《1.1》

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*Pov Ally*

Ouvi o som do trovão e seu estrondo era um aviso que uma forte chuva chegaria. Eu sinto o cheiro de terra molhada. Dos leves respingos que antecedem a tempestade.

Eu vi a chuva ácida corroer meus olhos como os presentes vermes no caixão. E a chuva forte caira, carregando toda a inverdade que eu proferi naquele dia. E ela molha a madeira que cobre a glória dos homens que mais amei. Só resta-me a solidão.

Uma semana antes:

- Ele morreu! Ele morreu! - Seus gritos me assustam ainda mais quando sinto o gosto de sangue em meus lábios misturado com a lama molhada da chuva.

A ardência em minha pele, minhas costas queimam, minha visão embaça. Meu coração acelerado, tento gritar mas minha voz não sai. Mamãe chorava ao lado de um corpo cheio de lama.

Olho para o nosso carro, não há mais nada dele. Perda completa. Depois disso não vi mais ninguém.

- Me ajuda! Me ajuda! Não me deixem! - Vejo homens fardados mas ninguém me escuta. O céu está escuro e não consigo me mover. - Me adudem!!!

- Ally! Ally! - Escuto alguém me chamar, mas meus olhos não se abrem. - Ally. Você está tendo um sonho ruim.

Eu conheço essa voz. Abro os olhos e vejo que ainda é noite, lágrimad banham o meu rosto avermelhado, me sento na cama assustada. Mani puxa o meu corpo para o seu me abraçando com força.

- Ei calma. Eu estou aqui com você. - Um soluço escapa de minha garganta.

- E-eu... meu p-pai... Brandon... - Não consigo dizer uma frase completa.

Ela se deita em minha cama, deitando o meu corpo em cima do seu, puxa a coberta para o nosso corpo e começa a cantarolar baixinho. É a única coisa que me acalma.

Lembrar do passado ainda é doloroso para mim, desde o trágico acidente, onde perdi as pessoas que eu mais amava, eu venho tendo esses pesadelos. Não estava acontecendo com tanta frequência. Noites chuvosas me remetia o passado doloroso, e hoje era uma noite chuvosa.

《☆☆☆》

A manhã fria fazia os pelos dos meus braços se arrepiarem. O aquecedor quase não esquentava meu corpo gelado naquela manhã.

Calço minhas pantufas rosa, passando o moletom grosso por cima da minha blusa de gola alta.

A casa está vazia... As meninas viajaram para a cidade vizinha para um desfile, no qual eu fui cortada pela Alexa.

Sinto o meu celular vibrar sobre a bancada da cozinha e sorrio ao ver de quem se trata.

Lauren:

"Bom dia! Aceita tomar um café comigo?"

Me inclino sobre o balcão batucando minhas unhas pintadas de preto sobre o mármore, com um sorriso brincando em meus lábios, cobertos por uma manteiga de cacau.

Ally:

"Aceito. Me manda o endereço."

Lauren:

"Eu chego aí em meia hora."

《☆☆☆》

- Bom dia. - Cumprimento a latina com um beijo na bochecha.

- Bom dia.

Fomos o caminho todo conversando coisas aleatórias, Lauren me fazia rir o tempo todo. Estar com Lauren me fazia esquecer dos meus piores pesadelos.

Depois de fazermos o nosso pedido na cafeteria, nos sentamos em uma mesa de canto com a vista das ruas movimentadas.

- Eu não esperava um convite seu para tomar um café. - Falei sincera.

Ela tomou um longo gole de seu cappuccino e sorriu para mim.

- Eu só queria a melhor companhia para começar o meu dia.

Lauren Jauregui está flertando comigo, só pode ser brincadeira. Respira Allyson Brooke Hernández.

Ao terminarmos nosso café, fomos caminhar um pouco pelas ruas. Andávamos uma ao lado da outra, estávamos em silêncio confortável, às vezes eu olhava Lauren pelo canto do olho, ela estava me olhando e me fazendo sorrir enquanto negava em um aceno de cabeça.

- Alguém está tímida. - A latina brincou me fazendo empurrá-la com os ombros. - Você fica fofa corada.

- Lauren! Pare, eu estou vermelha por conta do frio. - O que não deoxava de ser meia verdade.

Ela gargalhou alto chamando muita atenção para nós duas no meio da rua, o que me fez rir mais ainda.

Paramos na faixa de pedestres esperando o sinal ficar verde para atravessarmos, segundos depois ela entrelaçou nossos dedos, senti um calor percorrer meu corpo e uma tanqüilidade aquecer meu peito.

- Aonde estamos indo? - Perguntei quando percebi que estávamos longe da cafeteria.

- Ao mercado, vamos comprar chocolate e outras besteiras para assistir um filme. - Sorriu feito uma criança travessa.

- Eu não posso comer essas coisas. Se Alexa descobrir ela me mata!

- A Alexa não precisa saber.

O celular de Lauren vibrou em seu bolso. Só então que havia percebido que as nossas mãos ainda estavam entrelaçadas uma a outra. Ela tinha agora a mesma feição do dia em que seu pai ligou outro dia. Estávamos paradas em um canto da calçada. Cruzei meus braços abaixo dos meus seios tentando amenizar o vento frio que bateu em meu corpo.

Ela encerrou a ligação, começou a voltar para trás e eu apenas a segui, não sabia o que estava acontecendo.

Depois de longos minutos em silêncio, ela me pediu desculpas e avisou que tinha aparecido um imprevisto importante em sua empresa. Me deixou em casa e nos despedimos com um rápido abraço.

- Nos vemos na sexta?

- Nos vemos na sexta. - Repeti com um sorriso, ela também sorria.

Eu estava contando as horas para sexta-feira.

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