BÔNUS

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Alícia

É incrível como algumas pessoas se plantam dentro da gente

Passei uma semana cheia, abracei trabalhos e mais trabalhos como se minha mente e corpo fossem um coração de mãe.

Eu simplesmente amo a carreira que escolhi seguir, mas por não conseguir dizer não e ser arrogante o suficiente para achar que dou conta de tudo, me vejo agora perdendo aos poucos o prazer de realizá-lo. Tudo demais se torna nocivo.

Há dias que não paro nem para ter um almoço decente, e tirei o fim de semana para desafogar algumas coisas e dormir.

Mas o que isso tem a ver com as tais "plantas"?

Porque a mente quando está vazia é vulnerável e não consegue permanecer assim por muito tempo. Ainda mais quando se esta morando debaixo do teto dessa planta.

Thomas Moore criou suas raízes dentro de mim à quase dez anos.

Sempre me conheci bem para saber que não era o tipo normal como as meninas ao meu redor, que sempre tinha um garoto novo pelo qual suspirar, mas desde que me vi pensando nele a cada segundo, eu quis ininterruptamente ser um delas.

Eu sabia o meu lugar, tinha plena noção de nossa diferença de idade e que ele nunca olharia para mim com qualquer interesse que fosse além de me ver como a amiga da sua sobrinha. Eu não queria passar por isso tendo a certeza dos seus "não sentimentos". Evitava a todo custo vê-lo diretamente, e ainda que Juliane fosse minha melhor amiga, eu evitava sua casa ou eventos que ele poderia me ver.

Eu não sou o tipo de garota que tentaria se aproximar, ou até mesmo tentar algo. Minha timidez nunca me permitiria isso.

Felizmente ou não, ele poderia não me ver,  mas eu não poderia fazer o mesmo em relação a ele ao menos de longe me permitia. Estava ali sempre na janela do meu quarto, calada, tentando sempre manter os pés no chão mesmo quando lá no fundo, bem escondido até de mim mesmo, eu sonhava em tê-lo, todos os santos dias.Tentei empurrar  a todo custo esse sentimento que de um adolescente amor platônico se transformou em uma dor aguda e crescente a cada dia desses anos que se passaram, mas foi um esforço nulo e sempre, sempre silencioso.

Era um querer, uma paixão, guardada apenas para mim, quietinho ali numa margem cada vez mais crescente, que foi tomando cada vez mais espaço e hoje sou eu que estou na borda.

Não ajuda em nada que eu seja o poço mais fundo de timidez.

Não é insegurança, é apenas pura e genuína timidez.
Sou totalmente ciente de mim, não me acho feia ou incompetente.Não me endeuso, mas sei que não estou numa categoria muito baixa no quesito aparência e me esforço para estar ao menos apresentável e Juliane para que eu esteja deslumbrante, como ela diz. Meu trabalho e esforço me deu a segurança em mim que eu precisava cada vez que eu via o retorno, não remuneradamente, -ainda que esse fosse um grande fator- mas o reconhecimento que adquiri nesses dois anos.

Convites e mais convites negados. Tive apenas três curtos relacionamentos, os quais ainda que bons, nunca seguiram em frente. Unicamente por minha causa.

Eu sou uma frustração ambulante comigo mesma, não por estar desesperada em firmar relacionamento, pois não tenho esse querer, mas por que nunca ao menos um dia, consegui me livrar de querer alguém inalcançável. Agora ainda mais e todo santo dia ou pelo menos semana me digo que irei mudar isso. Esquecerei essa merda toda, serei segura de mim– talvez sim, haja uma pequena insegurança–, deixarei a timidez de lado e serei essa mulher toda que Juliane me diz. E toda vez eu falho.

Mas poxa, eu não vim aqui pra nada.Passei dias de merda enfurnada em cada vez mais trabalho esquecendo que a meta ao vir para cá foram dias melhores e eu decididamente devo fazer isso.

Acabando todo esse meu momento de reflexão e empurrando mais uma vez a criatura para a borda mais do que grande dos meus pensamentos, eu foco mais uma vez em ter um momento para mim e descansar.

Meu domingo começa um pouco cedo, já que ao invés de deixar para fazer as coisas no sábado e descansar no domingo eu virei a madrugada de sexta para sábado adiantando o máximo de trabalho para ficar livre e dormir sem preocupações, e é assim que eu consigo já estar de pé as nove da manhã com café da manhã tomado, louça lavada, um belo banho e um cabelo hidratado.

Não faço questão de colocar uma roupa já que não vou arredar o pé de casa, o robe vai ser meu companheiro hoje.

Desço  para pegar alguma coisa na cozinha e levar para o meu quarto e não ter que descer no meio do filme com as dragas atacando.

Juliane resolve bater na porta nessa hora. A bonita não gosta de sair com chave quando estou em casa, no dia que ela ficar trancada ela aprende.

Vou em direção a porta falando exatamente isso quando a abro e já saio andando sem ao menos olhar.

— Sorte a sua que sou uma pessoa que gosta de admirar as paredes de casa e que Alexander mora no fim da rua, se não você estaria bem trancada para fora.

— Muita sorte minha mesmo. Só não sei quem é Alexander.– diz uma voz grave e indiscutívelmente masculina me fazendo virar num átimo.

Meu Deus, isso não está acontecendo.

Meu Deus, isso não está acontecendo

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Espero que gostem do mimo 🖤

Votemmmmm, suas lindas

Sr Warner [CONCLUÍDO]Onde histórias criam vida. Descubra agora