Capítulo 9.

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Olá, meus amores.

Jonathan preparou a égua para que Jamie pudesse montar, o garoto estava com medo de cair, era quase engraçado ver Jamie surtando de nervosismo por um motivo que não era ele, o ruivo conteve a sua risada com dificuldade. O garoto olhava ao redor, mexendo os dedos sem parar, parecendo nervoso, era claro que ele não estava gritando, mas Jonathan achava que isso se devia ao fato de que gritar nunca foi bom para o menor.

Robert era realmente um professor melhor do que Jonathan, ele era mais explicativo do que preocupado, começou dizendo que Jamie deveria colocar o pé no estribo para montar corretamente, manter-se firme, segurando as rédeas com suavidade e não com muita força para não estressar a égua. Jamie obedeceu rapidamente, fazendo o melhor que podia, estava com medo de levar um sermão por errar em algo, falhar nunca era uma opção.

— Suas ações corporais ajudam... — Robert comentou, dizendo em seguida em um tom autoritário e explicativo, sem se enrolar nas palavras, como se tivesse explicado isso um milhão de vezes em sua vida —... Bata os joelhos nos lados dela, com suavidade, não para machucar, ela irá andar, ok?

Jamie obedeceu, lembrando-se de ser suave para não ferir Canela, ela deu alguns passos á frente antes de parar. O mais novo suspirou aliviado, ainda sem confiança alguma e com receio de cair.

— Isso aí, está aprendendo muito bem! — Robert elogiou-o levemente, Jamie sorriu ao sentir um sentimento quentinho em seu coração, raramente ele era elogiado, Jamie não sabia que sentia tanta falta disso, ele definitivamente gostava de ser elogiado.

Por que Jamie sentia que era errado ficar mais feliz aqui?

— Se quiser que ela ande mais rápido é só se inclinar para frente, ela entenderá — Jonathan falou em uma voz calma, Robert assentiu, sorrindo para o seu irmão.

Jamie viu Jonathan montando no cavalo branco, era um animal grande e forte como Canela, o nome era Pegasus, pelo o que parecia o ruivo gostava de mitologia, bem, Jamie também gostava de mitologia grega, era algo muito interessante.

O cavalo preto era lindo e de pelo limpo e lustroso, tinha um belo nome King, um nome que foi escolhido por Robert. Era o cavalo de Robert, parecia difícil de ser controlado, porém o homem conseguia controlá-lo muito bem.

Eles se afastaram do estábulo, Jonathan vigilante e Robert despreocupado, Jamie agitado que estava indo bem até agora.

Os três lado á lado, Jamie sorria, a passagem era realmente linda, estava se divertindo, distraído de ambos os homens ao seu redor. Canela seguia em seu próprio trote, Jamie respirou fundo ao sentir o cheiro gostoso de grama, os raios de sol tocando a sua pele e o mantendo aquecido, era tão relaxante. Jamie gostava do calor, quem gostaria do frio quando estava quase morrendo congelado? Isso enviou um arrepio em seu corpo, mas ele ignorou, não queria pensar nisso, não agora sinceramente.

Jamie nem percebeu que Jonathan e Robert estavam para trás, ele apenas estava tranquilo, a brisa fresca, os cheiros de grama, flores e frutas o acalmando, também havia os pássaros cantando. O adolescente estava incrivelmente relaxado ali.

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— Ele é um pouco infantil — Robert notou após alguns minutos observando como Jamie as vezes ria do vento ou olhava ao redor com curiosidade, doce e inocente como uma criança, ele nunca tinha visto os olhos de alguém brilhar por coisas tão naturais e bobas, o quanto Jamie havia sido abusado para não surtar e tentar fugir dali? Era tudo tão estranho no garoto!

— Hum, ele é um pouco infantil, acho que isso é uma sequela do abuso físico e verbal de seus parentes — Jonathan suspirou, ele não sabia muito sobre psicologia, na verdade era quase nada, mas sabia que Jamie não estava bem há algum tempo, o que ele podia fazer? — Acho que ele se sente mais livre aqui pois sente que eu não posso ferí-lo tanto como os seus tios e irmão...

— Ele parece estar feliz aqui — Robert comentou baixinho, encarando o ruivo por alguns minutos antes de perguntar em uma voz calma, estava muito curioso sobre o adolescente — Como ele convive bem com você sabendo que foi sequestrado? Ele sabe...

