Cemitério, primeiros passos.

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Levantou da cama, colocou água para ferver, depois passou o café, bebeu um pouco do café e entrou no mini laboratório, verificou a casinha de gato que tinha comprado fazia duas semanas, olhou o relógio e estava atrasado, um mês tinha passado, Andy que não gostava de alterar suas rotinas, foi forçado a mudar, o seu café permanecia o mesmo.

Depois do sete dias da morte de Tina, onde sabia que iria diminuir a frequência de visitas, começou a ir ao cemitério, ia todos os dias antes de fechar, ficava sempre longe, olhando, algumas vezes algumas pessoas apareciam, logo iam embora, ele voltava para casa, dedicava a noite toda as suas pesquisas em seu mini laboratório, anos de estudos e pesquisas, agora estavam a todo vapor, quando era pela manhã tomava banho e ia ao trabalho, algumas vezes cochilava enquanto esperava um ou outro componente agir e no final do primeiros mês, não lembrava mais o que era a sensação de deitar na cama, comia lanches e mais lanches.

Um mês e cinco dias depois, Andy recebeu, uma mensagem dizendo que a placa que ele tinha solicitado estava pronta, pediu no trabalho para sair mais cedo, pegou o embrulho, carregando com o maior cuidado, não quis abrir para olhar, seguiu diretamente para o cemitério, nos dias que tinha ido ao cemitério, nunca tinha se aproximado da cova, não conseguia, hoje os passos dele eram firmes, quando parou na frente da lápide, os olhos encheram de lágrimas e ele decidiu não ficar encarando aquilo por muito tempo, olhou no relógio e ele tinha meia hora, abriu a bolsa e tirou uma picareta, olhou para os lados e viu se tinha mais alguém ali, sabia que o guarda estava em seu horário de pausa, puxou o ar e começou a bater, cada batida era uma lembrança, atingiu primeiro a foto que era de Tina antes da transição, ver aquela foto dava mais certeza do que estava fazendo, ele tinha que fazer isso.

A visão ficou embaçada por um segundo e a mente trouxe a lembrança de Tina, viu ela andando na direção dele e se apresentando, na segunda memoria viu ela aceitando ser namorada dele, pediu para a mente parar, ela não parou, as vozes tinham virado um sussurro, já que ele agora agia seguindo as vozes.

Segurava para não gritar, não queria chamar atenção, ele quebrou o máximo que pode, quando terminou estava chorando, parou, limpou os entulhos e desembrulhou a placa, colocou-a na parte de cima do que sobrou da lápide, suas mãos tremiam, passou os dedos na imagem, tinha uma foto de Tina, sussurrou que a amava e que amaria para todo sempre.

"Tina
Amada namorada e querida amiga

P.S Tirem essa placa daqui que eu tiro cada dedo vocês "

Após colocar a placa e encarar seus dizeres, secou o rosto novamente e olhou para o que tinha feito, tinha levado vinte e cinco minutos, saiu apressado do cemitério, voltou para casa, o coração parecia leve, entrou no laboratório e trabalhou um pouco, o alívio que crescia nele, fez com o que ele tivesse vontade de dormir, um dos pesos tinha saído, ele queria uma paz completa completa, saiu do mini laboratório, deitou na cama e dormiu, dormiu como não tinha feito no último mês, dormiu quase sem sonhos, foi quando ele viu Tina, ela disse que "tudo bem, você sabe o que fazer" e ele acordou, o dia trinta e seis depois da morte da Tina, parecia um dia agradável, o primeiro do novo mundo.

P.S: Está quase no fim.

Foto tirada do banheiro do Matilha cultural

Andy e o poder da ação e reaçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora