8 - Eu quero você

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Ela volta a ficar em silêncio e paro de prestar atenção no anime - o que não estava fazendo de qualquer modo - para pensar no que ela disse.

"Não culpe seu amigo pelos seu erro"

Eu não culpo o Jin pelo que eu fiz, eu fiz por livre e espontânea vontade, até briguei com o NamJoon porque ele queria que eu parasse, mas eu estava envolvido de mais, cego de mais para perceber que eu me daria mal.

Eu culpo o Jin por ter abandonado a gente três anos atrás, por ter simplesmente sumido das nossas vidas de uma hora para outra. Ele nem se importou em dizer nada, foi como se a nossa amizade nunca tivesse existido.

E eu realmente acredito que se ele não tivesse ido embora eu não teria brigado com o NamJoon e não teria me metido nessa merda toda.

Suspiro e me culpo mentalmente.

Eu estou mesmo culpando o Jin por ter me envolvido com o pessoal errado, por ter sido pego fazendo algo errado com eles. Por ter sido detido e por tudo que aconteceu depois.

- Chega de desenho - ela diz me acordando do transe e enxugo o rosto antes que ela veja. - Vamos dormir?

- Dormir? - pergunto.

- É, já são onze e pouquinho. Eu normalmente durmo esse horário - ela diz.

- Não - falo. - Eu não posso dormir aqui.

Não de novo, eu não posso ficar me aproveitando da garota.

- Claro que pode - ela diz. - Tem vários quartos, várias camas, e eu disse que posso.

- Não, mas eu não quero - ela se decepciona um pouco mas rapidamente se recompõe.

- Aí já é outra coisa - ela diz. - Se você não quer eu não vou insistir.

Assinto com a cabeça agradecendo, mas acho que ela merece um agradecimento de verdade.

- É... obrigado. Por... agora a pouco, a conversa... é... obrigado - falo sem jeito me virando de costas.

- Obrigada pela pizza - ela diz e me tranquilizo. - Se precisar conversar ou qualquer coisa do tipo, ou até mesmo se estiver a fim de distribuir pizza de graça por aí. Pode aparecer aqui - ela ri e me viro para ela rindo também.

- Obrigado - falo.

- Você já disse isso - fala.

- Eu sei - falo coçando a nuca. - Mas... achei que devia dizer de novo - sorrio sem graça e ela assente ainda sorrindo.

Ela me guia até a porta.

- Tome cuidado ao voltar para casa - ela diz.

- O.K. - faço o símbolo com a mão.

- Tchau.

- Tchau - me curvo e saio andando pela larga rua deserta. Mas, quando já estou no final da mesma, olho para trás. Ela ainda está encostada na porta aberta olhando em minha direção.

Rio negando com a cabeça.

Eu não mereço essa garota.

...

- Boa tarde - a Sra. Bom fala assim que me vê.

Por algum motivo ela gosta de ser a primeira a me cumprimentar.

- Bom dia - sorrio para ela.

- Está de bom humor? - ela pergunta e assinto. - Está apaixonado? - ela brinca. - Quando vocês jovens ficam assim animados é porque estão apaixonados.

- Não, não - nego rindo. - Eu fiz uma amiga nova e ela é meio psicóloga e tá me ajudando a entender umas coisas sobre mim.

- Que bom. Se você está feliz eu estou feliz. Mas ainda sou sua melhor amiga - ela diz e assinto.

- Com certeza - digo e ela sorri.

- Um dia traga ela aqui - ela pede.

- Não somos tão amigos assim, mas, quando estivermos mais íntimos, eu prometo que trago.

Aviso que vou ajudar na cozinha e ela assente.

Quando cheguei em casa ontem de noite ainda estava tudo revirado. Mas, surpreendentemente, eu não estava cansado ou irritado. Consegui arrumar tudo com tranquilidade e ainda dormir bem.

Respiro fundo.

Eu realmente me sinto melhor por ter me acertado com a garota. Eu sei que a gente mal se conhece, mas eu me sinto confortável por ter alguém que se preocupe comigo, mesmo sendo uma garota, provavelmente mais nova que eu, que tem seus próprios problemas.

Me sinto meio idiota por isso, porque não consigo cuidar dos meus problemas e ela fez isso por mim, mesmo ainda tendo os dela.

Se não fosse por ela eu teria me dado muito mal depois daquele ataque de pânico. E sou grato pelo que ela fez.

Quando termino de ajudar na cozinha jogo um pouco de baralho com a sra. Bom. Eu não sei como uma senhora de setenta anos joga pôquer melhor que eu.

- Você está me devendo - ela diz brincando.

- Se você cobrar eu saio falido - brinco também.

- Então essa eu vou deixar passar.

- Muito obrigado.

Ela ri.

- Tchau, filho.

- Tchau, senhora Bom.

- Boa aula.

- Obrigado.

Aula...

...

- Então você foi na casa dela... - Kwan fala sorrindo de modo malicioso.

- Não foi nada disso - digo. - Nós comemos a pizza e assistimos anime.

- Sabe, você é um garoto estranho - ele diz e rio. - Mas, pelo menos, fez o que devia e se acertou com a garota.

- É, ela é bem legal. Até me deixou escolher o anime.

- E ela te chamou pra dormir lá e você disse que não? - Ele pergunta já que eu havia contado esse detalhe.

- É, eu não queria dar trabalho - digo

- Garoto, Você não recusa se uma garota te chama para dormir na casa dela.

- Mas também, ela é muito atirada - DuEui fala.

- Mas vocês estão levando tudo para um lado errado - digo.- Estava tarde e ela perguntou se eu queria ficar porque ia voltar sozinho. Além disso seria cada um em um quarto.

- E os pais dela? - Kwan pergunta.

- Nunca estão em casa - digo.

- Você é um tapado - SoMoon fala e o ignoro.

Eu não quero relações desse tipo com a garota, eu quero uma amiga e estou feliz por ter uma. Pelo menos eu espero que seja, vou confirmar isso depois.

Pego minhas pizzas e saio um pouco chateado pelo rumo que a conversa levou.

Forever - KTHOnde histórias criam vida. Descubra agora