Dia 101
A última coisa que me lembro foi de conjurar o servo invisível e o mandar montar o acampamento. Terminei de escrever, me esquentando na beira do fogo enquanto as mãos mágicas escreviam no diário. Quando terminei, a cabana já estava montada, no chão mesmo, mas bem amarrada. A meio tiro de distância da água, debaixo de uma das poucas árvores que ainda estavam de pé. Saí da beira da fogueira, passei direto pela barraca e me enfiei no meio de um monte escuro e úmido de galhos e folhas que tinham sido arrastados pela chuva. Deixei tudo na cabana, menos meus diários, que sempre trago comigo deitei naquele covil confortável, que me lembrava muitas paragens que fiz com meus pais.
Dormi até o meio da tarde, comi carne seca, preparei minhas magias e perdi meia hora escolhendo qual seria a minha próxima. Queria ficar com a de Invocar Monstro, ou a de Suportar Elementos, daí eu estudei as duas, tentando achar qual seria mais útil: ter mais um servo invisível, mas que pode atacar os monstros junto comigo ou criar mais uma proteção, desta vez contra fogo, frio ou outra coisa do tipo. Acabei treinando um pouco a de Proteção Contra Elementos conjurei um servo e mandei-o empacotar as coisas enquanto eu estudava, então ganhei tempo para viajar logo.
Fiquei desconfiado de que a varinha de montaria arcana poderia acabar logo, então revi quantas cargas ela ainda tinha. Ainda tem uma dúzia. Dei uma olhada nos machucados de ontem, parece que ainda estou com uma costela fora do lugar por causa da queda. Preciso achar mais plantas de cura, senão vou acabar gastando minhas poções e ficando sem nada. Vou viajar pela beira do rio, então talvez eu ache algo útil...
Comparei o mapa que conjurei com o do Norman, falta pouco para o meio do caminho. Dei uma olhada no maço de cabelos, nos frascos de poções e por sorte nada quebrou. Também vi a carta do Norman e ainda não tive coragem. Outro dia eu abro.
Dia 102
Hoje eu fiquei mais malandro:
Conjurei o servo invisível e mandei-o desfazer o acampamento enquanto eu preparava as minhas magias. Aproveitei para treinar as mais novas, então foquei na de disfarce, que consegui preparar duas, a de meteorito, que também preparei duas e a de proteção, que tive que tentar duas vezes antes de acertar (eu acho).
Daí conjurei minha montaria e andei o dia todo em direção à serra onde vi as luzes do vilarejo. Acho que amanhã eu chego lá, se alcançar a estrada hoje à noite. Fiz um mapa daqui e acho que não demoro muito. Só não sei ainda se vou ou não usar o disfarce...
Dia 103
Cheguei hoje ao vilarejo. Chamar meia dúzia de casebres à beira da estrada, feitos de tábuas podres e cheirando a mijo de Vila é elogio. O lado bom é que usei o disfarce, então eu parecia um humano forte e perigoso... Daí eu consegui trocar as peles de crocodilo (é esse o nome dos bichos...) por algumas coisas meio úteis e uma ninharia em dinheiro. Eles não tinham muito para vender (o lado ruim), então nem mostrei que tinha algum dinheiro. Peguei pão, farinha, vinho, linguiças e corda. Eles também tinham bichos para vender, mas eu não tinha interesse em nada, então aceitei uma lona e uma moeda de prata, com uma coroa de um lado e uma árvore do outro. Perguntei, só para disfarçar, para que lado ficava a serralheria e eles me disseram que ficava a um dia de viagem montado, seguindo a estrada na direção do Porto dos Canários.
"Porto dos Canários? Que lugar é esse?" Perguntei como quem não sabia.
Prontamente o velho que me atendia fez uma cara assustada e disse:
"É um velho castelo que perdeu sua importância ao longo dos anos. Dizem que agora é vigiado pelos fantasmas dos homens que morreram em uma batalha ocorrida há algumas décadas. Todos que se aproximam demais, não são mais vistos entre os vivos."
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Diário de viagem
FantasyPrimeiro, muito obrigado! Obrigado à @_valentart pela arte da capa! Obrigado, Paulo Alberto, por ler enquanto eu escrevia! Obrigado à você, que leu, criticou, me ajudou a melhorar e continuar escrevendo! Obrigado ao Wattpad, pois aqui tenho col...