Meu Amado Sequestrador.

Capítulo 4.

Olá, meus amores.

Jamie estava um pouco melhor na hora do jantar, ele comeu um pouco mais e sua febre chegou á baixar. Ele respirou fundo quando viu Jonathan ali, o homem estava lendo um livro sentado em uma poltrona, parecia estar tão tranquilo, Jamie se perguntava o que o ruivo estava fazendo ali, será que ele se preocupou comigo? Jamie pensou, logo se respondendo, o que você está imaginando? Claro que ele não vai se preocupar com você, ele tem coisa melhor com que gastar tempo!

Jamie não falou nada, sua garganta estava doendo tanto que o incomodava, ele tossiu algumas vezes, sua garganta parecia estar irritada, isso chamou a atenção do maior, o ruivo o encarou.

— Ah, você finalmente acordou — Jonathan riu para Jamie, o garoto o olhou confuso, estava esperando um soco por ter ficado doente e não uma fala aliviada por estar bem, isso era tão estranho, ele estava acostumado com um tratamento mais bruto e não algo gentil e leve como o respeito de Jonathan, ele não estava reclamando, mas era estranho e não estava acostumado á ser bem tratado por ninguém — Você poderia, por favor, dormir na cama? Se não ficará gripado novamente, Jamie, você é doente demais e sabe disso muito bem, não sabe?

Jamie assentiu, sua garganta parecia coçar por dentro, era irritante e doloroso, ele engoliu saliva, tentando parar a sensação irritante. Jonathan se aproximou lentamente, logo colocando a mão pesada sobre a testa do adolescente e comparando com a sua temperatura corporal, a febre tinha baixado um pouco, mas o garoto ainda precisava descansar, Jamie estava tão fraco que nem mesmo se encolheu ou se afastou do seu toque.

Jonathan suspirou, pegando algo na cabeceira da cama que Jamie não pode ver, um pequeno pote, o garoto achava que era um xarope, mas poderia ser drogas ou um veneno também, sinceramente ele não confiava tanto assim em Jonathan, o homem poderia querer drogá-lo ou matá-lo, como iria saber?

Jonathan suspirou exausto, pegando o pequeno copinho que vinha com o vidro de xarope, enchendo-o e o tomando de uma vez só para que o garoto desconfiado não achasse que era drogas ou veneno, ele sabia que o menor estava pensando algo do tipo, só pela expressão no rosto de Jamie dava para saber, Jamie tomou o xarope em seguida, sentindo como era difícil engolir até mesmo o xarope de morango.

— Quer comer alguma coisa? Tem pudim de leite, bolo, mingau... — Antes mesmo que Jonathan pudesse falar mais algo da lista extensa de comidas Jamie já estava negando, o maior suspirou, oferecendo uma bebida em seguida —... Então que tal um copo de leite, Jamie?

Jamie assentiu devagarzinho, ok, leite era bom, ele suportaria o leite pois pelo menos a bebida não deixaria o seu estômago com a sensação de peso e totalmente dolorida depois, fazia anos desde a última vez que ele bebeu leite.

Jonathan foi buscar o leite, Jamie achava que o lugar ficava um pouco frio sem a presença do ruivo, ele gostava e não gostava de ficar sozinho, se encolheu entre as cobertas e lençóis da cama macia como nuvem, por que ele se sentia tão fraco assim? Ele sempre foi do tipo duro na queda, uma gripe nunca tinha o derrubado, ele se sentia tão frágil e vulnerável, era por que alguém parecia se preocupar com ele pela a primeira vez na vida? Jamie não queria demonstrar tamanha fraqueza diante de alguém desconhecido e que poderia usar isso contra si em seguida.

Jonathan voltou com uma caixinha de leite, fechada, daquelas pequenas, era azul e com um desenho de uma vaca, Jamie achava que a caixinha era fofa, Jonathan agitou a bebida, colocando o canudinho e se aproximando devagar para ajudar Jamie á sentar para beber, Jonathan ajeitou o travesseiro e ajudou o menor á se sentar, o adolescente parecia tão pequeno ali na cama grande.

Jamie segurou a caixinha pequena com as duas mãos, Jonathan só tinha percebido agora como as mãos do menor eram pequenas, seus dedos também eram pequeninos, ele não descreveria as mãos como macias, talvez ásperas fosse uma palavra melhor, pelo os trabalhos que Jamie fazia antes era claro que seria uma melhor descrição, mãos de alguém que fazia todos os serviços da casa sem descanso algum.

O ruivo se afastou, deixando o menor beber o leite e relaxar devagar.

Jamie relaxou com a sensação gostosa que o leite frio causou em sua garganta, não doeu, ele suspirou de alívio, acabando de beber, Jamie afastou o canudo do seus lábios, suspirando sonolentamente.

— Me desculpe te incomodar — Jamie murmurou o pedido de desculpas, obrigando sua voz á sair, doía, mas ele conseguiu dizer essas poucas palavras.

— Não me incomodou de modo algum, Jamie — Jonathan sorriu gentilmente, queria acariciar os cabelos de Jamie, mas não o fez pois sabia que o adolescente ainda era assustado demais.

Jamie assentiu, mas ele sabia que tinha o incomodado com toda a certeza, ele sempre incomodava todo mundo, era esse o motivo de ele não ter ninguém.

— Jamie, posso fazer uma pergunta? — Jonathan falou como quem não queria nada, ele sorriu para o mais novo.

Jamie assentiu devagarzinho, esperava que não tivesse falado algo vergonhoso enquanto estava febril.

— Por que parece que você quer que eu te bata? — Jonathan perguntou, não entendia porque alguém iria querer isso.

Jamie o encarou antes de suspirar.

— Desde que o meu pai morreu esse é o tipo de tratamento ao qual eu estou acostumado — Jamie respondeu, não totalmente sincero, sua garganta doendo, completou — Quando as pessoas me tratam bem, eu sinto como se elas quisessem algo de mim, eu não faço a mínima ideia do que você quer, por isso tenho medo, se você não quer que eu trabalhe nessa casa e nem que eu durma com você, o que mais você poderia querer de mim? Não tenho nada para oferecer.

Jonathan achava que fazia sentido, era claro que o adolescente iria pensar isso, bem, por que não pensaria, não é mesmo?

— Então você prefere ser agredido? — Jonathan suspirou cansado.

— Eu acho que seria mais fácil de lidar — Jamie murmurou cansado.

— Eu não vou bater em você — Jonathan riu.

— Achei que sequestradores gostavam de bater, estuprar, matar... — Jamie murmurou cansado demais para continuar falando.

— Acho clichê isso, mas se você quer ser trancado em um quarto meia boca, com uma refeição por dia, sem poder sair ou ver o sol, pode me dizer — Jonathan deu de ombros, dando um peteleco doloroso na testa do garoto — Não gosto muito de clichês, sabe?

Jamie caiu no sono depois de cinco minutos. Jonathan suspirou, não achava que seria complicado, mas estava tentando entender, o garoto achava que merecia ser maltratado e por isso ele achava estranho ser tratado bem.

Jamie era um ser humano estranho e incompreensível realmente.

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Até o próximo capítulo, meus amores.