Capítulo 4 - Um pouco de chocolate

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1993

Fiquei um pouco sem graça quando papai me deixou em um vagão onde havia duas meninas. Estávamos um pouco tímidas no inicio, mas logo começamos a conversar. Pelo que pude reparar as duas vinham de famílias inteiramente bruxas e desde pequena esperavam pela carta de Hogwarts.

Fiquei pensando como teria sido minha vida se não fosse todo aquele mistério. Já que mamãe e Remus eram bruxos eu já poderia ter aprendido muitas coisas. Bom, no entanto o que mais importava agora era que eu finalmente sabia toda a verdade e estava indo para Hogwarts.

Depois de algumas horas de viagem, o trem parou.

- Será que chegamos? - perguntou uma das meninas que estava no vagão.

Ela se levantou para olhar pela janela quando tudo ficou escuro. Um vento gelado invadiu a cabine onde estávamos e eu comecei a me sentir estranha. De repente toda a alegria que eu sentia começou a ir embora como se nunca mais fosse voltar. Aquilo tudo começou a me deixar com medo. Vi alguns vultos passando pelo corredor do trem, mas antes que o pânico tomasse conta de mim, as luzes se acenderam e voltamos a nos mover.

Nós três ficamos em silêncio. Apenas olhávamos uma para as outras assustadas. Aparentemente elas tinham experimentado a mesma sensação que eu. De repente, vi meu pai passar do lado de fora da cabine e fui atrás dele. As meninas não me seguiram. Acho que ainda estavam assustadas demais para se levantarem e sair.

Papai não percebeu que eu estava atrás dele até que eu puxei sua capa antes que ele entrasse na cabine do maquinista. Ele parou, me olhou docemente e pediu para que eu o esperasse ali no corredor.

Em poucos instantes ele voltou.

- Papai, o que foi aquilo? - perguntei.

- Dementadores, guardas da prisão bruxa de Azkaban - ele retirou um tablete de chocolate do bolso e me deu um pedaço. - Fique tranquila. Eles não vão voltar - disse ele enquanto eu comia.

O chocolate me fez sentir instantaneamente melhor.

- Filha, eu não posso ficar aqui com você. Preciso voltar para onde eu estava.

- Posso ir com você? - perguntei.

- Melhor não filha. Desculpe-me - ele sorriu timidamente.

- Tudo bem - sorri de volta.

Nós começamos a andar em direção a cabine onde eu estava antes. Paramos em frente à porta.

- Tome, - disse papai me entregando dois pedaços de chocolate. - Dê um pedaço para cada uma.

Olhei para ele com um sorriso interesseiro. Papai entendeu, partiu mais um pedaço de chocolate e me entregou.

- Nos vemos no castelo Lana.

- Te amo pai - disse para ele. Não sei se foi o chocolate ou o carinho dele, mas eu estava me sentindo a pessoa mais feliz e amada do mundo.

- Também te amo filha - respondeu papai sorrindo.

Ele se virou e caminhou para longe. Eu abri a porta da cabine e entrei.

- Comam, vocês vão se sentir bem melhor - disse entregando o chocolate a elas e comendo o pedaço que havia ficado comigo.

- Quem é aquele homem? - perguntou uma das meninas.

- Meu pai, Remus Lupin. Ele vai ser o novo professor de Defesa Contra as Artes das Trevas em Hogwarts.

- Hum, parece que você não vai tirar nenhuma nota baixa nessa matéria então - disse a outra menina.

- Você bem que poderia arranjar as respostas dos exercícios pra gente - disse a primeira.

- Claro que não. O fato de eu ser filha dele não vai interferir em nada na nossa relação de aluna e professor.

- Okay, vou fingir que acredito - retrucou a segunda em um tom claro de deboche e com uma risada que foi acompanhada pela outra menina.

Eu não falei mais com as meninas durante o resto da viagem e fiquei pensando na conversa que teria com papai sobre falar para os outros alunos sobre sermos pai e filha. Por ali já tinha percebido que tipo de reação poderia ocorrer se a notícia se espalhasse. Não seria agradável para nenhum de nós dois. Uma pena, porque eu queria contar para todo mundo o orgulho que eu sentia por ser filha dele. Antes o melhor padrinho do mundo e agora, o melhor pai do mundo.

***
É, tem gente que sempre quer levar vantagem em tudo e acha que todo mundo se comporta da mesma maneira. Insuportável esse tipo de gente. Ninguém merece...

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