1993
Minha vida até então era completamente normal. Eu tinha um pai e uma mãe que trabalhavam o dia inteiro, uma casa boa para morar e ia à escola todas as manhãs. Eu também tinha um padrinho que quando podia aparecia para me buscar na escola ou fazer companhia e que eu amava de todo coração.
No entanto, havia muitas coisas as quais eu não sabia.
Quando ouvi a voz do meu padrinho saí do meu quarto e fui andando devagar até a cozinha... Minha mãe, Anne, estava sentada ao lado da bancada de mármore que dividia o cômodo em dois ambientes e meu padrinho, Remus Lupin, andava de um lado pro outro bastante preocupado.
- Anne, você sempre soube que ela era uma bruxa. Não se lembra do incidente na pré-escola quando a Lana arremessou uma menina por vários metros? Desde que você me contou aquilo que tive certeza! - Lupin se apoiou na pequena mesa redonda que havia no centro de um dos ambientes da cozinha e ficou olhando para minha mãe.
- Também pensei nisso. Mas concordamos que quanto menos ela soubesse sobre magia, menos ela correria o risco de descobrir toda a verdade - respondeu mamãe. - E nunca mais aconteceu nada parecido - completou.
Aconteceu sim mamãe. Confesso que fiquei aliviada em saber que nossa casa não era de fato assombrada. Escondi-me entre as sombras no final do corredor para continuar ouvindo.
- Dificilmente esconderemos a verdade para sempre - Lupin se aproximou de mamãe. - E aquela não foi a única vez - ele se afastou e voltou a andar pela cozinha.
- Quando? - perguntou mamãe aflita.
- Uns meses atrás ela tentou pegar alguns livros em uma prateleira e uma dúzia deles caiu na direção dela. Nenhum a acertou.
- Coincidência - retrucou.
- Eu concordaria com você se os livros não tivessem ficado flutuando no ar por alguns segundos antes de caírem.
Mamãe olhou para Lupin - ela se assustou?
- Não acho que ela tenha visto o que fez já que estava de olhos fechados tentando se proteger.
Finalmente eu entendi porque havia saído ilesa daquele acidente.
- Acho que precisamos contar tudo a ela, antes que isso a assuste ou assuste outras pessoas - Lupin puxou uma cadeira e se sentou ao lado da mesa.
- E meu marido?
- Bom, ele sabe que você e eu somos bruxos - respondeu Lupin.
- Ele sabe, mas até hoje acho que não acredita.
- Eu preferia que ela não soubesse que eu sou um lobisomem. Não sei como ela vai reagir. Mas não acho que dê para contar apenas metade da verdade. Passando a viver nos dois mundos será ainda mais difícil esconder qualquer coisa dela.
- Vamos pelo menos aos poucos então. Primeiro contaremos a ela sobre sermos bruxos. Depois de um tempo explicamos a ela sobre você ser lobisomem.
Lupin concordou com um aceno de cabeça.
- Depois nós precisamos conversar sobre mais uma coisa. Convivendo com os outros bruxos ela pode acabar descobrindo que você é o verdadeiro pai dela.
Ao ouvir essas últimas palavras de minha mãe, eu não resisti e saí das sombras que me escondiam no corredor de acesso à cozinha e fiquei parada olhando para ela e meu verdadeiro pai. Ambos com expressões de total espanto no rosto.
- Lana! O que você está fazendo escondida aí? - perguntou mamãe com a voz alterada quando me viu saindo da penumbra do corredor surgindo na cozinha bem iluminada.
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Livro 1 - Nada Permanece Igual...
FanfictionMinha vida em Londres não era muito diferente das de outras meninas de 11 anos. Meus pais me amavam, eu estudava em uma boa escola e tinha uma amizade muito especial com meu padrinho, Remus Lupin. Porém, uma conversa ouvida sem querer revelou uma re...