficam olhando com os olhos esbugalhados para ele. – falei ironicamente, me jogando na poltrona que havia no meu quarto, mais considerada como guarda-roupas durante a semana.

Calmamente ela virou pra mim, com expressão de desaprovação. Colocou as mãos na cintura e começou:

-Para, filha. Eles só não estão acostumados. Isso não quer dizer que seu cabelo não seja bonito. Você sabe também como são as pessoas. Nunca aceitam coisas diferentes – falou revirando os olhos. Logo em seguida continuou – Bom, vamos focar na sua formatura agora, tá?

-"Coisas diferentes"? - Revirei os olhos, impaciente e bufando.

Sem considerar meu protesto contra o modo que ela se dirigiu ao meu cabelo, continuou:

- E o vestido, já provou? – falou virando-se já com as mãos nas portas do meu guarda-roupas.

-Sim, mãe. Provei quando fomos buscar ele! - isso fazia quase 2 meses. Minha mãe insistiu em ir antecipadamente para que ele fosse confeccionado exclusivamente e ficasse pronto a tempo.

-Não, não minha filha. Temos que provar ele novamente. - bradou ela já tirando o vestido do armário e oferecendo-o para mim- Você já escolheu sua maquiagem?

Acho que este dia está sendo mais importante pra ela do que pra mim. Nunca havia visto ela daquele jeito.

A cada nova pergunta que minha mãe fazia eu me sentia cada vez mais pressionada. Isso tudo estava me sufocando. Antes que eu explodisse e lançasse a minha mãe palavras que iam magoa-la, decidi ir a floresta para treinar e aliviar minha mente. Assim teria ânimo o suficiente para aguentar tudo que viria com a formatura.

- Mãe, eu vejo isso depois ! - falei, levantando da poltrona e já saindo porta fora - vou dar uma volta. Estarei em casa para me arrumar, não se preocupe! - gritei, já longe não dando o tempo necessário para ela reagir à minha atitude.

Saí correndo e quando olhei para trás vi minha mãe parada na porta com os braços cruzados. Acho que deixei ela um pouco chateada, mas poderia ter sido pior.

A floresta era um tanto afastada da aldeia. Esse era o principal motivo pelo qual ia para lá. Não havia movimentação e nem badernas. E muito menos pessoas para olhar pra mim como se eu fosse um erro do universo. Esse silêncio me acalmava; os únicos sons eram de pássaros e animais que ali viviam.

Minha mãe já estava acostumada com minhas ausências. Sabia onde me encontraria, então quase nunca contestava minhas idas a floresta.

Hina e a Aldeia Perdida- A Fuga Dos ElementosOnde histórias criam vida. Descubra agora