Dias 159 a 170 - penúltima parte

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Dia 159

Passei o dia esperando notícias das cartas enviadas ontem e criando pergaminhos com magias simples. Depois do meio dia, aproveitei para criar magias para os aldeões, que já eram habituados com aquilo. Fiquei assim até o fim do dia, quebrando um galho aqui e ali, conjurando magias simples de Servo Invisível e lendo inscrições arcanas e divinas em itens e roupas que me traziam.

Por fim recebi uma notícia boa: Parece que amanhã ao fim da tarde, uma caravana passará aqui perto em direção a Nimbarann. Junto com eles, eu talvez ganhe algum tempo, ou quem sabe, dinheiro.

Sinto saudade do Tumnus, mas sei que ainda vou deixar muita gente para trás. Assim como deixei André, Norman e Silvanna.

Eu não me lembro dos nomes de dez parentes meus que eu gostasse ou respeitasse tanto quanto essas pessoas, mas parece que meu destino é a jornada, não a chegada. Hoje eu estava perguntando o que será de mim quando chegar a Malpetrim, o que vou fazer com o que aprendi e quem eu vou querer ser.

Vou para Valkária, como disse o Norman? Volto para o Porto, ou pra a Vila?

Ainda quero ter um professor, alguém que me ensine e me ajude. Achei que seria Tumnus, mas agora...

Melhor ir dormir.

Vou empacotar meus livros e os presentes que ganhei esses dias.

Dia 160

A caravana não chegou. Parece que estou preso aqui por mais um dia. No fim da tarde, uma coruja veio com uma ponta de flecha entre as garras e uma fita de seda. Era a marca que todos temiam: O comerciante havia enfrentado salteadores, provavelmente um bando de orcs. Fora isso, não temos mais notícias. Nenhum pássaro foi mandado para não arriscarem a posição da vila, Mesmo protegida pelo encanto do Galhada por alguns meses, Não é aconselhável que saiam espalhando pistas de sua localização, não até que eles sejam capazes de defender a vila e a fonte.

 Assim, vou ficar mais dois  dias aqui, concentrado em reformar as capas de meus livros e fazer alguns favores para os locais. Se alguma coisa tiver sobrado da caravana, provavelmente eles chegarão aqui no meio do dia exaustos demais para continuar.

Só espero que caiba mais um. Agora eu me arrependo de não ter aprendido logo a magia de Montaria Arcana.

Tenho ouvido várias pessoas falarem mal do reino de Fortuna, dizendo que eles não são dedicados ao trabalho e ao fortalecimento de seu reino, mas simplesmente à jogatina e balbúrdia. Pra mim tanto faz, desde que eu consiga comprar outra varinha de montaria, ou um pergaminho que me ensine de vez esta magia.

Estou com meus dois livros (o diário e o grimório), um kit de viagem velho que eu troquei por algumas magias e os presentes do Galhada. Tudo isso não pesa uma arroba. Além disso, estou com o anel do rio, mas não tive coragem de usá-lo ainda. Tem umas inscrições que eu quero estudar com tempo e privacidade. Duas coisas que agora eu não tenho. O máximo que consegui foi verificar que ele é imbuído de magia, mas uma magia sutil. Não é como as magias que a gente lança... é como se ela fluísse como água escorrendo na pedra, singrando seu caminho e levando vida às plantas e pequenos animais ao seu redor. Lancei a magia de identificação, mas não consegui reconhecer o que recebi de volta. Era inconstante e esquivo demais. Era como se o anel não gostasse de ser meu. Quando eu estiver em viagem, procurarei entender melhor essa coisa. Se ele não for útil em batalha nem em viagem, vai pro prego na primeira venda.

Viajar sem ajuda tudo bem, mas no meio de um monte de gente e ser o único sem um tibar corroído é triste.

De toda forma, amanhã criarei mais servos invisíveis ao longo do dia pra ver se eu ganho uns trocados. Foi assim que paguei minha estadia e o equipamento novo pra viagem. É uma pena que eles não tenham nenhum vendedor de varinhas e pergaminhos.

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