*Pov Ally*
Os dias se passavam cada vez mais devagar para mim, tentava manter minha cabeça no trabalho e em minha mãe que ainda estava sendo mantida sob efeitos do remédio. Tentava não pensar em Lauren, até evitava as redes sociais para não saber mais da latina. Talvez medo de a ver em um relacionamento sério com alguma mulher. Eu não tive coragem de deixá-la de seguir.
As coisas no trabalho estavam uma correria por ser semana de natal, a cafeteria vivia cheia, o que nós deixava muito ocupadas. Eu, Natasha e Cindy estávamos como garçonetes e Denny e mais dois trabalhavam atrás do balcão.
Passava de um pouco mais das sete da noite, era mais uma semana fazendo hora extra.
- Você atende a mesa quatro e eu a seis. - Avisou Tasha piscando para mim de uma maneira divertida.
- Sim, chefinha. - Brinquei e fui atender a mesa que tinha um casal e uma criança que não parava de chorar.
Tasha e eu desenvolvemos uma grande amizade, ela é um pouco mais nova que eu, porém muito experiente e uma ótima conselheira... Ela me incentivou a ligar para Lauren várias vezes, mas eu tenho medo de ela não querer falar comigo.
Anotei os pedidos e entreguei a Denny, enquanto ele preparava tudo, corri para atender outra mesa de uma moça que estava de costas para mim. Tirei o bloquinho e a caneta amarela do bolso de meu avental.
- Boa noite, o que a senhora deseja? - Minha boca secou ao ter os olhos da morena sobre mim. Eu jamais esqueceria aquele rosto. - Lauren... - O seu nome saiu de minha boca como um mero sussurro.
- Oi, desculpe em vir assim. - Disse a latina timidamente.
Seus cabelos estavam mais longos, quase alcançando sua bunda e eles não tinham mais suas ondas naturais, estavam totalmente lisos. Seu corpo era coberto por um terninho feminino escuro e uma maquiagem leve em seu rosto.
- O que está fazendo aqui em Los Angeles?
- Brooke, Denny está olhando feio para cá. Melhor você parar de conversar e trabalhar. - Tasha cochichou ao passar atrás de mim.
- Um café preto e rosquinhas. - Lauren pediu, com certeza ela ouviu o que Tasha me disse. - Podemos conversar depois?
- Sim, o meu expediente acaba daqui meia hora. Se você puder esperar...
- Okay.
Sorri sem mostrar os dentes e sai, minhas pernas estavam bambas, eu não esperava encontrar Lauren aqui em L.A, muito menos em meu trabalho. Entreguei o pedido e Denny, meu chefe, me repreendeu por eu estar conversando com uma cliente.
O local ia se esvaziando aos poucos, Lauren ainda me esperava na mesa do canto enquanto mantinha os seus olhos fixos em seu celular. Natasha se debruçou no balcão ao meu lado e sorriu.
- Aquela é a famosa Lauren, né? - Perguntou a mais nova indicando com a cabeça aonde Lauren estava.
- Sim. - Soltei um suspiro e olhei para onde minha amiga olhava. - E eu não faço ideia do que ela faz aqui.
- Você é mais lenta do que eu imaginei. - Ela riu. - Tá na cara que ela veio atrás de uma reconciliação!
Dei um soquinho em seu braço e voltamos ao trabalho. Logo Denny me liberou, me despedi do pessoal e saí com Lauren da cafeteria, caminhamos em silêncio até o seu carro do outro lado da rua.
- Tem algum lugar que podemos conversar em particular? - Ela perguntou assim que entramos no carro.
- Tem uma pracinha próxima de casa.
Ela assentiu e ligou o veículo.
[...]
Vinte minutos depois chegamos em nosso destino, a pracinha estava um pouco deserta pelo horário. Caminhamos até um banquinho próximo a um balanço azul, Lauren se sentou no banco e eu no balanço. Eu balançava o meu corpo devagar, tendo os olhos verdes de Lauren atentos ao meu ritmo.
