Cap.7: A Verdade

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-Quem é você? – perguntou Zac, sério e com voz firme.

- Ah, claro! Grosseria minha não me apresentar. – respondeu a mulher em tom debochado – Peço perdão. Me chamo Gael e sou serva de Lilian, a mãe Terra. E vocês são Zaquiel Morin e Hina Rary.

-Como... – ia logo questionar como ela sabia meu nome quando Zac me interrompeu.

- O que você quer de nós?

A expressão brincalhona que não deixava o rosto de Gael agora tinha se ido. Séria ela era amedrontadora. Zac me puxou para trás e se colocou em minha frente como se temesse o pior.

- Eu quero o mesmo que vocês. – falou olhando fixamente para mim. – foi por isso que eu trouxe ela aqui.

-O que ? – falei estupefata.

- Sim, o showzinho no cofre, a sonequinha na floresta. – Gael falava pausadamente, já com o sorriso e deboche em postos novamente. – Tudo foi parte do meu grande plano!

Ela falava como se orgulhasse de tudo que havia me feito passar.

-E agora você está aqui ! E vai me ajudar.

Aquilo, pra mim, soou como uma ameaça. Acabara de encontrar a responsável pela humilhação injusta em que passei e pela expulsão da minha própria casa. Eu estava confusa e frustrada. Queria matá-la mas a verdade é que eu nem mesmo sabia o que faria dali pra frente.

Apesar da revolta que eu sentia ainda no fundo me via frágil e sem capacidade alguma para sobreviver.

A verdade tinha sido como um forte soco no estômago.

Me sentia enganada por tudo e todos. Nem mesmo Zac havia me dito toda a verdade. Eu ainda não sabia como ele conhecia essa prisão a ponto de achar um esconderijo e nem o porquê dele estar aqui, agora.

E porquê Gael sacrificaria sua liberdade pra vir atrás de mim e ainda querendo minha ajuda depois de toda aquela confusão que ela mesma causou?

Senti as lágrimas quentes escorrendo em meu rosto. Não estar no controle me fazia sentir incapaz e a ponto de explodir. Era como se eu estivesse andando por estradas desconhecidas cegamente e sem nenhum guia, apenas vozes distantes que me acompanhavam acentuando a sensação de solidão.

- Não chore pequenina. Um dia você entenderá. Mas agora não temos tempo. Temos que ir. – falou Gael mesclando entre um tom comovido e ao mesmo tempo preocupado e ansioso.

- Não iremos a lugar algum com você! – rebateu Zac asperamente.

- Zaquiel, seu esconderijo não é adequadamente seguro. Eles chegarão logo, logo. – respondeu Gael em descaso ignorando o tom firme de Zac.

- Eles quem?- rebateu Zac.

Gael logo ia responder quando um grande tremor começou a se espalhar pela caverna. Em seguida um grande estrondo, como se a montanha estivesse sendo esmurrada. Alguns segundos de silêncio e em seguida mais um grande estrondo. Este fez com que os picos pendurados no alto da caverna caíssem no lago subterrâneo que já tinha suas águas agitadas pelos tremores.

-Chegaram – anunciou Gael com sua voz brincalhona e em seguida olhou para mim e num salto pulou até onde estávamos como se fosse um grande felino.

Senti sua mão agarrando firmemente meu pescoço e seu olhar cortante que agora parecia mil vezes mais assustador. – você vem comigo.

Em seguida desviou seu olhar para Zac que já estava em posição de ataque e novamente se pôs a falar interrompendo-o:

-Nem pense nisso Morin. Ou você vem comigo ou se preferir pode ficar brincando com esse monte de bárbaros revoltados. Inclusive, eles sabem exatamente quem você é.

Completamente desarmado pela audácia e confiança de Gael, Zac direcionou o olhar para mim e num desmanche de orgulho, cedeu entredentes:

-Eu vou com vocês, solta ela.

Gael, lentamente, soltou sua mão de meu pescoço, acompanhando com seus olhos ferozes a expressão agoniada que pairava sobre meu rosto se desfazer aos poucos.

-Certo, sem nenhuma gracinha ou se não os dois vão sofrer as consequências! – advertiu Gael olhando seriamente para nós dois, um seguidamente do outro. – agora, Morin, ache uma saída.

Vi na expressão séria de Zac o esforço que estava fazendo para engolir o orgulho que sempre levava junto de si. Mas sem nenhum protesto, apenas seriedade, fitou as paredes da caverna enquanto os tremores aumentavam.

- Eles estão a norte e a leste da montanha. São pelo menos 30. Temos que voltar pela floresta e seguir a sul. – informou Zac.

-Vamos então! Vou esconder nossa presença. – declarou Gael.

Hina e a Aldeia Perdida- A Fuga Dos ElementosOnde histórias criam vida. Descubra agora