Bernardo

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APENAS ALGUNS CAPÍTULOS DISPONÍVEIS PARA DEGUSTAÇÃO.

 Dois dias depois da cachoeira, a garota não saía da minha mente. Eu cheguei a sonhar com ela. Entrei de novo no dia seguinte em Barselhes, mas não a vi. Então desisti e voltei para o castelo. Nessa tarde, Gordon entrou em meu escritório todo animado.

— Alteza, tenho novidades.

Não sei porque ele insistia em me tratar como Alteza, apesar de ser um empregado da família, éramos amigos de longas datas e já havíamos passado por muita coisa juntos. Ele sentou-se empolgado diante de mim com um mapa na mão e os olhos brilhando.

— Vê o que tenho na mão? O mapa das terras de Barselhes. E adivinha o que encontrei ali? Uma gruta.

Meus olhos também brilharam quando ouvi aquilo.

— Não pode ser sério. Dei a volta em Barselhes toda nesses últimos dias e não encontrei nem sinal dessa gruta.

— Mas ela está lá.

Ele virou o mapa para mim e comecei a prestar atenção. Localizei a pequena vila e fui em direção a macieira, e ali, onde o mapa dizia que havia a gruta, era a cachoeira. Eu reconheceria esse lugar em qualquer mapa.

— Não está certo, Gordon. Nesse lugar há uma cachoeira, não há sequer a sombra de uma gruta ali.

Aborrecido, ele passou a mão pelos cabelos e ficamos tentando entender.

— Não pode ser, tenho certeza que esse é o lugar, principalmente depois que descobri quem são os donos dessas terras.

— Do que está falando?

Seus olhos brilharam de novo enquanto me explicava:

— As terras de Barselhes pertenciam a Arthur Barsel.

Até eu ouvi meu arquejo em espanto. As terras pertenciam ao Rato, se o ouro não estivesse ali, onde mais estaria?

— Como ele desapareceu há anos e foi dado como morto... Bem, você e eu sabemos o fim que ele teve. — Assenti recordando o ocorrido. — Então, as terras foram deixadas para a filha dele.

— Filha? Mas ele não tinha duas? Com nomes parecidos?

— Não, essas não são filhas dele, são filhas da viúva. Ele mesmo só teve uma filha antes de se casar com ela, a filha se chama Elise Barsel. As terras pertencem a ela. E é aí que temos um problema.

— Que problema? Essa Elise deve ter a idade das filhas da viúva, então deve ser mais uma camponesa que sonha em ser princesa. Logo, ela estará no baile e eu poderia escolhê-la como minha esposa. Nos casamos no cartório bem antes do casamento real e as terras serão minhas. Eu mando as escavações começarem imediatamente, e assim que encontrarmos o ouro, eu fujo.

— Planeja fugir sem sua esposa? — perguntou ele com olhos arregalados.

— Oras, homem, é claro! Se ela for ao menos bonita, eu posso me divertir um pouco consumando o casamento. Você sabe, não deu para fazer isso com a Sueca porque ela é um dragão. Mas não pretendo levar esposa alguma em minha viagem eterna.

Ele abriu então um sorriso.

— É bom ver com que rapidez arquiteta um plano, Alteza. Mas como ia dizendo, há um problema. O testamento deixado pelo Rato diz que as terras só passarão para as mãos da filha quando ela completar vinte e um anos.

Meu sorriso sumiu imediatamente.

— E quantos anos a criatura tem?

— Vinte.

— Um ano? Eu não posso esperar um ano! Até lá é provável que essa criatura engravide! E como eu poderei viajar eternamente e abandonar um filho?

Fiquei dando voltas enquanto ele analisava o mapa. O que faria? O que faria? Tinha de haver um jeito, foi então que Gordon comentou desanimado:

— É uma pena que as terras estejam nas mãos da madrasta neste momento.

— O quê? — gritei em resposta.

— As terras de Barselhes, estão sob responsabilidade da viúva, Bárbara, até que a menina faça vinte e um anos.

Meu sorriso voltou com tudo. Se tem uma coisa que eu adoro nessa vida, é uma boa viúva.

— Oras, então temos uma chance. Será muito mais fácil conquistar uma viúva carente do que a camponesa. Aí está a solução, Gordon. Preciso seduzir a viúva do Rato e me casar com ela.

Desencantados - COMPLETO ATÉ 11/01/23Onde histórias criam vida. Descubra agora