Trabalho

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"Se o mundo acabasse amanhã e

você soubesse hoje.

O que você faria?

Para quem ligaria?"


Não parou diante da placa, conhecia muito bem ela, no primeiro dia que tinha visto, parou de frente e ficou encarando, pensando no que faria, as vozes anunciaram que não teria nada para dizer no amanhã, ele não gostava de protelar as coisas, quando acreditava que tinha que ser dito ou feito algo, ele apenas fazia, agora que faziam quatro meses que tinham colocado a placa, ele só ficava impressionado como mesmo ela parecendo frágil e tomando sol e chuva ela parecia sempre nova, um anúncio eterno do amanhã sendo o fim do mundo.

Entrou no metrô e por trabalhar no período da tarde, sempre estava contrário ao fluxo dos horários de picos, entrou sentou e logo doze estações depois, estava do lado de fora, pessoas fumavam na rua, pessoas bebiam na rua e conversavam com seus amigos e ele apenas observava tudo, não conseguia ser assim, mesmo que hoje ele estivesse com uma vontade de conversar com alguém, ele reconhecia sempre as pessoas na internet, agora ele não tinha tempo, tinha que estar no trabalho.

- Atrasado de novo? Um rapaz de cabelo azul disse quando ele passou pela porta.

- Algumas pessoas estavam fazendo um protesto no metrô, atiraram em uma garota por estar no telefone e para os policias ela parecia estar com uma arma, algo assim!Em geral Andy não respondia as provocações, hoje ele parecia particularmente inspirado, o protesto tinha acontecido, só que tinha sido semana passada, deu sorriso para encarar Greg, como ele gostava de ser chamado, no lugar de Gregório que era o seu nome de batismo, mesmo ele sendo um babaca, até mesmo os babacas ele respeitava.

- Porra, eu não sabia, só estava brincando.
Respondeu Greg parecendo arrependido do que falou, ele tinha expressões delicadas, porém sempre era rude com as pessoas, ninguém era digno de nada para ele, apenas ele era digno e quando Andy pensou que ele tinha acreditado, o rapaz de cabelo azul sorriu com escárnio. -...você acha mesmo que eu acredito nessa bosta que você falou? Você é muito ingênuo. Estalou a língua e encarou Andy bem nos olhos. - Você é muito gentil com o mundo, não serve nem para mentir.

Alguma voz dentro dele gritou e depois riu, bem mais alto que a risada do outro e com muito mais escárnio que o jovem azul, a voz dizia que ele, assim como os outros não podiam entender a realidade que cercava eles e que aquilo que Greg fazia era o mesmo que nada, já que todos os dias as pessoas eram colocadas em situações que acabavam com a vida delas, com os corpos dela, com a mente delas e provocar sobre o horário deveria ser visto como agressão? Era uma coisa para rir mesmo.

Andy não disse mais nada, sentia que não valia a pena tentar explicar como ele via as coisas, era perder o tempo, já tinha tentado antes e não tinha dado em nada, foi para o laboratório sentou atrás da mesa e puxou a pasta de relatórios, enquanto o seu computador ligava e começou a ler, quando a sua chefe chegou, o som da porta denunciou que ela chegara, os passos dela também diziam que era ela.

Lia os dados comparando tudo mentalmente, teria que anotar tudo e complementar o relatório.- Já comparou os dados? A voz dela pareceu bem longe, ele parou de ler os dados e encarou a jovem, eles tinham quase a mesma idade, a diferença é que ela fazia parte do CIStema e ele não.

- Desculpe, não a vi entrar...Não gostava de mostrar para as pessoas como ele prestava atenção nos sons, sempre fora visto como piada, então fingiu uma expressão de susto e quando viu no olhar dela que ela acredita nisso, voltou a expressão de calma -... sobre os dados, eu olhei por cima, você deveria refazer a experiência cinco e seis, esses dados estão estranhos, vou imprimir os dois últimos comparativos.

