Tina

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Com a demora no metrô e voltar o resto do caminho de ônibus, ele demorou pelo menos duas horas e meia para chegar em sua casa ou seja mais do que o dobro do tempo que levaria em um dia normal.

Colocou água para ferver e foi tomar banho, quando saiu colocou o macarrão na água, ainda tinha molho na geladeira, quando o macarrão ficou pronto, ele já tinha dado uma olhada no laboratório e feito algumas anotações, agora era comer, ligar para Tina e dormir, não tinha pique nem para fazer as abdominais e as flexões de todos os dias, queria dormir, lá nos sonhos algumas vezes ele tinha sorte e as vozes não o seguia lá.

No visor o nome de Tina era acompanhado pela foto, encarou o aparelho e sorriu, ele se sentia com sorte, tinham se conhecido pela internet e quando se viram pessoalmente ele sentiu que as coisas dariam certo, telefone tocou pelo menos quatro vezes e uma voz surgiu e não era a voz de Tina, a voz não disse muito, apenas falou "alô" e ele reconheceu de cara que era a voz da amiga de Tina.

- Alô. Respondeu Andy de volta e ficou mudo, talvez ela estivesse tomando banho, mesmo achando estranho ela não ter mandado uma mensagem, não poderia pensar que seria qualquer coisa diferente disso.

- Andy, a Tina se matou, desculpe...
A voz da amiga de Tina continuou a falar, porém após ouvir "se matou" e "Tina" na mesma frase, as outras frases e palavras pareciam sem sentido, o nexo faltava na frase, como Amanda poderia não entender que aquilo era sem sentido.

As vozes riam dentro da mente dele.

- Ela foi em uma entrevista...Disse Andy calmamente, ele tentava juntar as informações do que estava acontecendo.-...isso é um engano.
A mente dele trabalhava lentamente, Amanda deveria ter errado, aquela informação não fazia sentido, poderia ser uma brincadeira, porém será que ela faria esse tipo de brincadeira?

- Ela foi e...A voz dela não saia bem, só então ele percebeu que ela estava chorando.

- O que aconteceu? Quando ele perguntou, ele sentia que já sabia a resposta. -...foi na estação? Agora era a voz dele que não saiu direito.

- Sim, como você sabe? Era difícil entender o que a mulher falava, já que agora ela soluçava.

As vozes acompanhavam a situação e começaram a dizer: "Você é um fraco, deixou isso acontecer."

Deixou ela sozinha, ela não aguentou, ela não aguentou, não aguentou, não aguentou." Novas risadas e o sangue dele começou a ferver, nada daquilo poderia ser real

- COMO ISSO FOI ACONTECER? Gritou ele, não gritava com a jovem, gritava para o universo e era ela infelizmente que estava do outro lado da linha.

- Eu não sei...Os soluços continuavam.

- EU VOU DESLIGAR. Jogou o aparelho no chão e começou a arremessar os objetos da casa nas paredes, jogou as cadeiras na parede, depois começou a socar a parede, parou apenas quando a parede começou a ficar suja de vermelho, a mão parecia dormente, ele não ouvia, porém sua boca abria e fechava, ele gritava, uma campainha tocava, depois batidas que poderiam ser na porta, mas tudo era tão longe que não precisaria ele se preocupar, talvez fossem os vizinhos, a cabeça dele rodava, pegou o telefone do chão, tinha que ligar para Tina, aquilo era um engano, as vozes falam com ele, ele gritava e não ouvia a própria voz, ele não sabe por quanto tempo ficou gritando, não sabe quanto tempo demorou para ficar mais calmo, andou até o telefone, pegou ele do chão e ele ainda estava ligado, por sorte o mesmo não estava quebrado, uma nova mensagem poderia ser Tina explicando que era uma brincadeira louca, ele ficaria bravo com as duas e tudo ficaria bem, ao abrir a caixa de mensagens quem tinha mandado algo tinha sido Amanda, a mensagem dizia que os policiais tinha ligado informando que talvez não tivesse sido suicídio, que Tina tinha discutido com um cara e pelas gravações tudo indicava que ele tinha empurrado ela, ele precisava ver a gravação, ele precisava falar com a policia, ele tinha que saber quem era esse cara, ele tinha, ele, tudo ele, se Tina tinha ido embora, ele estava sozinho novamente.

Pegou a carteira, o celular e quando foi desligar o fogão tudo já estava desligado, não sabia ele em que momento tinha feito isso, tudo parecia estranho, tudo parecia frágil.

Quando abriu a porta, o síndico e os vizinhos estavam parados na porta dele.

Andy andou em direção ao vizinho. - OLHA, SE VOCÊ ENCOSTAR NELA HOJE, EU TE MATO! TE MATO.
Gritou e o vizinho ficou imóvel, ele passou entre eles e desceu de escada, quando saiu do prédio correu por algum tempo, as lágrimas desciam do rosto dele, a cada passo que ele dava, as palavras pesavam mais, era claro que ela não tinha se matado, agora se alguém tinha empurrado ela, tudo fazia sentido, só não fazia sentido por ser Tina,aquilo era um pesadelo, o pesadelo da vida real, quando as pernas começaram a dor e fraquejar, ele parou no primeiro ponto que conheceu e tomou um ônibus.

P.S: Consegui editar dois capítulos na casa do meu amigo, espero que gostem.

Andy e o poder da ação e reaçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora