CAPÍTULO 15- Mirdrem- o matador

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- o que está acontecendo aqui?
Mirdren tinha acabado de subir pra o que seria o convés, pelo jeito todos estavam ali com os rostos preocupados, eles seguravam suas espadas e olhavam os céus.
- Alengar disse que ouviu um som alto vindo do céu,então subimos pra ver, afinal estamos no lago de Mir o lar dos Drirks.
Quem falou foi Audrir, ele estava segurando sua espada com força e fitava o céu nublado, iria chover.
- algum sinal dele?
Disse Mirthus enquanto segurava o seu grande machado com as duas mãos.
- Até agora não vimos mais nada, com todo o respeito você pode ter se confundido, poderia ser, não sei , um trovão.
Disse Percis, um dos dois cavaleiros que viera com Licius.
- Eu sei o que eu ouvi, não parecia um trovão.
Alengar falava como tentado se justificar.
- o que exatamente você escutou?
Mirdren disse para Alengar que estava na sua frente.
- foi um som forte... no início pensei, assim como Percis falou- ele apontou para o jovem cavaleiro que estava em pé perto do mastro- que fosse um trovão, não tinha ouvido direito, mas aí aconteceu de novo e pude prestar mais atenção, era como o som de um gavião só que muito mais alto, senti o medo me dominar, pensei que ele me pegaria e me levaria para...para...para algum lugar e me comeria, Drirks comem homens,todo mundo sabe.
Todos ficaram em silêncio, como Alengar dissera todos sabiam ,mas mesmo assim não queriam admitir que fosse real, eles ainda olhavam o céu.
Naquele momento Mirdren resolveu tirar sua espada da bainha, a luz azulada iluminou o seu rosto e os que estavam ao seu redor, não era seu costume mas a segurou com as duas mãos, ela parecia um poste em meio a escuridão, era a esperança de todos no barco,uma arma divina pra matar um monstro criado pelos deuses.
E então eles esperaram.
Todos estavam ao redor de Mirdrem e pareciam esperar pelo pior, aos poucos a chuva começou a cair do céu molhando seus cabelos, mesmo assim eles não saiam de lá, tinha um tempo que estavam assim mas ninguém quis sair ou disse que o perigo já tinha passado, todos sabiam que algo ia acontecer, a questão era quando.
O barco continuava em seu caminho atravessando o grande lago até que se aproximaram de uma estrutura que surgia das águas, quando olhou pela primeira vez Mirdren jurara que era uma simples pedra no rio, mas a medida que se aproximavam ele notou que era grande, e o que antes parceria apenas um monólito beje se transformou em uma estátua de um homem, ele era alto, usava uma armadura e em seu peito tinha um símbolo todo feito de ouro , era um círculo e em seu centro estava escrito algo que Mirdrem não sabia, segurava uma lança na horizontal, como se dissesse não se aproxime.
E foi com a visão da estátua que as coisas aconteceram, primeiro ouviram um som baixo , fraco que poderia facilmente ser ocultado pelos respingos de chuva caindo na madeira, o som foi ficando mais forte e rápido, o coração de todos parecia que o acompanhava.
- Merda.
Um Homem que Mirdrem não conhecia falou.
Foi naquele momento que eles perceberam que estavam quase batendo na enorme estatua.
- abaixem as velas!!
Gritou Audrir, e logo as velas foram abaixando e o barco parando.
Estavam exatamente na frente da estátua,Mirdren a fitava, parecia vagamente com a estátua do rei loctis na entrada de vila tempestade.
- as coisas parecem estar acalmando agora.
Disse um outro homem que Mirdrem não conhecia e muito menos teria a oportunidade, pois foi no momento exato que ele falou isso que uma massa preta extremamente rápida passou e agarrou seu corpo, a última coisa que Mirdrem ouviu dele foi um grito, após isso caiu o silêncio.
- pegaram...pegaram o tern!
Todos se entreolhavam, afinal quem seria o próximo?
Ele voltou, estava com fome e tinha muitas presas naquele pequeno barco de Madeira, no seu espesso bico branco ele mastigava uma carne , era delicioso nunca mais tinha comido um desses crilan ( algo como 'pequenos' nas antigas línguas), nas suas garras pendia um corpo meio comido , o Drirk o soltou era pesado e o melhor já estava em sua boca, o corpo caiu na água, e o imenso animal aterrissou magistralmente na cabeça da estátua, de lá ele conseguia ver com seus olhos vermelhos o terror no rosto dos pequenos seres, ele riu, soou como um chiado, achava engraçado aquela situação e tinha séculos que um crilan não passava por aquelas terras e agora 20 deles estavam a sua frente, era como comida pronta para servir, ele olhou com cuidado queria pegar um bom, primeiro viu um homem alto e grande segurando um machado, pensou em pegá-lo ,mas não, era muito grande, olhou para outro, ele segurava uma espada colorida e todos pareciam confiar nele "deve ser o mais forte, quanto mais rápido mata-lo melhor" pensou o Drirk, então assim estava decidido, o animal se inclinou, estreitou os olhos e deu o impulso mais forte que já dera em sua longa vida.