- Você parece uma criança alegre nesse balanço. - Disse Lauren arrancando uma risada minha.
- Todos temos um lado criança, Michelle! - Foi a vez da latina sorrir. - Mas então, o que te trás a Los Angeles?
Lauren respirou fundo, talvez em uma tentativa de achar as palavras certas. Seus dedos estavam entrelaçados em seu colo, seus olhos vagaram ao redor da pracinha e então ela finalmente disse:
- Eu vim atrás de você.
Senti o meu coração acelerar e minha boca secar.
- Bom, eu sei que perdemos o contato por algum tempo, mas eu não consegui parar de pensar em você um dia sequer. Fui até a sua casa e uma moça me passou o endereço de seu trabalho.
Meu peito se aqueceu ao ouvir aquilo, eu sabia bem do que ela estava falando, durante esses últimos meses aconteceu o mesmo comigo.
Era um bom sinal, certo?
Isso significava que Lauren ainda nutria algum sentimento por mim, nem que seja um pouquinho.
- Eu também não. Eu sei que fui egoísta em decidir vir embora. - Suspirei reunindo toda a coragem que ainda existia em mim para continuar a falar aquilo. - Mas aquele não era o meu lugar, Lauren. A minha mãe precisava de mim e eu não podia te prender a mim com todos os meus medos e problemas.
- Eu entendo. Confesso que nós primeiros dias fiquei com raiva de você e queria te matar por isso. - Lauren riu me fazendo rir também.
Era bom poder sentar e conversar com ela, poder ouvir sua voz e ver o seu rosto mudar de expressão inúmeras vezes. Continuamos a falar sobre os nossos medos na época e sobre tudo o que tem acontecido até hoje.
Lauren ficou feliz ao saber que minha mãe estava de volta em casa e que as vezes ela se lembrava das coisas.
Ela me contou sobre estar crescendo na empresa com a criação de seus jogos.
Quando entramos no assunto relacionamento, foi um pouco difícil para mim quando ela me contou que namorou com uma garota por algumas semanas apenas, as duas logo terminaram porque ela sempre chamava a garota ruiva de Ally. Claro que eu não deixei de rir nessa parte.
Ficamos horas relembrando nossos pequenos momentos juntas, até que pedi para Lauren me deixar em casa.
Ela estacionou em frente a minha casa, a luz da varanda estava acesa.
- Está entregue! - Ela sorriu se virando para mim.
- Obrigada! Até quando vai ficar na cidade?
- Três dias. Tenho algumas reuniões por aqui ainda.
Durante a nossa conversa Lauren me contou que a empresa na qual está trabalhando tem uma filial aqui em L.A e ela aproveitou a chance que o destino estava nos dando para me ver.
- Podemos almoçar juntas amanhã? Se puder é claro. - Tirei o meu cinto e peguei a bolsa que estava em minha perna.
- Claro, me manda uma mensagem com o endereço. Esse é o meu número, ele é o mesmo no caso de você ter deletado ele. - A latina me entregou um cartão.
- Eu não deletei, preciso entrar!
Fiquei olhando para a morena sem saber o que fazer. Minha vontade era de beijá-la desde que a vi na cafeteria, porém era cedo demais para isso. Então me inclinei e beijei o seu rosto, que acabou pegando no canto de seus lábios.
Fechei os olhos sentindo o seu cheiro que nunca foi esquecido por mim.
- Tchau, Michelle! - Abri a porta do carro e saí.
- Tchau, Ally!
Lauren esperou eu entrar, assim que bati a porta da frente escutei o seu carro saindo pela rua.
Talvez esse seja o nosso novo começo.
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The Prostitute
Fanfiction🔼Ally é uma jovem que sempre teve o sonho de ser modelo. Depois de entrar em uma das melhores agências de moda da Inglaterra, Ally tem que se submeter a muitas coisas para pagar os tratamentos de sua mãe, que sofre com os pesadelos do passado. 🔼La...