Andy e o poder da ação e reação

Família (?)

Amanda tentou conversar com Andy, porém era impossível, mesmo assim aceitou a água que foi dada, a casa estava consideravelmente cheia de pessoas que ele nunca tinha decorado o nome, eram os amigos de Tina, ela sempre gostara de casa cheia e milhões de pessoas para conversar, Andy gostava de jogos, livros e seus experimentos, eles eram diferentes e partilhavam o amor em comum, agora não sabia o que partilhavam com eles, estavam em mundo separados, se houvesse uma chance de resgata-la, ele iria, só que como ele pediria para ela voltar para um mundo como esse?

Entrou no quarto dela e deitou na cama, o cheiro dela estava em tudo ainda, era claro, ela apenas tinha saído para uma entrevista, todo aquele sentimento de vazio, de não ser suficiente, sufocava ele naquele quarto de paredes rosas, depois de um tempo, as paredes pareciam querer engoli-lo, poderia ser real? Ele não sabia dizer.

Quando o irmão de Tina passou pela porta do quarto, Andy sentou sobressaltado, Carlos não aceitava a irmã.

- Olha, não to aqui para brigar...
Começou ele na defensiva e Andy sentiu uma necessidade de ficar de pé.--... você sabe se o meu irmão tinta dinheiro em casa? É para o veló...O soco que ele deu no irmão de Tina, carregava muita raiva e dor, ele não tinha pensado nele, o corpo agiu no automático, quando viu o sangue, soube que atingiu o nariz e em outro piscar foi atingido por um soco, quando viu estavam os dois no chão e pessoas aparecerem e separaram os dois.

- VOCÊ É UMA ABERRAÇÃO! Gritou Carlos para Andy.

- VOCÊS CIS NÃO SE CANSAM? VAI EMBORA, NÃO PRECISA FAZER VELÓRIO, EU VOU FAZER TUDO, NÃO PRECISAMOS DE VOCÊS. Andy não estava grudado no pescoço de Carlos, porque duas mãos seguravam ele, lágrimas escorriam no rosto e a mesmo assim a voz dele era firme.

- EMANUEL VAI SE ENTERRADO PELA FAMÍLIA.
Carlos disse e a visão de Andy escureceu, a família de Tina não aceitar ela era uma coisa, vir até a casa dela e ficar gritando nome de batismo era outro.

- EU VOU TE MATAR!!! A raiva fez com o que ele tivesse força para se soltar e novas mãos prenderam ele, alguém gritou para tirar o cara do quarto e apenas Carlos sumir da frente de Andy, ele começou a ficar calmo. -...eu quero ficar só. Disse ele respirando com dificuldade, aos poucos as pessoas foram saindo, quando ele ficou sozinho, deitou-se no tapete e agora não era apenas lágrimas, ele chorava de soluçar, as pessoas eram cruéis muito mais do que ele queria imaginar, estava tudo ali.-...desculpa. Sussurrou no meio dos soluços para o quarto revirado, Tina odiava bagunça e agora o quarto dela era uma bagunça, levantou do chão e começou a organizar o quarto, ela sempre era tão organizada, não era justo com ela. - desculpe, por favor, por favor. As vozes estavam ali, ele não tinha forças para entender elas, deixou elas falando apenas e deitou na cama, queria um momento apenas, para tentar entender o que tinha acontecido, adormeceu sem entender que tinha sono.

Quando acordou sentia frio, ainda estava sozinho, levantou e sentou, estava escuro, ele abriu a porta do quarto e a casa estava silenciosa, entrou no banheiro e jogou uma água no rosto, não quis acender a luz, saiu do banheiro e foi em direção a cozinha, quando passou pela sala, 

Amanda estava sentada no sofá. - É tudo verdade, não é? A voz dela era um sussurro, se a casa não estivesse em completo silêncio, ele não teria a ouvido. - É sim. Sentou ao lado dela no sofá. - ...O que vamos fazer? Ele não fazia ideia do que pensar, Carlos tinha dito que enterraria Tina como quem ela não era, aquilo era um absurdo, eles não podiam fazer isso ou podiam? No fundo ele achava que eles podiam e fariam, que o preconceito deles não tinham limites, não respeitariam nem a morte.

- Não sei, a polícia me perguntou se ela tinha inimigos, falei que fora a sociedade, tinha a família em específico, eles riram e falaram que temos mania de perseguição. A voz dela denunciava o cansaço e o desânimo, o rapaz já imaginava que a polícia não faria muita coisa, matar uma pessoa trans no Brasil era algo normal, onde ninguém era punido. - Eles tem as gravações do metrô, talvez...Ele suspirou e mesmo sabendo dos números alarmantes, nunca tinha imaginado que iriam tirar a vida justamente de Tina, ela não era do tipo de arrumar confusão. -...ah, deixa, acho que devemos dormir. O corpo de Andy formigava por completo, a sua mente era apenas um mar de imagens e palavras sem nexo.

- Sim, eu não quero dormir sozinha, dorme comigo? Amanda levantou do sofá antes mesmo da resposta. O jovem não gostava de dormir com pessoas que não tinha intimidade, porém a voz dela realmente dizia que ela precisava 

Amanda levantou do sofá antes mesmo da resposta. O jovem não gostava de dormir com pessoas que não tinha intimidade, porém a voz dela realmente dizia que ela precisava daquilo.

P.S Aproveitando que tenho a história concluída, estou editando para postar. 

Foto tirada na Exposição Á Nordeste do Sesc 24 de maio em São Paulo