Conforme Kleist avança por dentro da barreira, a nevasca ficava cada vez mais fraca, até se tornar amena. Agora, ele podia enxergar a muitos metros de distância, revelando altos montes, sejam solitários ou em cadeia, nos quais se aproximava no momento. Notava também a presença dos ananicos e gigantes que estavam sendo escravizados.
Aqueles montes eram diferentes dos habituais para o Selo. Ora, eles emanavam um fraco cintilar, era possível sentir energia fluir e pareciam ser constituídos basicamente de gelo e de uma espécie de vidro, que logo Kleist relacionou com o minério falso-vidro. Os ananicos, controlando os gigantes de gelo, erguia grandes picaretas e brandiam contra estes montes. Dada a quantidade de vezes que isto acontecia e nenhuma lasca caia, deu para notar que não era muito rápido extraí-lo.
Haviam gigantes demônios vigiando os escravos, que portavam uma bardiche — exatamente como os demônios de dez metros que Edward e Mikaela descreveram que enfrentaram no confronto do pilar, constatou Guerra. Demônios são criaturas medrosas, pensava, se eu derrotar o líder deles, irão fugir de medo, possivelmente. Com este pensamento em mente, preferiu evitá-los para enfrentar o Dedo mais rapidamente e com o máximo de si, pois sabia que a batalha não seria fácil.
Dirigindo-se para perto de um gigante de gelo, fragmentos do falso-vidro recaíram perto, e ele fora obrigado a se esconder na lateral de uma perna, pois um demônio de sua altura coletou os fragmentos e jogou em um cesto acoplado nas costas. Esgueirando-se, seguiu o demônio por entre a mina — que era muito vasta —, mas demonstrou ser infrutífero, porque o levou até o lugar onde amontoavam o minério.
"Recue e siga a direita", ecoou uma voz em sua mente, e o Selo sabia que se tratava de um dos ananicos ali.
Sem hesitar, Kleist recuou e seguiu a direta, passando por uma espécie de vale. Sem alarde, ele fora obrigado a matar alguns dos demônios que carregavam o vidro-falso, e os ananicos o ajudavam a ocultar os corpos, sejam pisando em cima ou enterrando na neve. Um demônio gigante se postou em seu caminho, e o nephilim ser preparou para o ataque. Contudo, o ananico próximo esbarrou propositalmente no demônio, criando uma distração. Kleist passou por entre eles sem problema algum, e continuou seguindo por onde os ananicos indicavam.
Finalmente o Selo havia chegado no destino. A sua frente, uma alta montanha feita exclusivamente de gelo se erguia. Nela, havia uma alta e robusta porta, que parecia ser constituída de um metal cinzento e pelo falso-vidro, completamente lisa. Na frente, dois grandes demônios a protegendo. De dentro, emanava uma forte presença maligna, que com certeza se tratava de um Dedo.
A porta se abriu em um alto ranger para que outros dois altos demônios de lá saíssem. Aproveitando-se da oportunidade, Kleist avançou ligeiramente e conseguiu passar por entre os guardas sem ser notado, graças a sua velocidade e tamanho. Esperou nas sombras até o momento em que ela fechasse para poder da sequência.
O corredor era tão alto e largo que traziam lembranças ao Kleist do Reino do Céu — fazia-o parecer uma formiga. O chão, constituído de gelo, era pavimentado com blocos e, fora da onde deveria ser pisado, era de um segmento liso e polido. Belas estatuas esculpidas em vidro-falso se erguiam altas por todo o percurso totalizando onze, e ele reconheceu três: Lúcifer, Azrael e Ro'resh. O fim deste amplo corredor levava até um portal em arco, de onde emanavam sons de uma forte respiração e de mastigar intenso.
Por detrás daquele portal em arco, encontrava-se um Dedo sentado em um enorme trono. Za'elronan é o seu nome, um demônio titã de quinze metros. Seu enorme corpo detinha pele vermelha, com pontas dos ossos brotando para fora em certas regiões nas pernas, braços e torso. Seus ombros eram cobertos por ombreiras de pelo de animal, onde as peles dos mesmos recaiam pelo corpo em tiras. As laterais do rosto e o queixo era coberta por uma carapaça escura e seus olhos eram densos e negros. Do topo da cabeça, brotavam altos e espessos chifres.
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Os Cinco Selos 2
FantasyContinuação direta de Os Cinco Selos a partir do capítulo 195.