Espereia noite toda que Bárbara viesse atrás de mim e me arrastasse pela trança até opoço, onde me jogaria por ter derramado a sopa no príncipe, mas isso nãoaconteceu. No lugar dela, quem apareceu foi o médico do castelo, era um senhorbondoso e boa pinta, e percebi que Marlee cresceu os olhos nele, mas quandotoquei no assunto com ela, ela desconversou e corou. Ele me deu um remédio queme fez dormir a noite toda.
Quando acordei, recebi um recado de Romeu me pedindo para encontrá-lo na macieira. Eu teria pouco tempo, tinha que voltar antes que Bárbara e as bruxinhas acordassem para servir o café. Ainda bem que elas acordavam tarde. Meu quarto ficava no terceiro corredor, a última porta. Me apressei em passar na ponta dos pés pelo quarto de Bárbara para não acordá-la, mas assim que me aproximei de seu quarto, a porta se abriu e eu fui descoberta.
Mas não era Bárbara quem saía do quarto, e sim o príncipe pervertido. Ele estava com a mesma calça branca da noite anterior, manchada de sopa, o cabelo desgrenhado e sem camisa. Meus olhos se detiveram um instante nos músculos expostos bem diante deles, mas logo meu cérebro voltou a funcionar e eu cochichei:
— O que está fazendo aqui?
Ele abriu um enorme sorriso.
— Você nunca tira essa trança?
Estava prestes a dar uma resposta quando olhei novamente para a porta do quarto de Bárbara, e então para ele ali sem camisa, àquela hora da manhã, com aquele cabelo desgrenhado. Aquilo só podia significar uma coisa. Cobri minha boca para conter o arquejo e o empurrei passando por ele e descendo a escada. Ele veio atrás de mim e assim que entrei na cozinha, me segurou pelo braço:
— Ei, o que houve? Por que está fugindo de mim?
— Você passou a noite com ela! — acusei.
Ele sorriu.
— Sim. Qual o problema?
— Qual o problema? Você veio aqui para cortejar Clarisse e passa a noite com a mãe dela?
Ele pareceu confuso.
— Eu nunca disse que estava aqui para cortejar ninguém.
Ele estava perfeitamente calmo, mas eu sentia uma raiva dentro de mim que eu nem sabia explicar de onde vinha, mas me fazia querer arrancar fio por fio a cabeleira dele.
— Você é um pervertido! Estúpido! Idiota!
Ele me segurou com uma mão e com a outra cobriu minha boca.
— Acalme-se, gracinha, não entendo porque está reagindo assim.
Então seus olhos travaram nos meus e um sorriso convencido nasceu em seu rosto.
— Você está com ciúmes. Não se preocupe, você ainda é a mulher mais linda que eu já vi seminua.
Minha reação foi uma mordida em sua mão que o fez me soltar rapidamente, então acertei novamente o meio de suas pernas e saí correndo ciente que agora sim, eu iria direto para a forca.
Era só o que me faltava! O príncipe do reino envolvido com Bárbara. Ela já se achava a dona do mundo, estando com o príncipe então! Cheguei à macieira e desci de Tempestade, Romeu já me aguardava embaixo dela, comendo uma maçã, sorriu quando me viu.
Romeu e eu éramos amigos de infância, eu cresci com ele e o considerava como a um irmão. Me joguei ao seu lado e tentei sorrir, mas devo ter feito uma careta, pois ele franziu a testa e perguntou:
— O que aconteceu, Lis?
— Nada — menti dando de ombros pois já previa os sermões que o super correto Romeu estava prestes a me dar se dissesse o que fiz.
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Desencantados - COMPLETO ATÉ 11/01/23
RomancePLÁGIO É CRIME! OBRA REGISTRADA NA BIBLIOTECA NACIONAL. É PROIBIDA A DISTRIBUIÇÃO OU CÓPIA DE QUALQUER PARTE DESSA OBRA SEM O CONSENTIMENTO DO AUTOR! Conheça um príncipe nada honesto e uma princesa nada delicada. A jovem Elise é feita escrava de sua...