Com amor, dance...

Capítulo 4 - A dança: A saudade da perda falando alto.

Um mês havia se passado desde o divórcio e os dançarinos juntamente com a coreografa e agente, estão a caminho do aeroporto para pegar o voo para Los Angeles afim de competir na primeira audição da tão sonhada competição.

Los Angeles, aquela cidade não trazia boas lembranças a Regina e desde que Roland havia falecido não cogitou a ideia de um dia voltar até lá, acreditou que nunca mais iria até a cidade dos famosos. Já Robin estava ansioso, claro, com o coração apertado para ele tampouco a cidade lhe trazia lembranças de felicidade ou algo do tipo, mas talvez da mesma forma que haviam perdido tanto, também lá poderiam recomeçar.

Dois anos e tudo ainda era tão recente. Mills quase fora capaz de jurar que não voltaria pisar naquela terra de deserto novamente. Pois no meio daquele deserto, onde dançou que sua vida acabou se tornando um completo deserto emocional.

- Você não parece feliz com essa viagem? – Zelena comentou enquanto Robin fazia os check-ins.

- Nenhuma viagem vai ser tão feliz quanto antes Zel. – Lamentou. – É Los Angeles, prometi a mim mesma que nunca voltaria lá depois que Roland...

- Ei – A ruiva tocou o braço da morena. – Não se culpe pelo que aconteceu. Foi uma fatalidade.

- Zel foi o pior voo da minha vida quando estávamos voltando de Los Angeles para Boston. Você sabe.

- Sim, eu sei. – Encarou a morena. – Só que dessa vez vocês voltarão com o prêmio.

Mills estava indo por obrigação, já não sentia mais nada em relação ao prêmio ou a aquela vontade que tinha para vencer antes que tudo aconteceu. Naquele longo voo de mais de cinco horas Regina mal havia trocado meia dúzia de palavras com a amiga e coreografa e no cair da noite quando saiu daquele avião ao sentir o vento gélido bater em sua face que seu coração quis se congelar, seu corpo travou, sua mente voltou ao seu pequeno e maior amor, seu filho. Mills se sentia uma traidora de si própria por voltar àquela cidade, como se traísse seu próprio filho morto.

- Sei que é difícil, mas será mais fácil quando um passo for dado de cada vez. – Robin sussurrou para ex-mulher ao encontrar com ela paralisada na escada de saída do avião. – Não precisa querer, mas eu estarei ao seu lado. Um passo de cada vez.

Assim ela fez, um degrau de cada vez, um passo, incerto, porem um de cada vez, com todas as dores e sofrimentos a perto aberto, numa vontade de gritar tudo aquilo de ruim e colocar tudo para fora.

Ao passar pelas ruas da cidade lembrou-se de o dia que passou por ali às pressas, na esperança de chegar a tempo, hoje passava devagar e pode observar os pontos turísticos já iluminados pelas placas coloridas, imaginando como seria para o filho ver tudo aquilo que ele sempre sonhou, mas a vida o tirou rápido demais.

- Roland amaria tudo isso, ele era tão encantado pelas luzes e cores. – Robin comentou como se adivinhasse os pensamentos de Mills. – Ele amaria tudo isso, ele faria que o levássemos em todos os lugares...

- Pare de falar de Roland. – A dançaria esbravejou triste, com a voz de choro. Fazendo todos se assustarem dentro do carro – Não fale de Roland nesta maldita cidade.

Nenhuma palavra fora proferida até que chegassem ao hotel onde a própria competição já havia deixado os quartos reservados para todos os competidores. Ao chegar lá já haviam muitos deles, grandes competidores que já haviam por alguma vez competido e perdido para o ex-casal, muitos dançarinos eram tão jovens e grandes fãs de Regina e Robin, aqueles jovens estavam reluzentes e felizes por estarem no mesmo lugar daqueles que os inspiraram para a dança. Mal sabiam que a vida do casal havia acabado e que não se inspiravam nem para eles mesmo. Alguns paparazzi e fotógrafos autorizados estavam lá para não perder um clique que fosse, era bonito de se ver ao longe Regina e Robin dando autógrafos e tirando fotos com os pequenos fãs, tampouco sabiam que os sorrisos eram forçados depois de tudo que a vida havia tirado dos talentosos dançarinos.