Acho que ele ignora isso e apenas aceita que não tem como fugir pois está em uma ilha — O ruivo se sentia mal por tê-lo sequestrado, mas sinceramente ele se sentiria pior ao ouvir que um adolescente morreu aos dezesseis anos de fome, negligência e frio, Jonathan poderia ter entrado em um processo pelo o tratamento negligente dado ao menor, porém Jamie provavelmente desmentiria os abusos por estar com medo e o adolescente morreria — Acho que ele aceitou que é melhor apenas se manter calmo do que surtar.

A justiça também podia ser facilmente subordinada, ah, ele sabia disso perfeitamente disso.

— E se ele começar á depender emocionalmente de você? — Robert perguntou curioso, isso nunca era bom, dependência emocional é algo ruim para ambos em uma relação.

— Eu não tinha pensado nisso — O ruivo assumiu envergonhado, sentindo-se incrivelmente estúpido, esse era um ponto importante, o que ele faria se Jamie dependesse dele emocionalmente?

— Claro que não — Robert zombou acidamente, as vezes se questionando se Jonathan tinha cérebro ou se por acaso se fazia de sonso mesmo, Robert resolveu mudar de assunto — Bem, com essa infantilidade dele, eu espero que você tenha lhe dado um quarto especial como...

— Eu não sou criança, eu sempre estive muito bem sozinho — A voz de Jamie atraiu a atenção de ambos os homens, o garoto tinha se aproximado e estava ali há alguns poucos minutos, Jamie cruzou os braços, mantendo uma pose teimosa, Canela estava parada e permaneceu assim, o garoto falou orgulhosamente — Eu já tenho 16 anos!

— Para mim você é uma criança sim — Robert tinha trinta e dois anos, ele encarou o garoto com firmeza e uma boa paciência antes de dizer em um tom brincalhão — Você só tem dezesseis anos, Jamie, ainda é jovem, tem o seu direito á infantilidade, pegadinhas, implicâncias e coisas assim, ok? Não tente agir como um homem adulto, Jamie, isso será cansativo demais.

Jamie ficou quieto, sem saber como responder, ele odiava se tratado como uma criança sinceramente. Seus parentes sempre o trataram com nada além de frieza e indiferença, sua infância foi arruinada por espancamentos e gritos, suas costas ainda mantinham as marcas do chicote. Ele nunca foi realmente uma criança feliz enquanto convivia com eles. Jamie até os oito anos ele tinha o seu pai, ele era amado, cuidado, desejado...

... Depois da morte de seu amado pai sua vida se tornou fria, faminta, solitária, dolorosa, tão caótica que as vezes o deixava sem ar e com lágrimas nos olhos. Viver realmente não era para os fracos.

Jamie esteve sozinho durante muito tempo, só porque ele estava mais relaxado hoje não queria dizer que ele era infantil, só queria dizer que ele tinha desistido de bolar planos de fugas idiotas.

As vezes o garoto queria poder desabafar com alguém, mas lembrou-se da última vez e apenas se calou. Ser chamado de fraco e de estúpido tantas vezes o fez se calar. Jamie não queria a humilhação de alguém saber de seus ferimentos e dores, não, isso era tão doloroso quanto ser espancado por horas e horas.

— Jamie, você está bem? — Jonathan o chamou em uma voz levemente preocupada, afastando sua mão do ombro de Jamie, Robert os olhava curioso — Você está quieto há muito tempo.

E-eu estou bem — Jamie murmurou em uma voz gaguejada, falar sobre as agressões e humilhações agora não o ajudariam, não havia nada que Jonathan pudesse fazer para ajudá-lo.

— Você está pálido — Robert notou, Jamie o encarou de um jeito nervoso.

Estou bem — Jamie respondeu novamente incerto, não queria falar sobre o seu passado agora.

Jamie estava cansado de pensar no seu passado, pois lembrar doía. Ter sofrido tanto não o fazia se sentir mais forte e imparável, e sim mais fraco e amedrontado sobre o seu futuro.

A vida podia ser assustadora as vezes.






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Até o próximo capítulo, meus amores.

Meu Amado Sequestrador.Onde histórias criam vida. Descubra agora