Peguei meu calendário e fiz um x no número 18. Estava contando quantos dias faltava para terminar aquele suplício. Tinham se passado 2 meses, desde que eu tinha entrado naquela confusão e vivia naquela prisão. Me sentia uma presa em regime semi aberto. Me sentia livre e feliz quando estava na rua, na escola, ou fazendo algo que eu gostasse. Mas me sentia infeliz vivendo naquela casa. Aquele não era o meu lugar. Que falta fazia o meu pequeno apartamento. Ele poderia ser pequeno e simples, mas com certeza ali havia amor. Para diminuir a minha solidão, conversava com a minha irmã Sofia por mensagens e as vezes ela me ligava para saber se estava tudo bem comigo e minha amiga Paty que me falava para agüentar firme. Suspirei fundo. O meu tempo era resumido entre o trabalho na escola, os finais de semana com a família de Harry ou algum evento que precisássemos ir, onde fingíamos que era o casal perfeito. A nossa convivência não era das melhores. Mal nos falávamos e nos víamos. E das poucas vezes que precisávamos conversar, éramos ríspidos um com o outro. Mas também o que podia esperar de um ogro como aquele? Estávamos juntos por apenas um motivo, um casamento por contrato. Para ele aquilo era uma forma de não perder o seu dinheiro e quem sabe punir a minha irmã. A Paty me disse que o que ele fazia, era orgulho ferido de ter sido abandonado por ela. As vezes me perguntava se ele não tinha se apaixonado por ela. Mas enfim não me importava! Quanto mais longe ficávamos era melhor. E para mim aquilo era uma forma de não ir presa e salvar a minha irmã daquele louco. O que me ajudava a diminuir a dor e a tristeza que eu sentia, eram as orações que eu fazia. Toda vez que orava o meu coração parava de doer. Tinha fé que aquele 1 ano ia passar rápido e depois eu poderia voltar a minha vida normal.
Abri a gaveta da cômoda do quarto e um sorriso brotou dos meus lábios, quando eu vi o meu pijama preferido. Ele era azul e tinha um desenho de uma menina com olhos grandes e cabelos encaracolados. Eu ganhei de uma aluna minha, a Lucy. Foi tão fofo quando ela entregou o presente e disse que era para eu ir dormir pensando nela. Não é fofo? Acho que realmente preciso dormir pensando em coisas boas.
Já vestida, puxei o lençol da cama e estava me preparando para ir deitar, quando escuto um grito aterrorizante e uma batida de porta. Dei um pulo da cama e sai correndo para ver o que estava acontecendo. O meu coração batia mais forte do que escola de samba. Vi rastros de sangue, que levavam para o quarto do Harry. Meu Deus o que será que aconteceu? Mesmo com medo, resolvi bater na porta.
— Harry? Está aí? Ninguém respondeu, então abri a porta e resolvi entrar. Corri os meus olhos pelo quarto. Vi uma garrafa de whisky em cima da mesa e um copo de vidro estilhaçado no chão. Mas nem um sinal do Harry. Vi que os rastros de sangue estavam vindo do banheiro. Respirei fundo, tomei coragem e resolvi entrar. Vejo o brutamontes, na pia do banheiro, lavando a mão toda ensanguentada.
— Oh céus! Sua mão está muito ferida? Precisa de ajuda?
— Não preciso de ajuda! Pode sair do meu quarto. E mais uma vez ele enfiou a mão debaixo da água.
Neguei a rispidez das suas palavras e me aproximei mais dele e toquei na sua mão cortada.
—Mesmo você não merecendo, não vou deixar ninguém se esvaindo em sangue na minha frente.
—Já disse que não preciso de sua ajuda! E ele fez uma careta pela dor que estava sentindo.
—Viu, precisa sim! Onde tem uma caixa de primeiros socorros?
—No closet.
Fui até o closet, peguei a caixa e fiz que ele sentasse na cama. Sentei ao seu lado e comecei a enfaixar a mão dele, para impedir que o sangue voltasse.
—Parece ser bem experiente, com estas coisas.
—Ah sim! Quando se é irmã mais velha, agente aprende de tudo. E também fiz um curso de primeiros socorros, por causa das crianças na escola. O corte não foi profundo e isto deve ajudar a segurar. Prontinho e tudo acabado! Tá vendo nem doeu, deixar eu te ajudar.
Ele apenas assentiu com a cabeça. — Bom já que quer me ajudar e estou com a mão enfaixada... pode desabotoar a minha blusa.
— Desa - desa -botoaar?
—Sim não gosto de dormir de camisa.
Respirei fundo e comecei a abrir os botões, enquanto ele me olhava. Que constrangimento! Nunca fiquei tão próximo de alguém assim, ainda mais tirando a roupa de alguém. Abri o último botão e o ajudei a tirar a blusa. Ele ficou sem camisa, revelando um peito enorme e totalmente malhado. Nossa como ele é forte... Acho que por um minuto fiquei admirando aquela grandiosidade. Realmente tinha que concordar com a minha irmã... ele é um deus grego.
— Perdeu alguma coisa aí?
Nossa acho que fiquei vermelha com aquela pergunta. Ele tinha que me constranger. Para não deixar barato respondi: — Não perdi, porque não estava procurando nada!
—Você é um estúpido! E me dirigi em direção da porta enquanto, escutava a sua risada pelas minhas costas.
— Luisa?
— O que? Perguntei sem paciência, com aquela audácia dele.
—Belo pijama. E ele riu mais uma vez.
—Boa noite Harry. Sai pisando duro para fora daquele quarto.
Preciso manter distância deste homem ele é um idiota! Um idiota lindo, mas um idiota!
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Contrato de Casamento (completo)
RomansaA doce Luisa cresceu rodeada de livros de romance e histórias com finais felizes. Romântica inveterada, ela sonha em se casar com o seu príncipe encantado onde eles viverão felizes para sempre. Luisa descobre que os príncipes só habitam as historias...