O computador já tinha ligado, colocou a senha e logo foi procurando os arquivos com os dois últimos comparativos, pegou na impressora os documentos, fez vários grifos e entregou para mulher e voltou a sentar.

- Você não consegue colocar os dados juntos no mesmo comparativo?

Era o trabalho dela fazer planilhas e apresentar para os clientes, Andy nos últimos meses não só fazia os comparativos como fazia as planilhas e quem ganhava a golden star dos chefões era ela.

- Os últimos resultados chegaram hoje, preciso passar em dois laboratórios antes de conseguir fazer isso.

Ela olhava os papéis processando as informações, parou de ler por um instante e encarou o rapaz.

- Você está certo sobre termos que refazer os experimentos. Quando Andreia mentia ela não conseguia manter o olhar direto, encarou a folha dada por Andy. - Vivo dizendo que você deveria trabalhar com isso para os donos da empresa e não cuidando dos arquivos, computadores e limpeza dos laboratórios! Os olhos dela brilhavam com as observações do jovem. -...eu queria você na minha equipe, só que não depende só de mim, você sabe que pessoas como você não são aceitas em qualquer lugar, aqui é um bom lugar.

As vozes riam de Andy no escuro da sua mente.- Ah, tudo bem.
Levantou da cadeira novamente.-...Eu preciso ir no laboratório cinco e três, eles me mandaram uma mensagem de manhã dizendo que alguns experimentos deram errado e vou ter que fazer a limpeza desses setores.Ela não pareceu ouvir o que ele estava falando e depois de algum tempo dele parado ao lado da mesa dela, ela disse:- Tudo bem.

Ele sabia que a equipe dos dois laboratórios eram estudantes e como eles faziam tudo de qualquer jeito, deixando a sujeira para ele, ele não ligava de arrumar, apenas lamentava como eles desperdiçavam o próprio tempo e o tempo de Andy.

Respondeu uma mensagem de Tina, que ela tinha mandado duas horas antes, como hoje era o aniversário dele e sábado o dela, ela queria fazer uma festa para eles, claro que após a insistência tinha aceitado apenas para ver o sorriso naquele rosto redondo de Tina.

A mensagem do leito diz: "- Amor, nossa festa vai ficar linda!!! Faltam só três dias para comemorarmos!♡♡♡♡♡♡ "

Sorriu como ela podia ficar animada com situações assim.

Tina tinha nascido bem próximo do dia de nascimento de Andy, eles de formas diferentes eram iguais, sofreram com inadequação com o que desejavam deles, agora eram quem sempre sentiram, ao lado dela as vozes eram mais baixas, elas pareciam entender a luz da jovem, sendo assim não podia arrastá-lo para a escuridão.

O resto do dia pareceu arrastado, ele começou a enjoar da rotina, queria trabalhar com os experimentos, queria ajudar na criação das vacinas, ele criar coisas e não ser apenas uma sombra, o que fazia era o suporte, era isso ou voltar procurar emprego, ele não queria admitir, porém tinha uma esperança de ser respeitado, já que esse laboratório era uma dos mais importantes, se fosse começar uma carreira, ali era um ótimo lugar ou na teoria parecia um ótimo lugar.

Mesmo trabalhando no laboratório ele mantinha alguns freelas com os seus conhecimentos de informática para completar a renda, ainda assim não parecia bastar, sua mente não parava de trabalhar, para aplacar esse desespero, ele começou a desviar alguns materiais e em cinco meses tinha conseguido montar uma espécie de laboratório em casa. Seu apartamento era pequeno ele tinha quatro cômodos contando o banheiro, era a cozinha, quarto, banheiro e um quarto menor que ele transformou em um laboratório improvisado e aos poucos ele começou a fazer pequenas experiências, bem pequenas, já que no apartamento apesar dos improvisos não era o lugar correto para fazer esse tipo de coisa e as vozes diziam que estava tudo bem explorar o mundo dos experimentos.

P.S: Oi gente, eu já tenho a história toda, porém estou editando todas as partes.

Andy e o poder da ação e reaçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora