Capítulo 32

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Vou dizendo de ante mão que esse capítulo e o próximo me dá nervoso, quem gosta do Alexander vai pensar, quem não gosta é aqui que desiste, acho... porém, estamos chegando no fim, falta pouco.

Sem revisão

Alexander

Havia duas semanas que Juliane e eu estávamos experimentando um novo "ar" em nossa relação, ainda que para mim sempre houvesse a certeza que não era algo ocasional, eu via que Juliane acreditava muito na efemeridade das coisas. Os dias que se seguiram após o almoço amadurecemos e chegamos a perfeição de algo que antes já era maravilhoso, ver Juliane tranquila, segura e crente no que nós tínhamos me deixava em um estado de contentamento imensurável.

Para falar a verdade havia algumas coisas sim que poderia melhorar e muito para que eu alcançasse o nirvana. Uma delas eu teria que esperar mais um pouco. A outra eu estava bravamente tentando arrumar paciência, quase diária, para não estapear a bunda de um certo alguém, a fim de resolver.

Ligo como sempre próximo ao horário de  almoço para Juliane, que havia dito que provavelmente não precisaria ir no escritório hoje. Esse provavelmente era quase que frequentemente um "sim eu vou acabar indo, mas não vou ligar para que você me leve até lá". O que nos leva ao meu trabalho de paciência: Juliane era do tipo que não gostava de incomodar, não via necessidade de pedir ajuda, ou solicitar algo que ela tinha todo o direito de ter, – como eu por exemplo buscando-a com o maior prazer da porra do mundo – sendo que poderia se virar muito bem sozinha.

Eu estava pouco me lixando se a casa era próxima, se ela poderia chamar um carro pelo aplicativo, se ela tinha rodinhas no lugar dos pés. Eu queria apenas que ela me pedisse, me avisasse quando precisasse de alguma coisa, qualquer coisa.

Não queria tirar sua independência, era mais uma questão que eu sentia a necessidade de prover por ela, de querer ser o companheiro dela e estava me sentindo privado disso toda vez que ela não contava comigo para coisas simples ou mais complicadas.

Pareço se um moleque carente, mas era isso.

— Oi. – Sua voz baixa me saúda no terceiro toque. Pelo murmúrio que escuto ao fundo sei que está no escritório.

— Mais uma vez não é.

Ela não finge não saber o que estou falando.

— Para, Alexander. — seu tom exasperado é ainda mais acentuado pelo suspiro de desgosto, por estarmos mais uma vez nessa discussão.

Pois bem eu também não queria estar tendo ela novamente.

— Não há porque você ficar assim toda vez, poxa, eu não vou ficar te chamando sem motivos.

— Eu não me incomodo de ir até lá, Juliane, muito pelo contrário e sabe disso. Você acabou de chegar aqui, não conhece muita coisa, não tem nem um motorista de confiança, o povo na rua ainda é estranho para você. O que custa você pedir para o seu namorado, que vai ficar mais do que satisfeito em te fazer companhia?

— Olha você é muito exagerado, não vou mudar de opinião quanto a isso. E eu não " acabei de chegar ", está cedo, as pessoas na rua não são tão estranhas assim e você nem sabe se eu adquiri ou não afinidade com algum motorista.

A merda de resposta errada.

— Estamos falando aqui de segurança e confiança, não tem essa de afinidade não. Para que você precisaria disso com o motorista?

— É sempre bom ter não é mesmo? Nunca se sabe o dia de amanhã, há várias formas para ser útil. Simpatia e afinidade abrem barreiras.

Eu sabia que ela estava querendo me tirar do sério, e eu estava caindo.

—Você não me provoca, Juliane. Não tem essa de necessidade nenhuma, amanhã nenhum, motorista nenhum. Tem seu homem aqui pra isso, não precisa de outro não, nem amanhã nem caralho de dia nenhum.

Eu estou aqui parecendo a porra de um homem abusivo. Olha só essa mulher falando de abrir barreiras. Onde eu ia parar antes dos quarenta?Eu que era um homem tão calmo, tão tranquilo. Era terapia ou cadeia.

— Eu acho bom você mudar esse seu tom de voz, acho melhor ainda que você não esteja insinuando nada. Quem decide isso sou eu, espero que ainda saiba disso. Eu não disse que era homem, e se for o que acha que eu estaria fazendo com ele, Alexander? — sua voz estava fria, controlada. Parecia ainda pior, e eu sabia que estava na merda.

— Perdão, eu não quis insinuar nada sobre você. Só não confio em homem nenhum próximo. — dou um suspiro amedrontado com isso, os cenário, os noticiários, Meu Deus. — Ainda que eu esteja infinitamente mais contente que seja uma mulher, eu ainda preferia que fosse eu.

—  Essa falta de confiança é um problema seu, resolva, por favor. Vive vinte quatros anos da minha vida sem essa sua interferência, e estou viva. Outra, eu acho que vocês subestimam muito as mulheres. Você sabe que uma mulher pode fazer 99,9% das coisas que vocês fazem, né? E absolutamente tudo, eu digo tudo mesmo pode muitas vezes ser ainda melhor, se é que você entende.

É isso. A porra da dor estava voltando, eu decididamente estava sofrendo uma ataque, da Juliane e do coração, fazer o que,  meu pai amado, se estavam interligados? Não sei se o desfibrilador pode dar conta de me ressuscitar, mas eu indiscutivelmente precisava, porque aqueles tapas que eu falei vem, ô sem vem.

Me acalmei o suficiente depois daquela conversa estarrecedora para andar até a editora, só não sei se meu estado vai aguentar permanecer assim quando eu ver Juliane na minha frente.

Entro dando  graças a Deus por Melissa não estar na recepção. Estou impaciente pra dar um jeito em Juliane e em mim por tabela, não tenho pique para arrumar paciência para ninguém mais, se o filho da puta daquele moleque aparecer na minha frente o pau come hoje, e não vai ser do jeito que eu estou querendo.

— Alexander, Juliane está um pouco ocupada com o restante da equipe, você terá que esperar. — escuto Thomas falar secamente atrás de mim e quando viro já o vejo saindo para o outro lado.

O temperamento do homem depende da mulher que ele tem do lado, ou da que não tem nesse caso. Sei porque vivo no oito ou oitenta, dependendo da boa graça que a sobrinha do coitado me coloca.

Não quero ficar aqui parado, mas arredar o pé sem a atrevida da minha namorada também não vou. Olho para a direção de seu pequeno escritório, o pensamento de lhe dar uma pequena correção e realizar a promessa de duas semanas atrás me vêm como um farol.

Me dirijo ao rapaz tímido que está atrás do balcão com o maior sorriso para outro homem que já consegui enfiar na minha cara.

— Com licença, Juliane me pediu para esperá–la em sua sala enquanto está em reunião.— O rapaz não me olha surpreso, estou aqui nesse lugar quase tanto quanto vou para meu próprio prédio.

— Claro, pode ir, quer dizer, está liberado... É irei liberá- lo — suas palavras saem saltando umas sobre as outras. Penso que recepcionar sendo aparentemente tão tímido ,deve ser o castigo da vida do coitado.

O rapaz é um pouco nervoso.

Me dirijo com uma calma que não tenho e escondo o sorriso de satisfação que estou sentindo no momento, canalizo tudo em imagens e ideias do que pretendo fazer assim que botar meus olhos sobre aquela mulher.

Me sinto como quando era moleque, mesmo que o teor de meus pensamentos sobre aprontar daquele tempo para esse seja muito diferente, e a recompensa que viria depois infinitamente melhor.

Entro finalmente em sua sala observo cada canto cuidadosamente, fecho as persianas com o coração a galope no peito ansioso. Eu tenho tanto a fazer.

Sr Warner [CONCLUÍDO]Onde histórias criam vida. Descubra agora