Capítulo 203 - Suspiro de uma Brasa

10 2 0
                                    

Er'nock errou seu alvo e atingiu o solo, que, após a energia multicolorida ser disparada, fora completamente engolido por ela sem deixar resquícios. Meu elemento surpresa fora desperdiçado, ele pensou. Subitamente, a presença do Selo se tornou ainda mais pesada, como se estive o devorado — o que levou o demônio a crer que estava prestes a receber um golpe. Antes que se voltasse para trás, viu de soslaio o avanço de seu último cão, saltando diretamente na direção da Pietra, dessa forma interrompendo o ataque fatal contra o Dedo e afastando-a dele.

— Uuk! — vociferou Er'nock.

O demônio se esticou em direção a seu cão, tentando alcança-lo, porém pequenas fagulhas verdes cintilaram ao seu redor, como vaga-lumes, causando uma poderosa explosão em seguida. Er'nock saiu da cortina de fumaça e detritos com seu escudo em riste, que fora usado para se proteger.

Pietra, por outro lado, estava de pé, segurando o cão Uuk no alto pela garganta. Ela fechou os dedos, e Uuk chiou em resposta ao aperto, com seus olhos negros se virando em direção ao seu dono em um pedido silencioso de ajuda.

— Não... nem pense nisso, nephilim — disse o Dedo, com seus olhos vidrados no Selo.

— Sinta na pele aquilo que seu Imperador trouxe a tantos seres vivos, demônio.

Peste aumentou a força do aperto, quebrando o pescoço de Uuk em um estalo, tão fácil quanto quebrar um galho.

De imediato, o semblante preocupado de Er'nock se transformou em ódio e sua energia vermelha se espalhou com violência; seus pelos negros se ouriçaram, seus músculos tencionaram e sua mão direita cintilou. Seu próximo movimento fora tão rápido que os olhos do Selo só conseguiram perceber o que havia acontecido quando era tarde demais.

Pietra, que segurava o cão demoníaco com a mão esquerda, arregalou os olhos verdes quando sentiu o toque da mão esquisita do demônio em seu corpo. Ora, Er'nock tocou o antebraço dela com sua mão direita, que pulsou um lindo brilho multicolorido e devorou todo o membro. Do que restou do braço, o sangue da nephilim esguichou. Peste exprimiu toda sua dor e fúria em um único e poderoso grito:

Despertar: Deusa da Peste!

As chamas verdes verteram por praticamente toda a câmara, lambendo o solo e as paredes com todo seu calor e fúria. Er'nock saiu de entre elas levemente chamuscado, carregando seu cão por debaixo do braço, deitando-o chão em seguida. Ele ficou olhando por sobre o ombro com indiferença toda aquela demonstração de poder emanando do Selo.

Com a dissipação das chamas em milhares de faíscas, a deus da Peste havia finalmente despertado. Seu corpo, agora tão magro que a pele marcava seus ossos, ainda continuava sendo protegido pela armadura forjada pela Vida, e trapos rasgados brotavam de cada abertura dela. Insetos voadores pairavam sobre seus lindos cabelos ruivos uma nuvem, zunindo e levemente cintilando. O cotoco que outrora fora seu braço havia parado de sangrar. Seus olhos, vazados pela abertura de uma tira de aço que circulava sua cabeça, brilhavam intensamente enquanto encarava o demônio, que já estava erguido devolvendo o mesmo olhar.

— Com esta mão — começou a dizer Er'nock, erguendo seu braço abominável —, irei revogar a existência de tudo o que você mais se importa, Peste.

Um sorriso sádico e doentio brotou nos lábios da deusa da Peste e uma gargalha estridente ecoou.

— Não... não irá. O que está em sua frente agora, demônio cujo é tão insignificante que não sei o nome, é uma divindade. Portanto, tenha mais respeito. — Peste bateu com o machado vermelho no solo, fazendo a câmara tremer. — Com este machado, assim como destrocei aquilo que você se importa, irie destroçar todo este império sombrio.

Os Cinco Selos 2Where stories live. Discover now