《2.5》

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*Pov Ally*

Hoje fazia três dias desde o episódio que Lauren me procurou, nesses três dias nos vimos todos os dias. As vezes era apenas para tomarmos café juntas ou jantarmos, o almoço era mais difícil por eu ter que almoçar na agência a maioria das vezes. A latina parecia mais calma e estava a todo o custo querendo a cabeça de quem estava invadindo nossa privacidade. Eu tenho alguém em mente mas preciso de provas antes de acusar alguém.

Daqui a duas semanas será a minha seção de fotos com a marca de roupas que tinha me convidado e eu estava super ansiosa; esse seria o meu primeiro grande trabalho fora da empresa.

Já era quatro horas da tarde, eu tinha saído para almoçar com Michelle e a mesma tinha me dito que o seu pai a afastou da empresa, e desde o episódio que sua mãe descobriu sobre nós, ela não tem mais visto eles.

Dava para ver que a latina estava abalada mas fingia estar bem e evitava tocar no assunto.

Bom, as coisas com a minha mãe estava tudo na mesma, não melhorava nem piorava. A alguns dias atrás a mais velha tinha se cortado no banheiro da clínica dando um murro no espelho e usou os cacos para cortar os pulsos, o que causou ferimentos leves. Quando o médico da clínica me ligou e contou, passei a noite toda chorando, eu não sabia mais o que fazer, os pesadelos com o dia do acidente voltaram me fazendo dormir por poucas horas. Alexa andava com um péssimo humor e me insultando sempre que podia. O que eu não entendia era que se ela me odeia tanto, porque continua me colocando sempre em destaque nos desfiles ao invés de me demitir de vez?

Estávamos em mais um ensaio de fotografias para o catálogo de lingerie da agência Alexa Model. Já tínhamos feito maquiagem e cabelo, um dos maquiadores passava uma base própria para cicatrizes em minhas costas como sempre. A minha cicatriz era algo que eu não gostava muito, por muito tempo foi a minha maior insegurança em usar biquínis em praias, eu sempre usava camisetas e apenas a parte de baixo do biquíni e não entrava na água de jeito nenhum.

Alguns dos modelos masculinos também fariam fotos juntamente das meninas. Normani tirava fotos com Austin fazendo poses e mais poses, Alexa como sempre estava presente comandando tudo e a sua cara não era uma das melhores.

- Normani venha para o lado! Não precisa grudar tanto, é apenas uma foto, seja natural. - Alexa pediu voltando para o lado da fotógrafa Marina Meireles, uma linda fotógrafa brasileira de pele clara, cabelos castanhos e os lábios bem desenhados.

- Seria legal colocar a Ally, Veronica e a Camila juntamente com o Zayn. - Marina opinou olhando diretamente para mim. - Mas antes quero algumas fotos de Ally, eu acho que ela na página sexy e ousada seria ótimo.

Todos os olhares se voltaram para mim. Eu arregalei os olhos olhando para Marina, eu sempre me sentia desconfortável quando tirava fotos ousadas. Deveria ser normal já que eu desfilo de lingerie para uma multidão de pessoas, só que acredite, é completamente diferente.

- Eu acho que essa página é mais a cara da Camila. - Alexa me olhou com indiferença e sorriu voltando seu olhar para Marina. - Allyson tem uma carinha de... menina abandonada ou... esquece! Está em suas mãos Marina querida, só que você precisará de muito Photoshop depois. - Disse fazendo alguns modelos rirem.

Mani e Austin me olharam com pena, eu estava me sentindo mal, minha vontade era de sair correndo dalí e vomitar tudo que eu havia comido.

Depois dos risinhos e olhares que aconteceram no estúdio, Marina conseguiu voltar ao trabalho com as fotos. Estava me sentindo mais confortável enquanto Marina tirava as fotos, ela me elogiava e pedia para que eu fizesse poses sexys, o que me fazia sorrir o tempo todo.