Em um momento Mirdren sentia a chuva caindo na sua cabeça e olhava aquele monstro sobre a estátua, no momento seguinte sentia garras cercando seu tronco, algo levantou ele do chão muito rápido chega levou alguns segundo para que ele entendesse o que estava acontecendo, e quando intendeu percebeu que estava voando.
Não existia mais chuva, só a vastidão daquele céu limpo, Mirdrem olhou para baixo, o chão parecia uma cama de nuvem,o vento batia em seu rosto e o sol ardia impassível no céu, estava assina de tudo e todos e parecia que o mundo se desdobrava ao seu redor, era a primeira vez que Mirdrem voava e sem dúvida era a visão mais linda que já vira em sua vida, no mínimo seria se não tivesse uma garra apertando com força o seu corpo.
- drin vri ni Lan?( Algo como" porque você não morre?"
O enorme pássaro gruniu, Mirdren achou que ele tinha dito algo mais não compreendeu, eles continuavam voando por aquela imensidão e as garras começavam a apertar cada vez mais.
Ele estava perdendo a paciência, nunca precisou fazer muita força para matar um deles mas agora tinha um que por algum motivo não morria, aquilo o deixava bravo , virou a enorme cabeça para olhar aquele crilan , ele estava se debatendo, ainda tinha a espada em sua mão, por um momento o Drirk ficou com medo dele utilizá-la para feri-lo mas logo esse medo passou , em todos esses anos nunca vira uma espada forte o bastante para mata-lo, ele era forte , um Drirk , remascente dos dragões não iria morrer pra um simpl... ele sentiu algo perfurando sua perna, doía, ardia e ao mesmo tempo queimava nunca tinha sentido uma dor tão forte como aquela nem quando desafiou o rei, antes o que era apenas um inseto difícil de matar se transformou em uma ameaça e o Drirk agora queria vingança, começou a chacoalhar a perna com toda força que tinha e mergulhou no ar, ia de um lado para o outro na esperança que ele caísse e se chocasse com a água assim morrendo, a esperança se mostrou efêmera já que agora o homem estava escalando a suas penas, sentia ele puxando-as conforme subia pelo corpo , fez movimentos mais bruscos, foi para um lado, para o outro, subiu e desceu mais ele continuava ali, por fim como uma última cartada mergulhou e entrou nas nuvens.
Mirdren segurava com toda força que podia nas penas do animal, o vento e a chuva batiam forte nele, mesmo assim não podia soltar se caísse estaria tudo acabado, na sua mão direita ainda pendia a espada, ele a segurou forte e a enfiou mais uma vez na pele do animal, ele gruniu e gritou , sua voz foi ofuscada pelo barulho de trovões.
A espada estava encravada então ele a usou como apoio para continuar subindo cada vez mais pelo Drirk o que não foi fácil já animal se movia ia de um lado ao outro e subia, as vezes descia tão perto do lago chega Mirdrem conseguia ver o próprio reflexo agarrado a penugem, mas não desistiu e por fim em meio aos trovões e raios alcançou o topo do torço do animal, agora conseguia ficar em pé mesmo com dificuldade, mas foi com calma andando, a espada estava a sua frente iluminando o caminho, às vezes caia e tinha que se agarrar de novo mas no fim ele conseguia chegou ao seu objetivo, a cabeça.
Ele segurou a espada com as duas mãos e a ergueu, a lâmina estava apontada pra baixo em direção ao crânio , o coração de Mirdrem batia muito rápido, o suor entrava pela sua boca, estava cansado e ofegante mas juntou forças e como uma ação involuntário empurrou a espada para baixou, o Drirk gritou, gritou tão alto chega se sobrepunha aos trovões.
- Sil!
Ele disse uma coisa, quase inaudível e morreu.
Mirdren estava caindo, cada vez mais o corpo do animal se aproximava da superfície do lago e por fim com um estrondo ele sentiu o peso do animal batendo na água que subia como um enorme vulcão.
Agora estava debaixo da água , submerso como um peixe, olhava ao redor e não via nada além daquele cor cinza, foi aí que ele percebeu que não sabia nadar, deu sorriso com o canto da boca, " no fim não adiantou nada, no mínimo como será passar a eternidade de baixo da água?", O fôlego saia do seu corpo, ele fechou os olhos e se deixou levar pela água.

MIRDREM - o matador de deusesOnde histórias criam vida. Descubra agora