- Ally não se preocupe, você já é uma mulher extremamente sexy. Apenas sorria. - Marina disse colocando uma mexa do meu cabelo para trás da orelha.

- A sorte é que terminou com a namoradinha, se ela ver Marina soltando elogios iria ficar com ciúmes. - Camila soltou, me fazendo engolir em seco.

Ninguém sabia da minha sexualidade, não por vergonja já que isso não interessa a ninguém e Michelle foi a primeira e única mulher que eu fiquei. Camila apenas sabia disso por viver em guerra comigo pela latina, que estava super na cara que me prefere.

- Meninas, profissionalismo okay?! - Marina pede. - Ally, acabamos por aqui, agora vou começar com a Perrie enquanto Ally, Veronica, Camila e Zayn se preparam.

[...]

O resto da semana passou voando. Nessa semana saí com apenas dois clientes e não vi a Lauren depois do nosso almoço. Marina estava cada dia mais próxima, soltando elogios o tempo todo, o que me deixava corada sempre que ela estava por perto. Desde que Camila contou de minha sexualidade "sem querer", a fotógrafa tem almoçado no refeitório com as modelos nos dias que ela estava por lá. Mani até comentou que supostamente Marina deve estar afim de mim, mas era meio impossível, ela está apenas sendo gentil.

Nenhuma das modelos vieram me perguntar se eu realmente namoro uma mulher ou algo do tipo; graças a Deus porque eu não estou afim de dar satisfação da minha vida pessoal a ninguém.

Passava um pouco das seis da tarde, as meninas saíram para assistir um filme que estava em lançamento no cinema e eu preferi ficar em casa. Estava me sentindo um pouco cansada. Eu trocava algumas mensagens com Lauren e Anne ao mesmo tempo. Anns me contava as novidades do meu antigo bairro e Michelle me contava sobre o seu novo projeto. A latina estava querendo abrir uma nova empresa para começar do zero.

Lolo: "...Você será a minha garota propaganda!"

Acabei sorrindo sem saber o que dizer a ela.

Lolo: "Além de ser minha musa inspiradora. Tá aí, vou pintar quadros seus e vender."

Ally: "Quem vai querer comprar pinturas minhas, Michelle?"

Lolo: "Acredite minha cara, muitas pessoas."

Lolo: "Podemos nos encontrar hoje? Estou com saudades e tenho uma proposta para você."

Ally: "Sim. No lugar de sempre? Estou curiosa para saber."

Ouvi a campainha tocar e logo levantei para atender, jogando o celular no sofá após responder a latina. Assim que abri a porta dei de cara com um homem que deve ter seus cinquenta e poucos anos, de terno que parecia ter custado uma fortuna, barba e cabelos perfeitamente alinhados.

- No que posso ajudar, senhor? - Pergunto com a porta entreaberta.

- Eu vim pedir para que fique longe da minha filha, ou serei obrigado a expor a sua vida e tenho certeza que a mídia ficará feliz em saber que a nova queridinha das passarelas não passa de uma prostituta!

Tudo ficou claro em minha cabeça. Esse homem é o pai da Lauren. Suas ameaças me causaram um certo medo só de imaginar eu sendo exposta para o mundo.

- Eu não admito que uma mulherzinha como você venha e seduza a minha filha. Eu conheço mulheres da sua laia. Você não passa de uma interesseira! Acha mesmo que uma pessoa do porte de Lauren vá querer algo com uma mulher que se vende? - O mesmo ri de suas próprias palavras.

Eu não sabia o que dizer. Lágrimas banhavam o meu rosto, eu odiava chorar na frente das pessoas mas estava sendo impossível segurar as lágrimas.

Sem saber o que fazer, bato a porta na cara do senhor e tranco a mesma deixando o meu corpo escorregar até o chão gelado.

The ProstituteOnde histórias criam vida. Descubra agora